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   Já estávamos em casa novamente.
Cada um estava em um canto. Sinto que depois do "fora" que eu dei no Cinco ele ficou mais distante de mim.
   Eu não queria rejeitar ele, afinal meu sonho é beijar ele de novo. Mas eu não quero correr o risco de alguma coisa acontecer entre a gente e depois a gente se separar e a nossa relação ficar abalada e a gente nunca mais conseguir ser um grupo.

  Me sentei no sofá da sala e fiquei olhando para a janela.
Estava tudo extremamente silêncio, sem nenhum sinal de outra vida humana.

  Eu já tinha uma certa certeza que não tem mais ninguém vivo, mas é os animais? Será que ainda tem algum vivo?

  Meus pensamentos são atrapalhados quando de repente o Cinco entra na sala tomando café e depois senta ao meu lado.

- Sinceramente eu não sei o porque do coroa não gostar de café, isso aqui é incrivel- O Cinco começa a dizer.

- Onde você aprendeu a fazer café?- Perguntei.

- Tinha um passo a passo no saco do pó de café- Ele me respondeu.

- Ata...- Eu disse.

- Quer experimentar?- O Cinco me oferece.

- Hum... Quero- Respondo para ele.

  O Cinco me deu a xícara dele e eu dei gole do café.

- É bom... mas não se compara a refrigerante- Falo devolvendo a xícara para ele.

  O Cinco pegou a xícara da minha mão e disse:

- Seu paladar é muito infantil.

- Ah... obrigada pela crítica, senhor de 80 anos- Eu falei para ele.

  O Cinco deu uma risada irônica e depois deitou a cabeça no encosto do sofá e deu um longo suspiro.
  Eu também deitei a minha cabeça no encosto do sofá e olhei para o Cinco.

- Tá difícil resolver essa equação, né?- Pergunto.

- Você nem faz ideia... Tá falatando alguma coisa, mas eu não sei o que é- Cinco me responde.

Ele colocou uma das mãos no rosto e esfregou dando a entender que estava nervoso.

- Ei, tá tudo bem... Não precisa ter tanta pressa, o que a gente mais tem é tempo- Digo tentando acalmar ele.

- Até tudo começar a se decompor e a gente não ter nada pra comer- Ele falou.

- Não, a gente lê alguns livros e vira dois fazendeiros- Eu disse rindo.

  Cinco olhou para mim e começou a rir também. Eu tirei a minha cabeça do encosto do sofá e coloquei no ombro do Cinco.

- Você percebeu como tudo mudou?- Eu o pergunto.

- Como assim? Você tá falando do quê?- Cinco me questionou.

- A cidade tá muito diferente. Os prédios foram contruidos diferentes, as comidas estão mais modernas, até as roupas- Respondi.

- É, o ser humano está em constante evolução, bom... estava- Ele me disse.

- Sim... mas é estranho saber que a gente perdeu quase 2 décadas- Digo.

- Verdade, mas como você mesmo disse: "O que a agente mais tem é tempo". Logo, logo a gente vai estar a par do que estava acontecendo- O Cinco fala para mim.

De repente o Cinco passou a mão ao redor do meu pescoço e me puxou para mais perto.
Eu não falei nada, apenas coloquei minha mão na barriga dele e a gente ficou ali por um tempo até que o Cinco quebrou o silêncio.

The Apocalypse| Cinco Hargreeves Onde histórias criam vida. Descubra agora