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A manhã fria no sul, o temporal ruim como de costume, o céu fechado e a total melancolia que eu estava sentindo.

Me arrumei descendo as pressas para me despedir de Betina :

- olha para mim - ela disse com lágrimas nos olhos -Eu vou sempre estar aqui, no mesmo lugar do mesmo jeito para você Bah . Pode me ligar quando precisar independente da hora... Eu te amo muito minha menina -

Eu assenti, sequei as lágrimas e segui saindo pela porta. O caminho sem se quer uma palavra, no aeroporto a mesma coisa, fomos até a sala vip da compania área, me afastei do meu pai sentando perto da janela, prestava atenção na garrafa de chá gelado suar e as gotinhas pingando na mesinha.

No avião, o voo de primeira classe estava vazio. Ainda eram 10:00 quando o avião partiu, tirei da bolsa um livro da Clarice Lispector, um sopro de vida. Lia com leveza as páginas de poesia até achar essa frase:

"Acho que devemos fazer coisa proibida - senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres."


P

or mais que eu estivesse um pouco assustada com o que viria pela frente, essa frase me encorajou a pensar em muitas coisas.

Era difícil desapegar de tudo, mas seria ótimo viver em um lugar onde ninguém irá saber quem sou eu, me dando a chance de fazer tudo de uma nova maneira.

Assim que estávamos em solo carioca já senti o calor, tirei a jaqueta de coro enquanto via a linda vista da praia. O avião pousou no aeroporto Galeão as 12:30.

Peguei a bagagem de mão e segui meu pai, o segurança vinha atrás de nós junto a outro carregando a as malas. Eles pararam enfrente a SUV que estava nos esperando na área de desembarque.

Meu rosto estava totalmente vermelho, o ar ligado diminuía um pouco do calor que estava no carro. Passamos por vários lugares famosos inclusive pelo Cristo redentor, e finalmente chegamos até o apartamento.

Ficava na frente da lagoa Rodrigo de Freitas, parecia ter no mínimo 3 apartamentos por andar, subimos até o último onde ficariamos.

O espaço era arejado e batia bastante Sol, já está todo mobiliado e lembrava muito nossa casa em Porto Alegre. No meu quarto havia uma cama king size, a vista da janela era linda, as caixas da mudança estavam lá.

Depois de passar o dia arrumando tudo, dispensei qualquer coisa finalmente deitando na cama.

Como agora tina não estava aqui para mediar as coisas eu era meio que obrigada a falar com meu pai, e por incrível que pareça ele já tinha até cuidado da faculdade.

Ele se quer relutou para que eu mudasse de Teatro para finanças. Ainda com um pé atrás por conta da mudança repentina de comportamento dele eu perguntei:

- Por que mudamos pra cá ? -

Ele tirou os olhos do tablet e me olhou por segundos :

- Meus motivos pessoais não são da sua conta Bárbara. -

𝐌𝐄𝐔 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐒𝐒𝐎𝐑 ~ Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora