Capítulo 27

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Sierra deu alguns passos para trás e se encostou na parede, pela sua expressão, parecia que ela havia dito a coisa mais errada nessa casa...

— Eloise? — Questiono em sussurro. — Quem seria?

Ela ficou muda por um momento, sua expressão de agora era de tristeza.

— Vem comigo... — Ela dizia vagamente.

Ela andou até a porta e a abriu logo em seguida saindo do quarto e eu fui logo atrás dela, em nenhum momento andei ao seu lado pois não tinha coragem de olhar em seu rosto, em todo momento fiquei apenas mantendo distância dela. Andamos por um tempo pelos corredores escuros do castelo e não sabia para onde ela estava me levando, mas isso não durou muito até que comecei a reconhecer o caminho que estava sendo feito.

— Esta me levando para a estufa de novo?

Ela permaneceu em silêncio e não respondeu minha pergunta, continuamos andando até que vi a porta do ateliê onde eu havia entrado mais cedo, Sierra parou de frente para a porta e a empurrou, ela olhou para mim em um breve momento e logo entrou. Eu hesitei por um momento, mas continuei atrás dela.

— O que viemos fazer aqui?

Mais uma vez, ela não me respondeu, olhei novamente para todos os quadros de antes e olhando eles agora por mais tempo, me dava um certo medo de estar ali. Parei de andar logo que vi Sierra parada de frente para o mesmo quadro que estava coberto por um lençol branco de mais cedo, ela o lençol e olha para mim.

— Conheça Eloise! — Ela diz puxando o lençol e revelando o conteúdo.

Fiquei completamente em choque ao vê-lo, não estava querendo acreditar o que eu via em minha frente, era uma figura feminina posando para a foto, mas tinha um detalhe, aquela mulher no quadro era...

— Ela é igual a mim... — Falo em sussurro.

Me aproximo mais e mais do quadro para verificar se aquilo não era um sonho, ela possuía tudo meu, minha feição, meu cabelo e olhos.

— É ao contrário... Você que é igual a ela. — Sierra dizia se aproximando só um pouco.

Me viro para ela.

— Me diz que isso não é nenhuma brincadeira de mal gosto sua!

— E por acaso eu brincaria com isso?

A olhei fixamente em busca de alguma explicação.

— Eloise foi... Uma mulher incrível, ela era bonita, inteligente, talentosa, criativa, corajosa e o que eu mais gostava, petulante... — Ela fez uma pequena pausa. — Em toda minha existência, ela foi a mulher que eu mais amei, ela era tudo pra mim...

— O que aconteceu depois?

— Vocês caçadores a tiraram de mim! — Ela se vira rapidamente de frente para mim com fúria em seus olhos. — Poderiam me tirar qualquer coisa, mas simplesmente me tiraram o amor da minha vida bem na minha frente!

— Calma por favor...

— Vocês matam ela e você está me pedindo para ter calma?

— Eu não matei ela, foram outros caçadores. — Tento me defender.

— É, mas você também é uma caçadora, não é mesmo?

— Eu sou uma por obrigação, acabei me tornando isso que sou porque eu fui obrigada a me tornar, nunca chegaram até mim e me perguntaram se era isso que eu queria, desculpa te decepcionar minha querida, eu não fui responsável pela morte dela!

Eu a vi bufar em raiva.

— Você não é a única que perdeu alguém que te amou de verdade...

— Você não entende esse tipo de sentimento!

— Não entendo? Eu perdi a única pessoa que me amou em toda minha vida!

Sua expressão rapidamente mudou para surpresa, ela deu alguns passos para trás e em todo momento ela não tirava os olhos de mim.

— Já se passaram mais de dez anos e até hoje eu sinto falta dela... Minha mãe foi a única pessoa que me amou desde o dia em que nasci, meu pai era o caçador mais famoso da vila e viu seu legado ser destruído assim que viu sua esposa dando a luz à uma menina ao invés de um menino, a partir daí ele começou a maltrata-la, cuspia em seu rosto dizendo que era culpa dela que eu havia nascido mulher e não homem... — Respirei fundo antes de continuar e segurei algumas lágrimas. — Diversas vezes ele tentava me matar enquanto eu era bebê, mas minha mãe conseguia me proteger, ele percebeu que não conseguiria se livrar de mim então obrigou minha mãe a gerar outros filhos, mas os três partos que ela teve, as crianças... Elas... Minha mãe deu a luz a crianças natimortas e isso a deixou extremamente doente... Minha última lembrança dela é ela deitada em uma cama dando seus últimos suspiros de vida enquanto meu pai se divertia com outra mulher no cômodo ao lado...

Sierra mantinha uma expressão de horror em seu rosto e arrependimento de tudo que havia disto a mim.

— Agora não me diga que eu não sei como é isso sendo que eu vivi essa experiência... Sonho com ela toda noite enquanto durmo...

— Olha, Eloi... — Ela pingarreia se auto corrigindo. — Aila! Quando eu te vi pela primeira vez, eu pensei que era ela, pensei que ela havia voltado para mim e que havia me dado uma segunda chance... Na minha cabeça eu pensava que se eu refizesse as memórias que vivi com ela, você iria se lembrar de tudo e as coisas voltariam a ser como era e devia ser.

— Me desculpe se eu te decepcionei e pelo o que vou dizer agora... Você tem que perceber que eu não sou ela, eu não tenho as memórias dela e não consigo te fazer feliz igual ela fez...

Ela acaba se sentando em uma caixote que havia ali e começa a desabar em lágrimas.

— Desculpa por ter te obrigado a ser quem não devia...

Em um ato preocupação fui até ela e fiz que apoiasse sua cabeça em minha barriga e no mesmo instante ela ma abraçou fortemente a ponto de machucar um pouco.

— Sierra... Você é mais forte do que eu, vai com calma. — Digo quase sem conseguir respirar.

Ela no mesmo instante para de me apertar controlando sua força e então comecei a acariciar sua cabeça.

— Tenha calma e paciência, com isso tudo ficará bem!

Pacto de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora