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Elise Fachini

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Elise Fachini.

Jogo minha bolsa no canto da sala e corro para a cozinha a sua procura, e lá estava ela, em um vestido azul turquesa, cabelos pretos e lisos, rugas começando a aparecer, e por mais que ela estivesse envelhecendo, ela era muito nova, mais nova do que parecia.

- Já chegou? Eu mal vi o tempo passar... Como foi a aula?

- Ótima, mas preciso melhorar minha mira. - Me debruço sobre a bancada pegando um pedaço do bolo cortado.

Fazia aula de defesa pessoal desde os cinco anos, incluindo box, judô, e tiro ao alvo.

Não era uma garota apaixonada por balé ou dança, eu gostava do perigo, da adrenalina e afinal, minha mãe queria que eu fosse forte, independente, ela estava me criando como uma mulher poderosa.

- Nós daremos um jeito nisso. Você vai conseguir. - Ela diz e eu respiro fundo, esperando que fosse verdade.

Olho para a janela do meu apartamento, observando a costa, os navios parados na água e alguns pescadores chegando com as cargas.

Guardo a Glock da minha mão, no cofre do meu armário, truque da minha mãe.

Desde que parei com as aulas de tiro ao alvo, tenho mantido todas as armas guardadas, só as tirava para limpar ou matar a saudade, e raramente elas ficavam carregadas.

Me jogo na cama pegando meu celular quando a tela pisca, Flora, ela estava tentando me convencer a ir à festa e eu venho pensado desde que cheguei em casa, óbvio que eu me conheço, sei dos meus limites, até onde eu poderia ir, o que poderia ver, mas venho me controlando bastante, até porque, me lembro como foi a abstinência depois de tudo. Fiquei zonza, vomitava bastante mesmo com o estômago vazio, não me alimentava, as crises de raiva, tudo.

E depois, um soco no estômago, depois da minha recuperação veio a morte dela, tudo de uma vez, eu tinha gatilhos, tinha crises, mas sei que posso me segurar.

Não ia foder com tudo novamente.

"Me espere no estacionamento do condomínio, eu vou aceitar sua carona :)"

Mandei mensagem para Flora e ela visualizou quase imediatamente, a festa começava às nove horas, já que ainda era quarta-feira e todos deveriam estar dispostos para amanhã cedo.

Pego no meu armário um vestido colado preto e um casaco grande, iria de tênis, e algumas joias deixando sob a cama e indo até o banheiro, liguei o chuveiro quente, molho todo o corpo passando a esponja um pouco forte, encarando a cicatriz entre meus seios, no peito.

Cantarolo needed me da Rihanna enquanto me enrolo na toalha. Vou pro quarto vestindo a roupa e me ponho de frente ao espelho enquanto penteio meu cabelo.

Os fios estavam gigantes, o cumprimento havia crescido muito, o preto forte era o destaque dele, fios lisos que iam até a bunda, afasto meus dedos dos fios quando as lembranças me atingem em cheio.

FLAMES | (1) Onde histórias criam vida. Descubra agora