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Josh

É melhor liderar do que seguir, mas, se você deve seguir, que siga seus instintos.
— Sabina

Josh esperava que Any o deixasse ali sozinho e não a culparia por isso. Talvez fosse mesmo o que ele queria.
Por que mais teria lhe contado a verdade?

Por um longo momento, Any não disse nada e Josh observou diversas emoções perpassarem-lhe a bela silhueta do rosto. Fazia poucas horas desde que vira êxtase e paixão naqueles olhos.

Agora via choque e confusão seguidos de compaixão. Compaixão, é claro, pois tratava-se de Any e seria impossível que ela não sentisse compaixão.

Era a última coisa que Josh queria.

Ele encarou as próprias mãos, revoltado consigo mesmo por ter estragado a noite perfeita dela, mas Any, em vez de sair, sentou-se a seu lado.

— Mas ela... — disse, tropeçando nas palavras. — Ela era o amor de sua vida. Você a conhecia desde a infância...

— Exatamente. — Josh a observou processar toda aquela informação nova. Observou conforme a imagem radiante do amor perfeito, do casamento perfeito, tornava-se algo distorcido e horrendo.

— Eu vi fotos de vocês dois... em pré-estreias, caminhando no Central Park.... Vi como olhavam um para o outro.

— E isso só prova que é possível dizer muito pouco de uma pessoa só pela aparência. O que tenho dito desde que você invadiu meu apartamento.

Any pareceu não escutá-lo.

— Você disse que a amou e eu a vi nas fotos. Ela também te amou.

— Ela me amou. Do jeito dela. Mas o amor é complicado, Any. É isso que venho te dizendo. Não é só coraçõezinhos e sorrisos. Pode ser doloroso. Heyoon não era capaz de se envolver em um relacionamento de longo prazo, com comprometimento. Esperava que a coisa se autodestruísse e, como não aconteceu, ela o fez por conta própria.

— Não entendo.

— Também não entendi. — E Josh se culpava por isso. Por ter sido mais observador. Ele, que se orgulhava de ver tão profundamente, fracassou em ir além da superfície acerca do que estava acontecendo com sua própria esposa.

— Alguém mais sabe da verdade?

— De que ela estava me abandonando? Não. Se ela não tivesse escorregado no gelo ao entrar no táxi, o mundo teria descoberto naquela noite, o que seria um choque para todos tanto quanto foi para mim.
Olhe, Josh, olhe o que fiz com a gente. Peguei tudo o que tínhamos e destruí. Eu sempre te disse que eu destruiria tudo.

Ele pegou a garrafa de whisky, mas suas mãos tremiam tanto que errou o copo. Any silenciosamente limpou as poças cor de âmbar com um guardanapo que havia sobrado de um dos almoços que lhe trouxera.
Depois, tomou-lhe a garrafa de whisky das mãos e serviu dois dedos da bebida no copo.

— Você não vai dar um sermão sobre beber? Não vai me dizer que isso não ajuda em nada?

— Não. — Não havia julgamento nela, somente bondade e amizade. — O que aconteceu naquela noite, Josh?

Ele nunca conversou sobre o assunto. Nunca quis. Até aquele momento.
Por quê? Por que agora? Era por que Any tornava a conversa fácil? Ou por que havia uma nova intimidade entre os dois?

Evidências dessa nova intimidade eram visíveis no suave ruborizar na pele do pescoço dela e nas mexas tombadas de cabelo. Além do que era invisível. A conexão, a proximidade que não existia antes. Algo que permaneceu fechado nele por três anos agora se abria.

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