trinta e cinco | promessa

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27 de Outubro de 1999

Eu observava aquele bebê pela janela da maternidade, dentre tantos eu sabia exatamente qual era o Dela.

Quase um ano se passou e eu queria estar aqui, não porque eu quero sua amizade mas porque ninguém mais veio por ela, ela perdeu o contato com seus pais, ele tirou isso dela, e nem ele mesmo veio para estar com ela, para ver o nascimento do próprio filho.

- Srta. Fachini? - Um homem me chama e eu viro para trás encontrando o médico que realizou o parto. - Ela está acordada, quer vê-la?

- Quero. - Digo calma e dou uma última olhada para o pequeno garotinho que dormia como um anjo. Talvez ele realmente fosse um anjo, na vida de Dalila, ele seria.

Sigo o doutor e ele me dá espaço para que eu entre no quarto onde ela está, ele não me segue, pelo contrário, fecha a porta nos dando privacidade, engulo todo o qualquer rastro de orgulho quando a vejo destruída em cima da cama, ela estava horrorosa, ele acabou com ela. Com o brilho. Com tudo.

- Veio jogar na minha cara o quão burra eu fui? Se for, melhor poupar para si, olhe pra mim. - Ela diz com a voz amarga antes mesmo que eu dê um passo, dou uma risada e me sento ao seu lado.

- Acho que todas nós fomos vítimas aqui. - Confesso e vejo ela virar o rosto para o outro lado, chorosa.

- É um lindo menino. - Digo e ela me encara com os olhos molhados. - Como um anjo da guarda.

- Ele nem sequer esteve pra ver o nascimento.

- Eu não esperava menos.

- E como as coisas estão? Digo. Com Max.

- Estão boas. Mas estou de partida.

- E porque? - Ela me encara confusa e eu olho para as minhas mãos.

- Eu não confio em mais ninguém. - Ouço ela se engasgar com a própria saliva ao meu lado. - Eu não posso imaginar como está sendo solitário pra você, mas não somos inimigas, ele nos fez inimigas. - Assumo cansada.

- Eu tenho medo do que ele pode fazer quando eu sair daqui... - A olho e a mesma olhava para o teto, perdida. - Me sinto segura aqui, longe dele, entende?

- Vá embora então.

- Se eu fugisse com o bebê ele... - Ela trava. - Ele me mataria. - Sua voz falha e eu sinto uma pontada no coração. Ela perdeu tudo que tinha. - Me promete Helena, me promete que se eu não estiver aqui você vai cuidar dele pra mim? - Ela me olha derramando uma única lágrima.

- Eu por você e você por mim.

- E se eu não te encontrar?

- Acredite, vai me encontrar. Não vou para sempre, pretendo voltar.

- Mas é muito tempo!

- Te prometo, estarei aqui. - Seguro sua mão. - Acho que juntas podemos ser melhores não?

- Agora somos melhores amigas huh?

FLAMES | (1) Onde histórias criam vida. Descubra agora