Josh
Seja um raio de sol, não a chuva.
— AnyA NEVASCA CAIU COM FORÇA total logo após o sol nascer. Rodopiava do lado de fora da janela, lançando muito mais camadas de neve sobre as ruas de Nova York.
Josh nem se deu conta. Tinha trabalhado a maior parte da noite, parando algumas horas para dormir no sofá quando seu cérebro ficava cansado demais para continuar.
Apesar da soneca rápida, havia acordado revitalizado e pronto para continuar. Seguiu escrevendo até ouvir o barulho de Any cantando.
A cantoria não era alta, mas era suficiente para tirar sua concentração.Foi até a escada. Dali de cima tinha a vista perfeita para todo o andar de baixo, incluindo a cozinha. Quando se mudou para aquele apartamento, não levou nada da vida antiga além dos livros. O lugar não carregava memórias, nada que lhe recordasse do passado. Era impessoal, o que agradava a Josh.
Até aquele momento, quando mal podia reconhecer o apartamento.
Uma imensa árvore de Natal dominava o espaço próximo à janela, várias revistas abertas estavam espalhadas pelo sofá, bem como um suéter verde claro. Uma caneca de chá bebida pela metade esfriava na mesinha de centro e um par de sapatos estava jogado no lugar em que fora tirado.
O apartamento parecia... habitado.Mas a grande mudança era Any. Ela preenchia o lugar com seu aroma de verão e sua voz.
Josh viu a cascata de cabelo cor de mel e o balanço dos quadris enquanto ela dançava ao som da música. Sem sombras de dúvida ela sabia requebrar e, ai meu Deus, como sabia. Era como se estivesse seduzindo a cozinha enquanto, em tom melodioso, dissesse ao Papai Noel que tinha sido uma excelente menina naquele ano.
Any estava cortando, picando e esmagando ao mesmo tempo em que encarnava uma atriz digna da Broadway. Era capaz de cantar e dançar tão bem quanto cozinhava.
Josh sentiu uma gota de suor brotar na nuca.Se dependesse dele, ela não seria uma boa menina por muito mais tempo. Levaria Any do bem para o mal tão rápido quanto Papai Noel joga um embrulho pela chaminé. Quase a tinha beijado na noite anterior, mas, para a sorte dos dois, algo o impediu.
Josh encarou aqueles quadris como se fosse um voyeur.Se dissesse uma palavra, ela pararia de dançar. Any pararia de requebrar os quadris como uma dançarina de boate e deixaria de cantar com aquela voz ressoante.
Ele abriu a boca, mas som algum saiu.
Aqueles quadris poderiam muito bem deixar um homem cego, imaginando que outros movimentos habilidosos seriam capazes de fazer. Era arte pura. Recordou-se de Any no pijama de seda, das curvas que revelava e do tom creme de sua pele. O pijama fora substituído pela saia mais curta que Josh já viu na vida. Ela a vestia com meia-calça preta, o que a deixava deliciosa, mas, ainda assim, perfeitamente decente.O suéter preto, cuja cor fazia dramático contraste com o castanhos em tenso de seus cabelos, lhe abraçava a cintura e quadril. Ela virou-se para pegar uma faca e viu Josh.
Ela congelou com a faca na mão e, por um instante, Josh se perguntou se não escolheu a arma errada para sua assassina. Ela talvez não envenenasse as pessoas. Talvez os fatiasse habilmente como uma talentosa chefe de cozinha.
Jill, a Estripadora.
Josh poderia ter virado as costas, voltado ao escritório e se posto a escrever, mas como Any sorria, decidiu ficar algum tempo para conversar, ainda mais porque conversar com ela lhe dava novas ideias.
— Hum... bom dia. — a abaixou a faca e tirou os fones do ouvido. Um sorriso brotou no canto de sua boca. — Minha cantoria te atrapalhou?
— Não. — Ela o deixou atrapalhado. Josh quis que Any não o tivesse notado ali. Ela remexeria aqueles quadris mais um pouco, deixando-o suspenso em um mundo guiado por instintos básicos e mais nada. Ele apontou para a sala com um gesto. — Arrombaram a casa?
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Milagre Na 5° Avenida - Beauany
FanfictionAny Gabrielly ama tudo que envolve o Natal. Romântica incurável, ela passará as festas sozinha esse ano, mas nada destrói sua fé inabalável no amor e nas coisas boas da vida. Quando ela tem a oportunidade de decorar a casa de um escritor rico e famo...