The Apocalypse| Cinco Hargreeves

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(Esse capítulo terá "cenas" fortes e uma descrição de um acontecimento péssimo. Se for muito sensível a acontecimentos ruins com criança recomendo que pule)

[Cinco Narrando]

Eu e a Oito estamos a muito, muito tempo mesmo lendo livros de medicina pra tentar descobrir o que a Pérola tem.

Eu tô surtando por ver a minha filha doente e não poder fazer merda nenhuma. Nada do que eu faço resolver e a cada dia que passa ela só tá pior.

Já era de madrugada, eu e a Oito estamos sentados no sofá lendo. Eu vi a Oito soltando o livro e passando as mãos nos olhos parecendo estar exausta.

- Você deveria dormir- Falei pra ela.

- Não, eu tô terminado esse capítulo. Eu só preciso de um tempo pra voltar a ler com os olhos e o cérebro e não só com os olhos- Ela me diz.

- Você termina depois, a gente já tá a horas aqui, você não dormiu nada essa noite, você precisa dormir- Eu falo.

- A gente não tem tempo, Cinco! Esse é o problema- A Oito disse com raiva- A minha filha tá doente, tá fraca, não come, só dorme e chora de dor, uma dor que ela não sabe explicar! Eu não posso parar.

- Olha, eu sei, Oito. Você não acha que eu também não tô preocupado? Ela também é a minha filha! Mas não adianta você se forçar a fazer uma coisa sendo que o seu corpo não aguenta, você precisa descansar e depois continuar- Eu falo- Você precisa descansar, até porque quando a Pérola acordar ela vai querer a mãe, ela vai precisar da mãe e você não vai poder cuidar dela se não conseguir ficar com o olho aberto.

A Oito me olhou e depois começou a chorar. Eu coloquei o livro no braço do sofá.

- Vem cá- Eu falei.

Eu puxei a Oito de vagar pela mão e ela se sentou no meu colo.

- Eu não quero perder a minha menina, eu preciso dela... eu gerei ela no meu ventre por mesês, agentei a pior dor da minha vida quando eu tive que ter ela. A gente acordou milhares de vezes durante a noite, teve que passar pelo pesadelo dos dentes nascendo, viu os primeiros passos, a primeira palavra... A gente fez aquela criança perfeita e eu não posso perder ela agora...- A Oito disse com dificuldade por causa do choro.

As vezes é complicado... eu tenho que ser forte pela Pérola, e principalmente, forte pela Oito. Entre esses dois não sobra muito tempo pra sentir o que eu queira.

Eu não sou a pessoa mais sentimental que já existiu, mas quando se trata da minha filha eu me sinto um inútil. E me sinto um babaca por não ter nada pra falar pra Oito quando ela começa a chorar e falar como ela ta com medo... até porque na maior parte do tempo eu sinto a mesma coisa que ela.

- A gente não vai perder ela- Eu falo- Eu vou te levar pra deitar.

Eu levei a Oito até o quarto e coloquei ela na cama.

- Deita comigo... só um pouco- A Oito disse.

Eu me deitei na cama com ela e a Oito me abraçou.

- Você sabe que eu te amo, né?- Perguntei pra ela tentando distrair a Oito um pouco.

- Eu também te amo- A Oito respondeu.

Então a Pérola começou a tossir.

A gente colocou uma caminhada pra a Pérola colada na nossa cama, porque ela não queria dormir no quarto dela e a Oito não quer ficar longe dela.

A Oito se virou até a ponta da cama e depois pegou a Pérola. Em seguida ela colocou a Pérola entre a gente.

- Tá pronta pra dormir?- Pergunto.

- Tô- A Oito respondeu.

Eu fiquei com ela mais um pouco pra ter certeza que ela ia dormir ao invés de chorando.

*Quebra de Tempo*

Eu acordei na sala, eu acho que acabei pegando no sono enquanto lia um dos livros.
Após alguns segundos percebi que a Oito estava me chamando gritando.

- Cinco! Por favor Cinco!- Ela gritou.

Eu rápidamente me levantei e fui até ela.
Quando eu entrei no quarto eu tive a pior visão que eu poderia ter. A Pérola estava quase roxa e parecia não estar conseguindo respirar, a Oito estava ao lado dela chorando e totalmente desesperada.

- O que aconteceu?- Perguntei me aproximando.

- Eu não sei, a gente tava dormindo mas de repente eu acordei com ela se debatendo e antes que eu percebesse ela começou a ficar roxa- A Oito me respondeu.

Naquele momento eu não sabia o que fazer. Com certeza ela não se engasgou com nada.
Eu virei a Pérola de barra pra baixo, tentei fazer os procedimentos que as pessoas costumam a fazer quando alguém tá sem ar mas...

*Quebra de tempo*

[Oito Narrando]

Eu... eu tô tão cansada de ficar aqui. Eu tô cansada de chorar e eu tô tão cansada de estar viva...

"Viver aqui era horrível, passar pelos desafios que passamos aqui era horrível... Mas por mais de 5 anos, eu puder ter o prazer de ter a criança mais linda, inteligente, alegre e serelepe que eu já conheci.
Ela era o motivo pelo o qual eu me levantava pela manhã, ela fazia a nossa estadia aqui ser suportável. Quando eu olhava pra ela eu tinha esperança.
Lembro de quando eu sentia os chutes dela, de como ela me chamava de mamãe, como corria pro nosso quarto quando tava com medo dos mostrou que estavam no quarto dela, que queria comer muito pra ser forte igual ao papai e a mamãe, quando ela pedia pra ler uma história pra ela e de como ela me abraçava forte... Eu vou senti saudades da minha filha."

Eu e o Cinco decidimos que a Pérola merecia ser enterrada em um lugar que ela gostava ir. Eu não queria que ela fosse enterrada em um cemitério porque ela não era uma pessoa qualquer.
Então decidimos enterrar ela na praia.

Mesmo sendo o pior dia da minha vida, mesmo eu não conseguindo parar de chorar... eu reconheço que foi um dia bonito. O sol tava se pondo, tinha uma brisa fresca e o mar estava calmo. Estava do jeito que a Pérola gostava...

No final, eu me sentei na beira do mar e fiquei olhando para o Horizonte.
De repente o Cinco se aproximou de mim e se sentou do meu lado. Eu não tava com o ânimo pra começar a conversar então continuei olhando pra frente.

- Cadê o seu colar?- O Cinco me perguntou.

- Com ela... você me deu o colocar como presente pra celebrar a vida dela, mas... se ela não tem vida não tem o que celebrar e se não tem nada pra celebrar eu não mereço aquilo- Respondo.

Para a minha surpresa o Cinco começou a chorar. Eu olhei pra ele e o abracei.

- Eu sei... eu sei...- Falei começando a chorar também.