Capítulo 33

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Tina se tornou o assunto favorito da faculdade, e aparentemente, estão me envolvendo em uma série de teorias malucas. Recebi a notícia de que ela está estável e logo receberá alta. James foi até o hospital sem me consultar, e conseguiu falar com o médico. Segundo ele, não queria me deixar mais agitada do que eu já estava.

— Ela vai ficar bem. — Disse, várias vezes.

— Quero vê-la.

— Allie, as visitas estão restritas para familiares. Logo você poderá visitá-la, se acalme.

Ele me envolve em seu abraço, sem se importar com os olhares furtivos que passam por nós por todo o campus. James também se tornou uma espécie de atração. Parece que passaram a notá-lo, e posso jurar que ouvi algumas meninas soltarem gritinhos para ele.

Ele não esconde tanto a cicatriz, mas joga mechas de cabelos na frente, mesmo não sendo o suficiente para escondê-la a todo momento. Agora, a marca que tanto o atormenta, pode se tornar alvo de piadas na faculdade. Essa sempre foi a preocupação dele, suponho.

— Estou orgulhosa de você.

— De mim? O que eu fiz?

— Está sem o capuz. Está exposto.

Ele sorri.

— Eu me senti mais exposto quando me declarei para você.

— Você nunca se declarou para mim.

— Não? Naquela noite, no telhado, na festa.

— Ah, você falou que causo um efeito em você. Qual efeito que eu causo?

Ele pega a minha mão e coloca no seu peito, fazendo com que eu sinta os batimentos cardíacos acelerados.

— Isso responde a sua pergunta?

Beijo seus lábios de leve, fazendo-o sorrir.

— Tomara que Tina fique bem. Estou realmente preocupada.

— Ela estava sendo seguida?

— Parece que sim. Ela conhecia a garota que caiu do telhado do prédio.

— Mandy.

— Você a conhecia?

— De vista. Ela saía com meu irmão.

— É, eu soube.

— Não pense tanto nisso. Você mal conseguiu comer e nem quis ir às aulas.

— E você ficou comigo o tempo todo. Obrigada. — me aconchego em seu ombro, sentindo o seu calor.

— Vou deixá-la agora. Preciso ver meus pais ainda. Prometi que os veria ainda hoje. Eu não queria ir...

— Vá.

— Vai ficar bem?

— Vou, sim.

— Eu te ligo depois.

— Está bem.

Ele beija minha testa, depois meus lábios, e dá um longo abraço antes de finalmente partir. Eu o vejo desaparecer no pátio e ir até o carro no outro lado da avenida. Não faz nem cinco minutos e já sinto falta dele.

No quarto, encontro Chloe e George sentados na cama dela. Eles me encaram assim que abro a porta.

— Notícias da garota? — Pergunta George.

— Parece que ela vai ficar bem, e logo terá alta. James foi ao hospital buscar notícias quando fiquei na sala do reitor dando mais informações do ocorrido.

— Descobriu o que ela fazia lá em cima? Ela estava lá há dois dias? — Chloe questiona.

— Não sei nada ainda. Não sei ela já contou a alguém o que fazia lá. Acredito que, em algum momento, ela vai me contar. Talvez.

— Ela estava agitada atrás de você, parecia urgente. Eu disse para ela te ligar. Agora me sinto culpada por... não ter feito perguntas, talvez ela contasse o que estava acontecendo e eu a teria ajudado.

— Chloe, se ela estava em perigo, como imagino, seria difícil para confiar em alguém. É o que penso. Então não se culpe. — Tento confortá-la, porque sei que ela não tem culpa alguma, de nada.

George e Chloe saem para dar uma volta. Suspeito que querem ficar sozinhos, mas preciso do meu espaço e descansar. Aproveito que estou sozinha e abro o envelope que estava com Tina mais cedo.

"Cadê o diário?"

Sem remetente. Nenhuma assinatura.

Seria o diário de Mandy?

Abro o urso de pelúcia e puxo o diário de Mandy. Folheio mais uma vez algumas folhas e não encontro nenhuma informação que pudesse ser útil. Isso me faz pensar se poderia existir outro diário, o que não acredito ser o caso.

Sento-me no chão e cruzo as pernas. Apanho um marcador de texto da minha bolsa e leio atentamente os dias anteriores aos acidente de Mandy. Grifo palavras que se destacam, que não são nada de mais para mim, mas que pode ter sido um significado grande para Mandy. Algo me chama a atenção.

"Charles estava com V no laboratório. Perguntei a ele se estavam saindo, mas ele negou. Disse serem apenas amigos e que eu tinha que parar de ser ciumenta. Não adianta eu dizer que não é ciúmes. Eu apenas não confio nela. Charles é rico, e está no radar de garotas interesseiras, é ingênuo demais para perceber isso."

O texto é de uma semana antes de Mandy ter caído do telhado do prédio. Como não percebi isso antes?

" A V me perguntou se Charles e eu estamos sérios. Não respondi, apenas a ignorei, porque seu que ela está de olho nele e não posso deixar que ela enfie as garras no cara que eu gosto."

Quem seria essa V? Veronica? A colega de quarto dela?

As peças surgem em minha mente, embaralhadas, como pedras de xadrez flutuando, esperando para serem usadas. Remeto-me aquele dia. Mandy cai do prédio, atrás de mim. O impacto do seu corpo ecoou pelo pátio. Vou até ela, que está bastante ferida, enquanto algumas pessoas se juntam ao redor, curiosas. Não me lembro de ver Veronica antes da ambulância chegar. Se ela teve algo a ver com aquilo, deve saber a existência do diário, e agora está atrás de Tina.

Droga!

Não sei o que fazer. Como saber se estou no caminho certo?

Chloe volta do passeio, encontrando-me nervosa com o diário na mão.

— O que está fazendo?

— Chloe, a colega de quarto de Mandy, a garota que caiu do prédio, ela já veio aqui?

— A Veronica?

— Sim.

— Não, que eu saiba.

— O que sabe sobre ela?

— Não muito. É festeira, vive atrás de caras bonitões, já causou alguns conflitos ano passado, é bem problemática... É só o que sei.

— Ela e Charles... eles já tiveram alguma coisa?

— Não sei nada sobre isso. Mas, por que está querendo saber?

— Por nada. É só... curiosidade.

— Se eu fosse você, ficava longe dela.

— Por quê?

— Como eu disse, a garota é problema.

Fecho o diário e fico tentando juntar as peças na minha cabeça. Algumas coisas não fazem sentido, e eu precisava saber quem estava atrás do diário.

— Allie...

— Sim.

— Você está bem?

Não, não estou nada bem.

— Estátudo bem, Chloe. 

Até você chegarOnde histórias criam vida. Descubra agora