21.4

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Percy.

Ela me encarou quando coloquei as chaves sobre a sua palma aberta, sorrindo.

—Obrigada, namorado. 

Annabeth nunca me chamou de namorado pessoalmente, e gostei de quando o fez. Gostaria que ela fizesse mais vezes.

Gostaria que ela fizesse sempre.

—De nada. —retribuí o sorriso.

Olhou por cima do ombro, onde Piper e Hazel estavam sentadas no sofá. Piper nos espiava também, os olhos brilhando com diversão e expectativa, já Hazel não encarava tanto, apesar de também sorrir.

—Vou lá fora com o Percy, não vou demorar. —a loira anunciou, me confundindo por um momento pois eu não esperava por essa atitude.

A diversão nos olhos da morena se transformou em malícia e Haz finalmente nos encarou de verdade.

—Não precisa ter pressa nenhuma. —é o que Piper fala, piscando um olho para mim. 

Escuto as duas garotas rirem antes de sentir as mãos de Annabeth me segurarem pelos ombros e me empurrarem para o corredor, fechando a porta atrás de si.

—Eu não dormi em cima de você, ou dormi? —ela pergunta antes de eu abrir a boca.

Isso me tira um sorriso, e só fico encarando-a em silêncio antes de colocar seu cabelo atrás da orelha.

—Não que eu me lembre. Mas eu não reclamaria se tivesse feito isso.

Annabeth assentiu, minha mão ainda em seu rosto. Não estávamos nem tão próximos, mas eu já sentia meu coração errando algumas batidas. Não precisávamos nos tocar para que eu sentisse isso, bastava olhar para ela.

Olhar para Annabeth Chase era como olhar para o Sol por tempo demais, derreter sua visão, porque ela é linda de um jeito destruidor. Olhar para Annabeth Chase é como se perder no escuro sem encontrar uma saída, perdido numa imensidão infinita de incerteza, porque ela é um quebra-cabeças imprevisível, mas ao mesmo tempo encantador. 

Olhar para Annabeth Chase me cegou, e agora estou obcecado. Estou perdido no escuro, e agora preciso encontrar uma saída.

—Eu estou tão cansada, Percy. —ela sussurrou, segurando minha mão que estava em seu rosto e dando um beijo na palma, fazendo a pele formigar. — Ainda bem que você veio me ver, não estava com vontade de lidar com a sua recepcionista de novo.

Rio baixinho pelo nariz.

—A faculdade está acabando com você?

—Está. E você também. —ela abaixou a minha mão, segurando-a entre as suas e contornando as linhas da minha palma.

Franzi o cenho, observando seu polegar correr pela minha pele.

—Porque eu? —perguntei.

—Porque você me faz pensar demais, e quando eu deito a cabeça no travesseiro a noite, tudo que eu menos quero fazer é pensar.

—Pensa em mim antes de dormir? 

—Penso em você por mais tempo do que eu consideraria saudável. —sua resposta é direta, mas o tom de voz ainda é mais baixo do que o necessário.

Estou sorrindo novamente feito um bobo quando Annabeth ergue os olhos para mim.

—Diz alguma coisa. —pediu, sua expressão cheia de uma expectativa que eu não entendia o que significava.

—O que quer que eu diga?

—Que sabe o que isso significa e que não preciso falar em voz alta.

—Você não precisa me dizer nada, Annabeth. —falei no meu tom mais calmo e tranquilo, ainda sorrindo. —Eu já te disse que espero. O tempo que precisar.

Annabeth suspirou, voltando a desviar o olhar para onde sua mão ainda tocava a minha.

—Não quero que pense que estou iludindo você. — murmurou.

—Eu sei que você não está. 

—Como você tem certeza? —ela dispara quase no mesmo segundo em que termino de falar.

—Eu te conheço, e também confio em você. 

Um sorriso ameaçou se erguer no canto da boca de Annabeth, mas ela o segurou, e tive vontade de repreendê-la por isso. Seu sorriso era o mais lindo entre todos os que haviam no mundo, e ela ainda assim tinha a audácia de escondê-lo.

—Obrigada. —ela fala, o tom de voz é um pouco mais alto agora. 

Tomo coragem de me aproximar, colocando os lábios sobre a testa de Annabeth e murmurando:

—Se cuida, tá? 

Ela assentiu novamente, mas ainda permaneci com a boca ali por mais um tempinho, fechando os olhos e sentindo o cheiro do shampoo de limão que vinha do cabelo de Annabeth.

—Você também. —ainda a escuto dizer antes de forçar o meu corpo a se afastar.

Meu olhar ainda esbarra o dela, e naquela fração de segundo penso que não quero ir embora. Não mesmo. Está doendo ter de fazer isso, mas estou me forçando. A verdade é que eu queria ter um motivo para dormir com ela de novo, só que dessa vez, com Annabeth deitada em cima de mim, de preferência. 

—Eu… —mas as palavras travaram em minha garganta, e Annabeth esperou que eu completasse a frase, mas não disse mais nada.

—Mantenha os olhos abertos, Cabeça de Alga. —ela beija minha bochecha antes de entrar novamente no apartamento de Hazel, me deixando plantado no corredor.

Porque eu estivera a um passo de dizer a Annabeth Chase que a amava.

Red - (au percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora