O EXPRESSO HOGWARTS

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Afastou-se da janela, sentando de maneira largada na poltrona, olhando ao redor com um ar de novidade, feliz, pensando com independência, imaginando quanta coisa legal não faria agora que não teria mais os pais em sua cola. Naturalmente, esse pensamento foi se esvaindo na medida em que Alvo balanceava a situação, não demorando muito até concluir que estava muito encrencado. Nunca passara mais que uma semana longe de seus pais, como pretendia passar o ano inteiro? Quem cuidaria dele se acaso se ferisse? Quem lhe acudiria em caso de pesadelos? A cabeça de Alvo estava a mil por hora, ficando cada segundo mais e mais quente. Quando ele era menor e ficava assustado, sua mãe lhe cantava uma canção de ninar. Por Merlin, quem cantaria para ele agora? Tiago? Se ele pedisse algo do tipo seria motivo de piada pelo resto de sua vida.

A verdade é que era difícil para Alvo Potter lidar com mudanças. Mesmo que tenha sido ensinado sobre Hogwarts sua vida inteira, deixar sua antiga vida e começar uma nova em outra escola o assustava tanto quanto enfrentar um dragão-norueguês.

Além destas coisas, sua testa estava quente com a revelação feita por seu pai. O chapéu seletor deixava ele escolher, mas então, que casa escolheria? Grifinória, com sua família? Lufa-lufa, como Ted sempre sonhara?... quem sabe Corvinal, para quebrar os padrões de uma forma positiva? De todo jeito... Sonserina não.

Sonserina não?

Ouvira as histórias de Severo Snape a vida toda. Sempre tivera orgulho de seu nome e das pessoas que ele homenageava, e por se chamar Alvo Severo Potter, sempre carregou com carinho a história do ex diretor, e tinha de admitir, ela não seria tão especial assim se o homem houvesse caído em qualquer outra casa senão a Sonserina. Algumas coisas tinham que ser da forma que eram.

Muitos pensamentos tortuosos lhe afligiam. Por que ele não era como todos da sua família e só se contentava com a informação que recebera, escolhendo ir para a Grifinória de uma vez?

Mas Alvo não era como eles, e sabia disso. Sempre soube.

Soltou um suspiro, observando a cabine. Eram apenas ele e Rosa, que checava pela milésima vez sua lista de pertences. Como ela conseguia pensar naquilo agora? A única coisa que o menino pensava era no famoso "e se?". E se o Chapéu ignorasse sua escolha? E se ele caísse na Sonserina, como seu irmão havia profetizado? O que sua família pensaria? E se o chapéu Seletor lhe dissesse que casa nenhuma era adequada ao menino e que ele tinha de pegar suas coisas e se retirar de Hogwarts imediatamente? E se o Chapéu realmente aceitasse sua escolha, qual seria ela?

Sonserina era a casa que todos relacionavam a Alvo. O menino automaticamente se lembrou das frases de seu irmão novamente; bata antes de entrar por motivos éticos, Tiago? Há, vou mesmo ganhar trinta galeões do Cale, você é Sonserina da cabeça aos pés! (...) O Alvo vai vestir verde e cinza, duvida? O menino é cheio das coisas, parece adotado. (...) Alvo Severo Potter, SONSERINA! Há, eu não perco essa por nada (...) Pare com isso... que bobeira... blá blá blá... esse ai é sonserino com diploma e doutorado...

— Gorro... aqui. Capa de inverno... aqui, ai de mim se esquecesse isso. Bom, vejamos... — Rose checava.

Cheio de tremeliques e coisas, a casa das cobras está lotada de mini Alvos, com vários garotos como você...

— Livros... aqui, a comida especial do gato... está também.

Salazar Sonserina mandou saudações ao mais novo membro da casa... (...) Bom dia, serpente, aproveitando seus últimos dias com a esperança de realmente cair em uma casa boa?

— Será que trouxe minha pena de repetição rápida?! Por Merlin, se eu tiver esquecido...

A cabeça de Alvo começou a rodar ao contrário, e sua prima não estava ajudando em nada.

Alvo Potter e a Chave de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora