Capítulo 4

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Os dias que seguem, George se aproxima mais de Chloe, que fica cada vez mais interessada e motivada, já que fica menos tempo em frente ao computador.

— Você e Chloe estão mais próximos. — Comento.

— Ela é legal.

— É, eu acho.

— Está com ciúmes?

— Claro que não! — Eu não tenho tanta certeza.

Sento-me no banco, ele fica de frente para mim.

— Sinto que você está incomodada com a Chloe. — Diz, encarando-me com seus olhos amendoados.

— Não estou incomodada. Só acho que você... está diferente. Mas, é legal vê-los juntos.

— Desculpe por passar menos tempo com você. Não percebi que estava te afetando.

— Ei, foi só um comentário. Gosto da Chloe, e gosto de você. Acho que vocês combinam, de verdade.

— Não tenho certeza. Como eu disse, ela é legal, mas tem uma pegada diferente.

— O que quer dizer?

— Como posso dizer? Sou mais... na minha. Ela é mais agitada, algo assim. Por exemplo, ontem às três da manhã, ela me chamou para ir numa balada.

— Era com você que ela estava falando. Acordei ouvindo-a falar ao telefone.

— Então, percebe como não somos tão parecidos assim? Mas gosto da animação dela, é meio louquinha.

— Pelo visto você está animado.

— É, acho que sim. Estou conhecendo-a ainda, vamos ver o que rola.

— Enquanto isso, eu preciso fazer minhas pesquisas.

— Se eu não tivesse marcado nada com a Chloe, te acompanharia. Desculpe.

— Tudo bem. Te repasso as anotações mais tarde.

— Valeu.

Vê-lo se afastar me fez perceber que talvez George, mesmo que um pouco, seja carente. Faz amizade muito rapidamente, mesmo dizendo que não é tão sociável, pela tal fobia, que parece ter desaparecido, desde que conheceu Chloe.

Vou para a biblioteca. Preciso fazer algumas pesquisas, mas preciso principalmente ficar sozinha, em silêncio. Pego alguns livros e me sento da mesa mais isolada, onde eu pudesse mergulhar nos meus devaneios, sem ser interrompida.

Faço anotações. Dezenas de anotações. Leio um livro e outro, mergulhando de cabeça em Anatomia. Não percebo o tempo passar. Acabo adormecendo no meio dos livros, sem perceber quão exausta estou.

Desperto sentindo algo tocando meu rosto. Abro os olhos, surpresa por ter dormindo. Olho para os lados e percebo que estou praticamente sozinha, mas tenho certeza de algo tocou meu rosto. Concluo que pode ter sido uma mexa dos meus cabelos. Junto os livros, colocando-os nas prateleiras, mesmo sabendo que alguém os guardaria. Pego minhas coisas e saio.

Atravesso os longos corredores do campus, e ao olhar para o pátio, vejo alguém caminhando, com as mãos no bolso e cabeça baixa, de capuz. Lembro-me do cara com quem me esbarrei noutra noite.

Será o mesmo?

Eu o observo seguindo-o até o dormitório masculino, e o perco de vista. Pergunto-me se poderia ser a mesma pessoa.

Volto para o caminho que me levaria ao dormitório feminino, caminhando em passos lentos e pensativos. Percebo que as horas passaram rápidos e devo ter dormindo por pelo menos duas horas.

Até você chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora