trinta e seis | cura

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17 de Maio de 2003
Dalila Gutierrez

   Meu corpo inteiro dói. Eu me sinto furiosa, prestes a matá-lo.

Ele me bateu mesmo quando eu havia acabado de dar a luz a seu filho, mesmo depois de me ouvir suplicar, ele me bateu mais uma vez.

Hoje ele me bateu na frente do nosso filho que dormiu em meio as lágrimas ao ver sua mãe caída no chão, sangrando. O pequeno guardaria aquilo pra sempre e Ethan sabia disso, ele queria que ele lembrasse, queria traumatizar o meu menino!

E agora diante dos meus olhos, está tocando no meu bebê, no meu anjo. Está o pegando no colo como se fosse um bom pai quando na verdade ele odeia o próprio filho. Ele o olha como se não o odiasse, mas o odeia.

Meu corpo arde e meu coração bate forte quando o vejo devolver o pequeno no berço outra vez.
Sinto que uma parte da minha vida foi arrancada de mim sem que eu pudesse ao menos desejar isso. Me sinto fraca.

Nos últimos dois anos tenho vivido exclusivamente para meu filho e só para ele. Não há razão nesse mundo que me faça permanecer, apenas ele. Eu vivo por ele.

   E só seríamos eu e ele.

  Me aconchego no colchão e sinto-o afundar ao meu lado, ele estava aqui.

- Pretende fazer esse voto de silêncio até quando huh? - Não o respondo. - Cachorra. - Ele xinga e desliga a luz do abajur ao seu lado.

     Não me movo, não agora, meu corpo se apressaria em ansiedade e eu não podia estragar tudo agora, ele pegou o meu filho. O meu filho.

    Nem sequer pisco os olhos, tudo em minha visão fica vermelho, ódio e fúria são tudo o que eu sinto. Vejo meu marido ao meu lado adormecer assim como o pequeno bebê no berço e tenho vontade de chorar, meu bebê.

    Agarro firme o travesseiro e não vejo nada, cega pela raiva começo a sufocar o homem, sinto ele se debater embaixo de mim e então um puxão de cabelo me faz cair e bater a cabeça no chão.

- Você... Iria me matar? - Ele diz recuperando o fôlego.

- Vai pro inferno, deixe meu bebê em paz.

   Ele me encara confuso e olha para o bebê no berço e solta uma risada. A pior delas.

- Você está louca! - Ele me dá um tapa no rosto e eu sinto todo o lugar escurecer, fico até mesmo zonza.

- Você está louca! - Ele me dá um tapa no rosto e eu sinto todo o lugar escurecer, fico até mesmo zonza

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