Talvez fosse porque agora andava muito ocupado com os deveres de casa, além das longas tardes na biblioteca com os amigos procurando por informações sobre os Pássaros Negros, mas Alvo nem acreditou quando se deu conta de que já estava em Hogwarts havia dois meses. O castelo agora começava a lhe dar aquele arzinho confortável de casa, o mesmo que sentia na rua da cerejeira em Godric's Hollow. As aulas também estavam se tornando cada dia mais interessantes, e ainda que ele ainda não apresentasse nenhum progresso em feitiços de nenhum tipo, gostava de estudar a teoria ao lado de seus amigos, na esperança de saber muitas coisas quando fosse bem sucedido.
Desde que chegara em Hogwarts, a biblioteca se tornara um dos locais mais familiares. E mais recentemente, Alvo e seus amigos haviam achado certo prazer em seu grupo de estudos. Rosa descobrira um cantinho da biblioteca que ficava satisfatoriamente afastado do mesão da Madame Pince e dos outros alunos, bem na sessão de livros de adivinhação, que raramente era habitada por uma viva alma (pelo jeito, ninguém ligava muito para a disciplina). Sentados ali, ao lado de uma janelinha que dava vista para a entrada do viaduto, eles podiam conversar em tom normal sem serem repreendidos por ninguém, e falavam sobre qualquer coisa que quisessem. Por isso, iam lá diariamente estudar as matérias que gostavam e ajudar uns aos outros com o que eram bons. Alvo ensinava aos amigos as melhores maneiras de fazer uma poção fecha-cortes, ao que Rosa explicava os três melhores feitiços para se repelir uma acromântula. Escórpio, por sua vez, listava as diferenças entre as colorações dos feijões das vagens rosadas, e Lisa reforçava com destreza a aplicação da lei de Lavoisier nos feitiços transfiguratórios. Era muito legal estudar com seus amigos, e até mesmo os professores andavam os elogiando por aquilo. Royce um dia comentara com Lisa que os quatro eram os melhores alunos do primeiro ano que ela já vira em anos, e isso alimentou um pouquinho o ego de Alvo.
Mas tudo havia um limite, e Alvo achava que ele havia se estourado quando começaram a procurar incessantemente e sem sucesso pelos Pássaros Negros e Baltazar.
Na manhã do Dia das Bruxas, por exemplo, o maravilhoso cheiro de maçãs doces e açúcar derretido inundavam os corredores da escola, deixando todos os alunos animadíssimos para o banquete noturno; haviam morcegos por toda parte, diversas abóboras entalhadas com caretas, teias de aranha e velas fantasmagóricas decorando cada saguão, e o grande salão estava tão assustador e divertido que Alvo nem mesmo sentiu vontade de sair para procurar nenhum livro sobre Pássaros Negros ou seja lá o que mais. Enquanto tomavam seu matinal café da manhã na mesa da Sonserina, Alvo recebeu uma carta e uma cesta de doces da dedosdemel dos pais, e Escórpio foi presenteado com as mesmíssimas coisas de seus próprios pais, todavia, nem ele e nem Alvo mesmo tiveram tempo de se empanturrar ou sequer ler a carta, já que não havia uma hora vaga que Rosa e Lisa não ocupassem com buscas incansáveis pelas enciclopédias, afim de encontrar algo sobre os Pássaros Negros mencionados por Hagrid, Baltazar ou qualquer outra coisa parecida, que nunca resultava em nada. Todo dia os dois eram arrastados depois das aulas, passando horas vasculhando pelos livros empoeirados das estantes, e um até tentou morder Alvo! Ele gostava quando apenas jogavam conversa fora e estudavam as matérias que gostavam, e não dessa investigação minuciosa! Já estava tão farto de ler letrinhas miúdas que tinha de ir duas vezes por semana até Madame Longbottom para tomar uma poção contra dores de cabeça.
Depois do vigésimo quinto livro que Lisa jogou na mesa, Alvo não aguentou a injustiça que era ter de fazer aquele trabalho inexpugnável no Dia das Bruxas, finalmente dizendo irritado:
— Não vamos achar nada aqui! Procuramos por dias, não está óbvio? Nossa informação só pode estar na seção reservada!
Lisa e Rosa queriam rebater, mas sabiam que ele estava certo. Milhares de livros e nada! Claramente ninguém queria que os alunos se informassem muito sobre Baltazar ou sobre os pássaros negros.
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Alvo Potter e a Chave de Prata
FanfictionDezenove anos haviam se passado quando aquela névoa agourenta e sinistra voltou a comprimir as janelas das casas dos bruxos e trouxas, trazendo outra vez uma longínqua sensação de insegurança e medo, que não era sentida por ninguém desde a queda de...