Capítulo 04

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Em casa eu estava recebendo a maior bronca já que ele acabou descobrindo a minha mentira.

— EU JÁ NÃO AGUENTO MAIS ESSAS SUAS MENTIRAS, GRAÇAS A VOCÊ O NOSSO NOME FOI PARAR NA LAMA! — Ele gritava.

— Você sabe que eu odeio participar das caçadas e mesmo assim me força a participar! — Falo.

— EU ESTOU FAZENDO DE TUDO PARA QUE VOCÊ SIGA O CAMINHO CORRETO! — Ele continua.

— ME FORÇANDO A SEGUIR ALGO QUE EU NÃO QUERO PARA A MINHA VIDA? — Grito de volta. — Desculpa, mas eu não sou espelho para refletir você!

Ele chega perto de mim bufando em raiva e logo se afasta descontando a raiva nos móveis, ele para pôr um momento ficando completamente imóvel.

— Sua mãe... — Ele fala chamando a minha atenção. — Sua mãe só tinha uma tarefa... Me dar um filho homem, mas até nisso ela falhou e você é falha igual a ela...

— NÃO ABRA A BOCA PARA FALAR DELA, VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO! — Grito com ele.

Eu sempre ignorei tudo o que ele dizia de mim, mas quando ele abria a boca para falar dela eu acabava me descontrolando.

— Você quer falar dela? Mas primeiro tem que saber que você é dez vezes pior, enquanto ela morria naquela cama onde VOCÊ estava? — Levanto a voz.

— É melhor ficar quieta agora... — Diz ele.

— Que foi? Você não queria lembrar das falhas? Eu estou lembrando as suas falhas. — Falo o desafiando. — Você a deixou sozinha para morrer, enquanto ela morria aos poucos, lá estava você no bar e no bordel com outras mulheres!

Ele se vira novamente para mim e se aproxima aos poucos até focar bem perto.

— Como filha você me dá vergonha! — Ele sussurra.

— Tem vergonha de ser meu pai? Então arruma outra mulher que te dê um filho homem que atenda seus quesitos! — Sussurro para ele.

Ele respira fundo e acaba me dando um tapa em meu rosto, logo começo a sentir minha bochecha queimar com o tapa e olho para ele com muita raiva.

— Você não me deixou outra escolha... — Diz ele indo em direção a porta. — Hoje mesmo eu irei organizar a união de nossa família com a família LeBlanc!

— Que? — Pergunto surpresa.

— Você vai se casar com Luca LeBlanc e já está decidido. — Ele bate o pé.

Ele olha para mim com desaprovação e saí de casa.

— Isso é o que vamos ver... — Falo baixo em tom de desafio.

Eu havia prometido a mim mesma que nunca deixaria isso acontecer, eu não iria permitir que meu nome passasse de Aila Dirksen para Aila LeBlanc! Decido sair um pouco de casa para poder esfriar a cabeça, pego minha bolsa de ombro e saio pela porta dos fundos onde ninguém via, assim que saí de casa eu fui diretamente para dentro da floresta atrás da vila, andei por alguns minutos e cheguei a um grande lago que havia uma árvore enorme na ponta, aquele lugar era o favorito de minha mãe e eu gostava de ir ali toda hora que era onde eu sentia que ela ainda estava ali comigo.

— Achei você! — Uma voz se fez atrás de mim.

Me viro rapidamente para ver quem era e não deixei de demonstrar minha expressão de decepção ao vê-lo ali comigo.

— Quando eu penso se não pode piorar, piora com sua presença. — Falo.

— Se você está brava, não desconte em mim já que agirá né... Somos noivos! — Ele fala se sentando ao meu lado, porém um pouco afastado.

— Ele já conversou com você? Que rápido... — Falo.

— Não só a mim, seu pai simplesmente decidiu falar para a minha família toda e também para a comunidade dos caçadores! — Ele explica.

— Acho que agora ele deve estar se sentindo muito feliz pela união das famílias. — Falo um pouco baixo.

— Você também deveria ficar feliz, aliás é comigo que você vai se casar! — Ele não deixou de demonstrar um sorriso satisfeito.

Eu apenas olhei para ele em raiva.

— Eu prefiro morrer a passar um dia sequer casada com você! — Solto de uma vez.

— Você vai ter que aceitar, acredite ou não, mas eu sou a única pessoa que aceitou casar-se com você porque nenhum outro homem desse vilarejo quer uma mulher feito você! — Ele se levanta meio bravo. — Se não fosse por mim, você iria morrer sozinha nessa vida, então seja grata por isso!

Me levanto lentamente ficando de frente pra ele.

— Eu estou preferindo nesse exato momento que eu quero morrer sozinha nessa vida! — Sussurro para ele.

— Você ainda vai se arrepender amargamente disso sabia? — Ele diz ficando mais sério.

— Quero pagar pra ver! — O confronto cara a cara.

Ele apenas ficou quieto e me encarou com uma certa raiva e deu alguns passos para trás.

— Aceitou a derrota no argumento? — Provoco. — Agora me faça o favor de sumir daqui.

— Saiba que muita coisa vai mudar, aproveite seus últimos dias de solteira! — Ele fala antes de dar as costas e ir embora.

Ele acha mesmo que eu ceder assim tão fácil a um casamento arranjado? Ele está enganado, quem vai passar o tempo sozinho vai ser ele, nunca irei permitir que me casem com alguém que eu não gosto e aliás, ficar sozinha é muito melhor do que uma má companhia que só quer te controlar e te exibir como um troféu.

Volto a me sentar embaixo da árvore para esquecer tudo a minha volta, não queria mais pensar que aquilo tudo estava acontecendo comigo, meu pai sendo um babaca controlador e o Luca revelando quem ele realmente é, a vista das outras camponesas ele seria o marido perfeito, mas o que elas não estão vendo é o quanto ele também pode ser um controlador maluco...

Lembro-me que minha mãe sempre me contava que ela havia vindo além das montanhas, ela nunca pertenceu a este vilarejo, ela era uma forasteira junto com a família dela, ela vivia me dizendo o quanto sonhava em retornar para a sua terra natal e me ver correndo pelos campos abertos e ver os grandes riachos que cortavam esses campos, infelizmente ela não pôde realizar este sonho, porém ele acabou passando para mim e agora eu quero realizá-lo! 

Pacto de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora