Meus pés estavam doendo por correr na neve, eu estava completamente perdida em meu vilarejo, o caos e os gritos das pessoas me deixavam completamente assustada, todos corriam para todos os lados e gritavam pedindo por ajuda, em um momento de desespero eu acabei tropeçando e caindo em meio a neve e quando fui me levantar acabei olhando diretamente para o responsável pelo caos na vila, seus olhos eram brilhantes e hipnotizantes e seu olhar cruzou com o seu, ele não me atacou porém ficou me observando fixamente. Todos chamavam ele de Diabo, outros chamavam de matador de homens e quando gostavam de zombar deles era simplesmente de sangue suga, mas seu nome verdadeiro era...
— MATEM ESSE VAMPIRO DESGRAÇADO!
Naquele momento eu vi rapidamente muitas pessoas armadas se juntarem no centro da vila e começarem a disparar contra ele, só que ele havia sumido rapidamente... Uma criança de oito anos acabou pensando diariamente que aquela coisa iria voltar para terminar o serviço, mas ela nunca mais retornou...
DEZ ANOS DEPOIS:
Aquilo não passava de uma mera lembrança para mim, muitas vezes eu me pegava pensando como seria se ele retornasse e o caos que seria novamente, penso isso ainda mais por causa das crianças que tem muito medo e algumas se recusam a sair de casa, muitos adultos não ajudam também no fato delas terem medo e ainda assustam elas contando histórias de terror sobre eles e outros por outro lado tentam fazer de tudo para tranquilizá-las contando histórias de nós... Os caçadores de vampiros! É eu acabei entrando pra esse ramo, mas não entrei porque eu quis e sim porque meu pai me obrigou, ele desejava que alguém seguisse seus passos, mas não pense que ele foi um daqueles pais bonzinhos e ser bom não estava em sua lista de vida, sempre foi tão rígido comigo ainda mais quando me treinava já que ele queria que eu fosse sua cópia...
Eu estava andando tranquilamente pela vila, estava indo em direção a taverna dos caçadores e pelo caminho ficava admirando crianças que estavam brincando, as pessoas que pareciam estar felizes e seguindo sua rotina de sempre, as vezes fico feliz em ver algumas pessoas tentando seguir suas vidas da melhor forma possível. Eu estava tão distraída olhando para os lados que não percebi que já havia chegado em frente à taverna, mesmo estando do lado de fora já consegui escutar muitas pessoas falando ao mesmo tempo e o cheiro forte do álcool.
Ao adentrar na taverna logo já sou recebida por um caçador meio bêbado.
— Olha quem chegou... Aila. — Ele vem até mim me abraçando enquanto segurando o copo de cerveja na mão. — Nossa garota prodígio...
— Tá bom... Acho que agora pode me soltar... — Falo o empurrando para sair de seus braços. — Você tá fedendo a cerveja, agora alguém pode me dizer onde está o meu pai?
— Ele está nos fundos treinando os novatos... — Ele mal conseguia falar pela embriaguez.
Eu ia falar mais só que percebi que tentar falar com alguém bêbado é perda de tempo, apenas aceno com a cabeça e passo reto por ele, vou andando em meio às pessoas que conversavam e bebiam sem parar, continuei meu trajeto para trás do balcão e acessei uma porta ali e apenas caçadores tinham permissão para entrar ali. Quem passasse por ali iria se surpreender pelo grande salão misturado com um arsenal, havia alguns caçadores testando suas armas, além de ter as armas ali, também havia muitos objetos de tortura caso pegassem algum vampiro vivo, além disso tudo havia alguns quadros de caçadores que fizeram história ao decorrer de suas vidas e para falar a verdade... Eu não me importo nem um pouco com essas histórias, eu segui meu caminho até chegar ao canto da grande sala que resolveram usar de campo de treinamento para os novatos e logo localizei meu pai, é fácil identificar seus gritos de repressão com alguém e infelizmente essa era sua forma de disciplinar alguém, se não era gritando era castigando eles e confie em mim, já passei muito por esses castigos que ele aplicava. Andei até ele e acabei pigarreando para chamar sua atenção e funcionou, fazendo isso consegui salvar a pele do pobre rapaz que ele estava gritando, dei as costas e fui para o canto enquanto ele me acompanhou e ordenava para todos continuarem o que estavam fazendo, me encosto na mureta que havia ali e ele permanece ao meu lado.
— Finalmente resolveu aparecer. — Ele começa.
— O que foi? Sentiu minha falta por acaso? — Retruco.
— Olha a maneira que você fala comigo! — Ele começa a engrossar a voz olhando para mim.
— E você também! — Devolvo.
O mesmo fica quieto por um tempo e fica apenas murmurando algumas palavras que não dava para entender bem.
— Vai ficar aí falando com algum espírito ou vai me dizer logo o porquê me chamou aqui? — Pergunto o deixando um pouco mais irritado.
— Às vezes penso que você não seja minha filha por ser tão assim...
— Assim o que? — Pergunto o confrontando. — Completa logo.
— Irritante... — Ele sussurra para mim.
— Você sabe que eu não me importo nem um pouco com o que fala né? Pode falar a vontade que suas palavras não me atingem mais velhote. — O provoco mais.
Eu o vejo respirar fundo algumas vezes e seu rosto ficar vermelho em raiva, minha relação com ele sempre foi assim, quando eu era mais nova eu sempre me importava com tudo que ele me dizia, agora hoje eu já não me importo mais...
— Melhor eu falar logo de uma vez e eu vou ser bem sincero com você garota, sua mudança de posição está quase chegando e você não atingiu o número certo de caçadas para isso, já não aguento mais ficar te obrigando a caçar para aumentar seus pontos. — Ele dizia.
— É só não me obrigar mais! — Falo de uma vez.
— Olha aqui garota. — Ele segura meu pulso. — Eu não me orgulho nem um pouco de ter você como minha filha, mas você é minha única opção, agora eu te dou duas opções para escolher, ou você me obedece ou você vai se casar com um pretendente! — Ele solta.
Eu odiava quando ele me manipulava com essa história de casamento, me sentia sem saída em relação a isso e minha única opção era abaixar a cabeça e aceitar.
— Como quiser seu velho! — Respondo puxando meu braço de volta.
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Pacto de Sangue
VampireAila, uma jovem caçadora que tentava levar uma vida tranquila, havia perdido a mãe muito nova e não mantinha uma boa relação com seu pai que também era um grande caçador que a fazia seguir seus passos para honra-lo, mas tudo acabou mudando para ela...