Capítulo 11 (explicação de Bibi)

1K 74 11
                                    

Bibi

Acordei no hospital, mais uma vez nessa merda. Tô quase sem conseguir falar, toda dolorida, minhas pernas estão todas enfaixadas, minha barriga toda tá enfaixada, minha cara tá cheia de curativo, tá parecendo que eu fui atropelada por um caminhão!

Logo de manhã, recebi as noticias que L7, Drika, Elisa e Angela (minha mãe biológica) estão todos internados e na sala de emergência, resumindo: não tem ninguém pra cuidar de mim.

Tô me odiando tanto, mais tanto! Isso só aconteceu por minha causa, se eu não tivesse na vida deles, eles não estariam nessas condições. E eu ainda inventei de me apaixonar pela dona do Morro, inventei de morar com a sub chefe do morro, inventei de considerar o L7 um irmão, cara????? Sinceramente, eu só faço merda na minha vida, puta que pariu!

Já chorei uns 13 litros, meu olho tá vermelho e inchado, eu não tô sentindo NADA do meu corpo, tô nem conseguindo me mexer direito, a Drika foi considerada morta, minha mãe também foi considerada morta, as chances de vida delas são de 0%, a Elisa tá super mal, levou três tiros e um  deles pegou em um ponto meio fatal, o L7 levou uns três tiros também, alguns vapores acabaram morrendo, todo mundo que estavam dentro do casarão, explodiu junto, por quê inventaram de soltar a porra de uma granada!

Pura que pariu, não tô conseguindo controlar a merda da minha raiva, tô com a mísera de uma algema nas minhas duas mãos, me prendendo nessa merda dessa cama, a polícia quer me levar pra a delegacia, querem me prender, eu só quero ver se aqueles diabo vão conseguir me levar pra aquela merda daquela cadeia! Já dei uns 50 gritos nessa porcaria desse hospital, tô surfando pra porra, uma raiva que não passa, os médicos já me deram todo o calmante possível, minha raiva só aumenta.

Sei que vocês tão preocupados, então, vou explicar o que aconteceu: eu tava em casa, no dia da invasão, mas me deu uma dor super forte na região da cirurgia, eu acabei caindo no chão de tanta dor, gritei pedindo ajuda, mas ninguém me ouvia. Tudo o que eu senti foi uma pancada na minha nuca, me fazendo desmaiar, quando eu acordei, tinha 3 homens na minha frente, um deles era o chefe e os outros 2 eram os seguranças dele. Olhei pro lado e vi minha mãe, ela tava amarrada em uma cadeira, com a cabeça baixa, desmaiada. Tava tudo bem, até que o chefe resolveu passar a mão por todo o meu corpo, e eu não podia fazer nada, eu tava totalmente amarrada, não conseguia me mexer, nem nada.

Única coisa que fez ele parar foi o grito da minha mãe, ela conseguiu se soltar e deu uma bicuda nele, e entrou na minha frente pra me proteger, automaticamente, os outros dois, sacaram as armas, mas o chefe deles falou pra eles não fazerem nada, pois, entendia o lado da minha mãe, mó estranho isso, slk.

Depois de um tempo, eles saíram, por quê ficaram sabendo que Drika estava prestes à invadir o casarão, como eu já tava um pouco mais ciente, lembrei que tinha guardado uma pistola na minha buceta. Sim, eu guardei a arma na minha buceta. Na hora que eles entraram, eu saquei a arma e atirei neles, mas só pegou de raspão. Acabei escorregando e um deles me deu um soco na boca, e logo depois me prendeu, colocando meus braços pra trás e me deixando indefesa, minha mãe até tentou fazer alguma coisa, mas eles espancaram ela, foi tanto murro que eu até perdi as contas, e o pior é que eu não podia fazer absolutamente nada! Por mais que ela tenha errado comigo, eu não conseguia suportar aquilo, foi por minha causa que ela tava naquela porra daquele porão.

Depois deles me baterem e quase abrirem minha cirurgia, o chefe deles pegou uma faca e começou à cortar minhas pernas, o homem que tava atrás de mim, tapou minha boca, quase estourando minha cabeça, tudo o que eu sabia fazer era chorar, a dor era extremamente insuportável, eles estavam rasgando minhas pernas, eram cortes grandes e fundos, eles não me davam nem 1 segundo pra poder recuperar o ar, até que eu escutei a voz de Drika, era um pouco longe, mas consegui escutar, na mesma hora, eu mordi a mão do homem que tava atrás de mim e ele gritou de dor, foi nesse momento que eu chamei por Drika, gritei o nome dela com todas as minhas forças, minha mãe começou à gritar também, e eu consegui me soltar do homem, me jogando no chão, comecei à gritar alto, mas o chefe deles socou minha cara sem parar e ficou me chutando todinha, inclusive, tô cheia de hematomas pelo meu corpo.

Ele pegou por trás e me deu um mata leão, os que estavam com ele, ficaram do lado dele, apontando as armas pra porta, deu nem 2 minutos e Drika já estava arrombando a porta. Ela ficou fervendo de raiva quando viu ele me machucando daquela forma e eu sangrando muito.

Eu não tava conseguindo nem escutar quase nada, tava, praticamente, desacordada. Tudo o que eu senti foi ele passando a mão pelo meu corpo, novamente, isso me deu vontade de vomitar! Depois de uns minutos, eu só escutei um tiro bem perto de mim, Drika tinha atirado na cabeça dele, fazendo eu cair do chão, logo depois senti um peso em cima de mim e vários tiros dentro daquele porão, olhei pra Drika e ela tava em cima de mim, toda ensanguentada e cuspindo sangue, foi a pior cena que eu já vi em toda a minha vida!

Meu coração quase saiu pela boca, o amor da minha vida estava prestes à morrer, a única coisa que ela conseguiu falar foi que me amava e sempre iria me amar, eu não consegui segurar o choro e me acabei de chorar, o vapor carregou ela nos braços, a roupa dela tava cheia de sangue, um outro vapor veio e me carregou, depois o outro pegou minha mãe no colo, ela tava igual à Drika.

Aquela cena toda, me fez repensar em quantas vezes eu briguei por besteira, me afastei, e agora elas estão prestes à morrer, e eu não poderia falar nada, não iria adiantar, por quê em vez de eu aproveitar meu tempo com elas, eu briguei por bobeira.

E se eu tivesse cometido suicídio quando entrei em depressão profunda com apenas 7 anos de idade? E se eu tivesse ficado calada? E se eu não tivesse vindo com a Elisa? E se eu não tivesse me apaixonado pela Dona do morro?...

Essa porra tá me destruindo, pensamentos são os meus piores inimigos, a minha mente tá à milhão, não consigo achar uma solução, é como se eu estivesse sendo quebrada, rasgada, pisoteada, eu não consigo mais achar um motivo pra ficar aqui nesse mundo, eu fui o motivo de ter acontecido toda essa desgraça.

O que eu faço? Tá tudo tão bagunçado!
Não me vejo mais como antes, eu sou a culpada de tudo isso!

Colocaram um peso tão grande em cima de mim, eu não consigo carregar, eu não sou forte.

Apaixonada pela Dona do Morro - IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora