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Any

Any sentou-se em reunião com Sabina e Sina, tentando se concentrar nos planos de negócios para o próximo trimestre. Sua mente recusava-se a cooperar, desinteressada naquela conversa sobre crescimento e novos clientes.

Ao invés disso, seus pensamentos mantinham-se teimosamente preocupados com Josh.

Parte dela continuava triste e ofendida. Ela tinha sido cuidadosa, pelo amor de Deus. Any achou que tinham alcançado certo nível de intimidade, mas Josh a afastou, deixando claro que a intimidade não passava de coisa de sua cabeça.

Mas nem assim era capaz de parar de se preocupar. Ela não resistiu à tentação de pesquisar sobre Josh na internet e o que leu dispersou imediatamente sua raiva. O fato era que o dia em que apareceu em seu apartamento era o aniversário de morte de sua esposa.

Josh estava escondido como um animal ferido e ela o atrapalhou. Any apareceu no momento exato em que ele queria ser deixado sozinho com sua dor.

O que estaria fazendo agora? Será que saiu do escritório? E será que se deu ao trabalho de comer o que ela preparou? Imaginá-lo ali, sozinho, dava um aperto no coração de Any.

— Gaby, você está ouvindo?

Com a consciência pesada, Any deu um pulo:

— Sim, claro.

— Você não parece estar ouvindo. — Sina apertava sua bola antiestresse em formato de latinha de refrigerante.

Any forçou a própria concentração.

— Vou fazer uma lista com os melhores produtores de casamento e entrarei em contato.

— Mais um novo negócio fechado. — Saby fechou o arquivo. — Algum contrato em andamento que vocês queiram discutir?

Quem o convenceria a deixar o apartamento? Até onde Any sabia, nem a avó de Josh sabia que ele estava lá. Algo bateu de leve em sua testa. Ela levantou o olhar e viu Sina rindo com a mão erguida.

— Você jogou sua bolinha antiestresse na minha cabeça?

— Joguei. A melhor parte de ser a própria chefe é poder ser infantil como quiser sem ser demitida. O que está passando nessa sua cabecinha?

— Nada. Principalmente depois de você me dar com esse negócio na testa. — Any forçou a concentração. — Está tudo certo para o pedido de casamento da Laura. Mandei um e-mail com o plano.

— Eu vi. Está excelente. Um pedido perfeito em pleno Natal. Fiquei com inveja da Laura. Ela vai se lembrar desse dia para sempre. — Saby lançou um olhar agradecido à amiga. — Não acredito que você ajeitou tudo de última hora. Você é tão boa em consertar as coisas para os outros.

Para os outros, pensou Any. Nunca para mim.

E não foi capaz de consertar Josh.

Encheu a geladeira, decorou o apartamento, mas ele continuava escondido do mundo.

— A gente devia acrescentar “agência de encontros” em nossa lista de serviços. — Sina recuperou a bolinha antiestresse. — Lembram quando a gente trabalhava para a Cynthia?

Sabina franziu a testa.

— É algo que tento esquecer.

— Parecia que ela achava que se divertir no expediente era sinal de não estar trabalhando o bastante. — Sina reclinou-se na cadeira, colocou os pés na mesa e riu. — E aqui estamos nós, dando duro e nos divertindo. Vá lá, Gaby. Terminamos a parte do trabalho e agora quero a verdade sobre sua distração. Resuma sua estadia com Josh Beauchamp. Você roubou algum exemplar autografado? Ele estava trabalhando freneticamente? Não vejo a hora de ler o próximo livro.

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