Capítulo 32

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  James e eu saímos do jantar e mal nos falamos desde então. Ele ficou na sala, sentado no sofá de frente para a lareira, enquanto fui para o quarto trocar de roupa e me livrar do sapato com salto 8. Acho que James queria que eu ficasse na mesma altura, já que ele é bem alto, e eu me sinto uma formiga ao seu lado. Não que eu seja baixa. Para uma garota até que sou alta, mas James tem cerca de trinta centímetros a mais do que eu, e deve medir quase um metro e noventa.

Visto o roupão e abro a janela, sentindo a brisa da noite entrar no quarto. Eu queria ir embora e ficar no meu quarto, mas não conseguiria táxi com facilidade, e já está tarde.

Deito na cama e fico em posição fetal. Não sei o que James está sentindo, nem o que está pensando. Será que ele não quer mais ficar comigo? Que ele ainda sente algo por Cassie? Não faço ideia do que está se passando na mente dele, e tudo isso me deixa angustiada. E pensar que tivemos uma noite tão perfeita, nem dava para imaginar que estaríamos como dois estranhos agora.

Ele surge na porta, encostando a cabeça na batente.

— Você está bem? — Pergunto.

Assente com a cabeça.

— Desculpe por qualquer coisa. — Diz, finalmente.

Eu me levanto e sento na beirada da cama, ficando de frente para ele.

— O que está acontecendo?

— Não sei explicar. Por isso peço desculpas.

— Venha, sente-se aqui. — Peço, apontando para o meu lado na cama.

Ele obedece, dando passos calmos até chegar a mim.

— Eu soube da sua história com Cassie, e... estou realmente preocupada com você.

Ele engole em seco.

— Não sinto mais nada por ela. Acredite em mim.

— Por que está assim, então?

— É que... veio uma enxurrada de lembranças. — Ele respira fundo, como se tentasse recuperar o fôlego. — Eu perdi parte da memória com o acidente. Poucas pessoas sabem disso. Eu recuperei algumas lembranças, que ainda são... fragmentos, trechos confusos. As memórias com Cassie, só tenho algumas.

— Está me dizendo que não se lembra de quando vocês namoraram?

— Não muita coisa.

Eu penso um pouco, tentando digerir toda aquela informação.

— Por isso ficou estranho? Você se lembrou de alguma coisa durante o jantar?

— Sim. É como se fossem peças perdidas de um quebra-cabeça. Durante o jantar, me lembrei... de como eu... gostava dela.

— Está revivendo esse sentimento?

— Não é isso, Allie. Não é nada disso. Estou dizendo que é como se eu tivesse pulado parte da minha vida. Como um livro tem as folhas arrancadas e não dá para saber o que aconteceu na história sem lê-las. Não estou revivendo nada. Eu estou assustado, Allie.

— James...

— Apenas minha família sabe desse... problema. Eu não queria assustar meus amigos. Nem Scott sabe disso.

— Deveria contar a ele.

— Isso não ajudaria em nada. Se eu contasse, provavelmente não estariam noivos agora. É melhor pensarem que... eu aceitei tudo, sem problemas. E realmente aceitei. Pode ser que minhas memórias incompletas tenha influenciado, mas quero acreditar que não. Estou feliz com você, e é com você que quero ficar. Eu só estou assustado...

Até você chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora