Capítulo 15

368 70 7
                                    

O salão acabou sendo tomado pelo silêncio e eu não conseguia tirar os olhos dela e notar o quanto ela estava pensativa o que me despertou uma certa curiosidade.

— O que tanto pensa minha querida? — Pergunto.

Ela parou de comer um pouco e parecia um pouco mais distraída e então percebi que suas respostas seriam duvidosas.

— Nada... — Ela responde.

— Tem certeza? — Devolvo com outra pergunta. — Não gostaria de compartilhar comigo?

— Já disse que não é nada! — Ela altera um pouco o tom de voz.

Como eu senti falta dessa petulância dela, talvez se eu a provocasse mais vezes eu obteria sucesso em meu objetivo.

— Por que está tão brava? — Pergunto em provocação.

— NÃO É DA SUA CONTA! — Ela bate na mesa enquanto grita.

Fiquei quieta apenas a observando satisfeita pelo meu resultado, mas ela parecia mudar rapidamente sua expressão e abaixou sua cabeça. Quando eu estava prestes a provoca-la novamente eu acabei sendo interrompida por uma de minhas serviçais.

— O que foi? — Pergunto em grosseria.

— Desculpa incomodar minha senhora, mas é que surgiu um pequeno problema... — Ela dizia com um certo medo.

— E vocês não conseguem resolverem sozinhas? — Pergunto meio brava.

— Me desculpe senhora, mas é que isso requer sua atenção... — Ela parecia escolher suas palavras para não me enfurecer mais ainda.
Acabo bufando um pouco.

— Saia daqui, eu já estou indo! — Ordeno.
Não precisou eu terminar de falar que ela já havia sumido, então olhei para Aila.

— E você, termine de comer e suba para o seu quarto depois, mais tarde irei passar lá! — Ordeno enquanto me levanto.

— Mãe eu só tenho uma. — Ela fala.
— O que quer dizer com isso? — Pergunto confusa.

Ela se manteve em silêncio e não disse mais nada, por mais que eu estivesse curiosa, eu tive que ignorar aquilo e sair para a tal urgência que me chamaram.

POV Aila –

Me perguntava o porquê a presença de sua serviçal a irritaria tanto, mesmo ela sendo a mestre dessa casa, ela deveria tratar as outras com mais respeito... Mas quem sou eu para falar né?

Terminei de comer rapidamente e não demorou muito para que eu retornasse ao meu quarto, eu olhava toda hora pela janela na esperança de ver alguma coisa, mas não via nada de interessante no lado de fora. Logo senti a temperatura esfriar e tive a conclusão que o inverno já estava aí, para poder fugir um pouco desse frio eu acabei indo para de baixo das cobertas, não sabia se isso foi uma boa ideia ou não, pois senti meu corpo amolecer e a sonolência tomar conta de mim, acabei adormecendo após ver o primeiro floco de neve cair.

— Olha ali meu amor. — Ela sinalizava para mim. — Um casal de patinhos.

Olhei para o lago e vi o pequeno casal, eles pareciam estar tão felizes brincando juntos. Tentei ficar em pé ir em direção ao lago, só que fui segurada por um par de braços.

— Opa, calma minha querida, você ainda é muito nova para sair andando por aí, além disso o lago é perigoso para você. — Ela dizia suavemente e sorrindo.

Ela me manteve em seu colo e começou a cantarolar para mim, eu prestava atenção em cada letra que saia de seus lábios, porém nosso momento acabou sendo interrompido por um barulho alto de disparo e minha visão acabou sendo tomada por uma figura escura e o lago... Se enchendo de sangue, o jovem Pato acabou de ficar sozinho para sempre...

Acordei sentindo um enorme peso em minha mente, eu penso que uma hora esses sonhos irão acabar comigo de alguma forma... Tentei me mexer na cama, porém eu me senti presa e quando tentei olhar para trás uma mão segurou minha cabeça e me fez olhar para frente novamente.

— Fique parada... — Ela diz.

Só de ouvir sua voz já sabia de quem se tratava, ela estava me abraçando fortemente impedindo que eu me movesse. Eu estava completamente surpresa pela atitude dela e o que mais me chocou foi que ela estava visivelmente abalada.

— Aconteceu algo com você? — Pergunto com um pouco de receio.

— O que eu falei para você? — Ela devolve com uma pergunta.

— Você me pediu para ficar parada e não em silêncio! — Respondo.

Não obtive resposta nenhuma dela depois disso, tentei me virar a força só que ela era muito mais forte do que eu então minhas tentativas acabaram sendo em vão.

— Pode tentar o quanto quiser, você não vai conseguir sair daqui. — Ela dizia.

— Eu estou apenas tentando entender! — Falo.
— Entender o que? — Ela pergunta.

— Você e seu jeito bipolar! — Solto de uma vez.

Após isso eu senti uma pressão maior, fui virada rapidamente e quando me deu conta estava sendo pressionada contra a cama e ela me olhava seriamente em meus olhos, depois disso passei a pensar melhor que eu deveria escolher com mais cuidado as palavras que eu vou usar.

— Me chamou de que? — Ela pergunta.

— Bipolar! — Respondo.

Ela me olhou com um pouco de raiva, porém logo soltou um suspiro e me soltou assim que se jogou para trás e ficou sentada na cama de frente para mim, após sentir que fui solta eu me sentei me encostando na cabeceira da cama.

— Eu só quero que você entenda uma coisa... — Ela sussurra para mim.

Ela volta a se aproximar de mim novamente, mas dessa vez ela se deitou em meu colo e abraçou minha cintura.

— Você é minha e sempre será minha... Não irei permitir que te arranquem de mim... — Seu tom de voz tinha seriedade porém misturado com um pouco de medo.

Ela permaneceu daquela forma em meu colo e nesse momento ela parecia estar bem vulnerável por algo... Mas eu senti que tinha uma chance, o pedestal estava bem perto de mim, eu poderia facilmente pega-lo e usar a ponta afiada como estaca... Porém eu senti algo que me dizia para não fazer isso, minha mente estava em guerra com mil pensamentos se passando ao mesmo tempo... Reuni coragem e ergui a mão e coloquei em sua cabeça, logo comecei a fazer um pouco de carinho em seu cabelo...

Pacto de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora