O RENASCIMENTO

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Quando Tiago viu a silhueta de seu irmão imergir da porta sem nenhuma companhia hostil, pulou para fora dos arbustos com os olhos um tanto arregalados, incrédulo por vê-lo sair em vida e íntegro. Correu até ele, estupefato.

— Que maldita demora, pensei que o velho houvesse te transformado em um apito também!

Também? Por Merlin, Barba Longa não estava brincando.

— Eu estou bem.

— Está? E o que é isso vermelho na sua testa?

Ele não precisou raciocinar muito para deduzir que a porretada que levara de Makaila havia lhe deixado um hematoma.

— Eu caí. O importante é que consegui isto.

Esticou então o pergaminho em branco para Tiago, e por alguma razão, seu irmão o olhou como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Apanhou com tanta sede que Alvo pensou que ele fosse devorar.

— O ano escolar está salvo! — disse, não contendo a alegria.

— O que isso faz, afinal? — quis saber.

Tiago, ao notar que estava expondo demais seu precioso objeto, afiou-o dentro do casaco com rapidez

— Não é da sua conta.

— Ah, que isso, não foi por nada, Tiago. Sim, sei que sou um ótimo irmão em arriscar minha pele por você, não precisa me bajular! — Alvo ditou com ironia.

Seu irmão soltou um suspiro e um leve sorriso ladino urgiu em seus lábios, ao que deu um leve soco no ombro de Alvo. Parecia quase orgulhoso.

— Você é mais durão do que aparenta ser, sabia Al? Mandou bem.

Aquilo no vocabulário de Tiago era quase que um muito obrigado do fundo do meu coração. Seu irmão não era o melhor em mostrar afeição, mas Alvo também não. Talvez fosse a coisa que mais tinham em comum, e portanto, que mais se entendiam.

— Conseguiu achar o que procurava?

Um sorriso tomou sua face, e Alvo ergueu sua carta de Hogwarts em mãos.

— Sim, achei.

E achei muito, muito mais do que procurava, ele quis dizer, mas não o fez. Manteria o segredo da Magia Ancestral e da pedra, mesmo que ainda não compreendesse bem. Promessa era promessa.

— Nada de aborto para você, então. — disse com tom surpreso.

Alvo pensou que Tiago ficaria desapontado por não poder usar mais aquilo contra ele, mas as feições de seu irmão não eram descontentes. Do contrário, parecia tão aliviado quanto ele.

— Porcaria, Al, o sol já está raiando. Temos que voltar antes que a Pimentinha note nossa ausência.

Gina Potter. Alvo, com tantos problemas, havia se esquecido do maior deles. A reação de sua mãe se soubesse que seus dois filhos roubaram a motocicleta voadora de Teddy e fugiram em uma missão para assaltar a casa de um professor, quebrando o toque de recolher. Estariam mortos, mortinhos da silva.

— Vamos nessa.

Os dois irmãos atravessaram outra vez os ares pelo condado inglês em direção a Godric's Hollow, implorando ao sol que retardasse sua chegada para que sua mãe não acordasse. Tiago acelerou tanto que Alvo pensou que o vento fosse empurra-lo para trás, mas seu irmão tampouco se importou. Quando enfim chegaram ao chalézinho dos Potter, Fred já estava pela janela, observando os céus com desespero, como se rezasse pela volta de seus primos. Assim que a motocicleta pairou ao lado da janela, fizeram rapidamente a troca, pulando para dentro do quarto, e Fred, para cima do veículo. Tiago fez um cumprimento de soldado a ele, balançando o pergaminho em sua mão. Sorrindo alegre, vendo que ambos haviam conseguido, Fred acelerou e partiu dali em direção ao amanhecer.

Alvo Potter e a Chave de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora