- ME SOLTA!
Eu grito enquanto as pessoas encapuzadas me seguravam e me puxavam para o meio do círculo. Pedro foi deitado no chão por dois homens que seguravam martelos. Pedro estava imobilizado. Eu não tenho força pra vencer um adulto em uma luta.Assim que sou colocado no meio do círculo, uma mulher se aproxima e amarra minhas mãos e coloca um terço em mim. Todos rezavam em coral o que deixava tudo mais perturbador ainda. Duas pessoas trazem uma grande cruz de madeira que tinha o meu tamanho. Assim que deixam ela atrás de mim, eles me prendem a ela. Uma mulher joga água benta em mim. Minha cabeça começa a doer.
Joe
Joe
JoeA voz continuava a me chamar no meio da multidão. Sinto algo escorrer em meu rosto. Percebo que é sangue. Minha cabeça começava a doer e doer. Sinto minha pele arder. Parecia que eu queimava aos poucos. Comecei a gritar enquanto minha pele ardia muito mais. Vejo então algo grande entrando pelas janelas. Uma figura que já conhecia. Uma mulher magra de olhos vazios e boca aberta como se gritasse. A coisa se aproximou e tocou em meu pescoço. Parecia que ninguém mais via aquilo. As mãos da mulher queimavam como brasa.
Minha pele estava ardendo. Meu Deus, estou queimando. Está doendo muito. Meu Deus, Meu Deus. Minha visão escurece. Não sinto mais o chão. Tudo está escuro. Escuto apenas uma voz que diz:
- Joe....Joe...Joe....Sinto meu corpo pesar. Então caio no chão. Estou me sentindo estranho. Terrivelmente estranho. O silêncio predominou o ambiente. As cordas já não me prendiam mais. Estava livre. Mas não conseguia correr. Muito menos se mexer. Minha pele ainda ardia. Vejo alguém se aproximar. Alguém encapuzado. Não consigo ver quem é. A pessoa coloca a não na minha testa, estava tentando sentir minha temperatura.
É mais forte que eu. Começo a sentir uma raiva dentro de mim. Uma raiva que nunca tinha sentido na vida. Parecia que eu guardava essa raiva por vários anos. Levanto minha mão e acerto minha unha nos olhos da pessoa encapuzada. Sinto minha unha furando seu olho enquanto ela tenta se soltar do meu braço. Eu não estava controlando meu corpo, alguém estava. Me levanto em uma velocidade assustadora. Agarro minhas mãos no pescoço da pessoa encapuzada. Ao meu redor, vejo pessoas correndo e outras ficando. Escuto alguém se aproximando. Me levanto e vejo uma pessoa com um martelo na mãos. Pulo para cima e mordo o pescoço da pessoa. Sinto o sangue nos meu dentes. Pego o martelo e acerto várias vezes na sua cabeça. Ninguém vai para cima de mim. Não preciso que ninguém vá para cima de mim. Eu preciso, eu vou achar aquele homem. Corro na direção de um trio de pessoas encapuzadas. Uma delas me acerta um golpe, me fazendo cair. Mas então me arrasto para a parede. Sinto minha pele arder ainda mais. Sinto sangue em minha boca. Vejo Pedro se levantar e acertando uma das pessoas encapuzadas.
Será que é ele?
Não. É o Padre, eu sei que é o padre.
Meu corpo ardia. Minha pele ardia. Eu tossia sangue. Meus olhos queimavam. Vejo alguém correr pelos fundos. Deve ser ele, deve ser o padre. Ele está fugindo. Começo a correr em direção a ele. Então algo me derruba no chão. A raiva dentro de mim explode. Começo a gritar. Minha pele arde. Minha pele arde muito. Olho para o lado e vejo Pedro me segurando pela perna. Pedro aponta uma pistola para mim com um olhar assustado. Minha pede queimava. Eu queria morrer, prefiro morrer do que sentir essa dor.- Por favor... Pedro.... - tento falar. - Me mata, por favor, minha pele está queimando.
Tudo escureceu.
Continua....
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Nunca saía sozinho
Mystery / ThrillerAs pessoas não são como parecem ser. Joe é um adolescente de 12 anos. Ele mora em uma cidade aparentemente muito feliz. Mas todos os moradores dessa cidade seguem uma regra: NÃO É PERMITIDO QUE NINGUÉM SAÍA DE CASA DEPOIS DAS NOVE HORAS DA NOITE. M...