Capítulo 27

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Imersa em um mar de desconhecidos. Meu olhar é instantaneamente capturado por ele. James, a quem estava secretamente a procura, por mais que eu quisesse enganar a mim mesma. Sua presença é como um ímã, que atrai a minha curiosidade, sendo muito mais forte do que eu mesma.

Ele desaparece diante dos meus olhos, que voltam a procurá-lo. Fico me perguntando se eu realmente o vi, ou foi minha mente pregando peças, me desconectando com a realidade.

Enquanto todos dançam e celebram no primeiro andar da casa, eu decido subir a escada em busca de mais respostas. O coração bate descompassado enquanto eu me pergunto se ele também sentia o mesmo.

Ao alcançar o segundo andar, me deparo com uma porta entreaberta. Um feixe de luz escapava pela fresta, revelando uma pequena parte daquele mundo até então desconhecido para mim. Engulo em seco, reunindo coragem para avançar. A cada passo, meu coração pula mais forte. Sei que estou prestes a atravessar uma linha tênue entre a realidade e a imaginação.

A porta se abre completamente, e um véu de suspense encobre meu rosto. Meu olhar encontra o de James, e o restante do mundo parece desaparecer. Ele sorri, como se já estivesse me esperando. E eu não consigo desviar os olhos dele. É como se toda a minha vida tivesse me levado a este encontro.

Enquanto fico de frente a frente com ele, o restante do mundo está alheio a nós, parecendo não existir, ou que estivéssemos em um universo paralelo. Posso sentir a energia da festa ecoando no andar de baixo. As vozes animadas, a música contagiante, tudo parecendo tão distante.

— James.

— Allie.

Ele baixa os olhos, colocando as mãos nos bolsos. Desta vez não tem capuz, e posso ver seus cabelos compridos cobrindo parte do seu rosto, escondendo a cicatriz.

— A festa está... bonita. — Comentei, na esperança de trocarmos mais do que dez palavras antes que ele quisesse fugir.

— É. Meus pais estão felizes.

— Charles me convidou. Somos amigos. Acho que você sabe disso...

— Bom para você. — Ele parece nervoso. — Quer se sentar?

Aponta para a cadeira ao lado da cama. Eu me sento nela, tentando me manter calma.

— James, eu acho que não tive a oportunidade, ou... não sei, mas gostaria de agradecer você por tudo o que tem feito por mim. Você me salvou algumas vezes, e essa tensão entre nós...

— Tensão?

— É... você não parece suportar a minha presença. Sei que tenho sido... negligente, andando sozinha em lugares escuros. Devo ser louca, eu sei, mas quero agradecer você, mesmo que não goste de mim.

— Por que acha que não gosto de você? Como chegou a esta conclusão? — Ele pergunta, se sentando na beira da cama.

— Não sei... Você parece impaciente todas às vezes em que nos encontramos, e tão... arrogante...

— Você me acha arrogante? Impaciente?

— Na maioria das vezes.

Ele se levanta e suspira tão fundo, que penso que irá me xingar de todos os nomes que existem num dicionário de xingamentos.

— Você não tem mesmo noção do efeito que causa em mim, não é?

Ouvi-lo dizer isso fez meu coração bater tão acelerado, que duvidei que tivesse ouvido certo.

— O quê?

— Desde que a vi na primeira vez, que não foi quando te salvei, me senti estranho. Você chegou com seu jeito perdido, tentando se encontrar em algum lugar nesse mundo, na universidade, enquanto eu fugia do meu. Você estava sendo a minha distração, estava se tornando o meu novo mundo.

Até você chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora