Percy.
Fico olhando para a tela aberta no contato, hesitando com o dedo sobre o botão verde que parecia brilhar no escuro. A frente do hotel estava vazia e ventava muito, meu cabelo voando no rosto enquanto eu estava sentado no primeiro degrau da escada de pedra.
Senti os músculos dos braços começarem a doer devido a posição que eu estava, e minha cabeça parecia estar girando. Eu nunca havia bebido desse jeito na vida, e provavelmente me arrependeria quando a ressaca viesse de manhã.
Fiquei de pé, começando a andar de um lado para o outro no degrau enquanto penso se vou ou não ligar. Por fim, por puro impulso, aperto o botão e levo o telefone até a orelha.
Acho que ela não vai atender, pois já está tarde e Annabeth tem aula no dia seguinte. Ouço chamar uma, duas, três, quatro vezes, e nada dela aparecer. Estou quase sem esperanças quando atende, a voz sonolenta dizendo meu nome de maneira confusa:
—Percy?
Eu sabia que a tinha acordado, mas não me senti mal por isso. Talvez fosse efeito do álcool.
—Oi, eu… —tento começar, mas Annabeth me interrompe:
—Aconteceu alguma coisa? —acho que ela se sentou, pois ouvi um barulho abafado do outro lado da linha. —Você está bem?
—Não, não. Está tudo bem. —minha voz saiu rouca e tive que limpar a garganta. —Eu só…
—Espera. —ela me interrompe de novo. —Percy, você tá bêbado? —seu tom saiu meio indignado, meio surpreso.
Minha voz com certeza foi o que me denunciou. Fecho os olhos, apertando a ponte do nariz antes de respirar fundo, pensando nas palavras que liguei para dizer, que começaram a se tornarem turvas em minha mente no segundo em que a ouvi.
—Um pouco. —sussurro, ainda de olhos fechados.
Pude ouvir Annabeth inspirar lentamente pela boca.
—E onde você está? Está sozinho? —seu tom era calmo, mas eu a conhecia o suficiente para saber que dentro de sua cabeça deveria estar uma completa bagunça.
Assim como na minha.
—Do lado de fora do hotel, Jason e Frank acabaram de ir embora.
—Então volta para dentro e dorme um pouco, Percy. Por favor, faça isso por mim. Amanhã a gente conversa sobre o que quer que tenha te feito me ligar.
Parei de frente para um pilar, esfregando a nuca com a mão livre, o silêncio preenchendo os dois lados da linha enquanto eu refletia sobre o que fazer.
E tomei uma decisão, mesmo que tenha sido a mais estúpida possível:
—Eu liguei para dizer que não menti quando disse que te amo. Não fiz isso só para que você se sentisse melhor, mas porque é verdade. Eu amo você, Annabeth Chase. Eu amo você e cada detalhe que te faz ser quem é. Desde o seu sorriso até a sua teimosia irritante. E não tem nada que qualquer pessoa possa dizer que vá mudar isso. —espero um pouco, mas ela fica em silêncio, então continuo: —Talvez eu não estivesse completamente errado quando disse que somos um erro, e se realmente for assim, eu quero errar. Vamos errar juntos, Annabeth! Você não sai da minha cabeça desde quando te conheci, e duvido que saia agora agora que sei como é te beijar. Eu não quero que isso pare, eu não quero. Eu não quero brigar. Eu não quero hesitar antes de te mandar uma mensagem, e também não quero ter que pedir para tocar em você. Eu só quero que você seja minha.
Minha voz provavelmente tremeu e gaguejei muito para dizer tudo isso, mas saiu, assim como o peso das minhas costas, que eu carregava desde a última vez que dormimos juntos.
—Você me ligou no meio da noite só para dizer que me ama? —Annabeth quebra o longo silêncio, a voz mais baixa que antes agora.
—É. —respondo, sem hesitar. —E eu…
—Você deveria ir dormir, Percy. —ela me cortou. —Esse não é um bom momento.
—Me dá uma resposta e eu faço o que você pedir. —insisti, dispensando sua sugestão.
Ouvi ela suspirar do outro lado da linha e me virei novamente para frente, descendo mais um degrau da escada.
—Jackson, são quase três da madrugada, não me faça cruzar meia Nova York só para te colocar na cama.
—Você faria isso?
—Com certeza, se eu tivesse um carro. —rio com esse comentário, mas ela fala num tom mais sério e quase suplicante: —Percy, por favor.
—Então me dá uma resposta! —exclamei, rindo histericamente
Annabeth demora pra voltar a falar, como se estivesse procurando as palavras certas.
—Gatinho, você está bêbado. —abro a boca para protestar, mas ela continua: —E quando eu te disser essas palavras, quero ter certeza de que vai se lembrar no dia seguinte. Por isso esse não é o momento.
—Mas eu te amo. —murmurei, meio grogue, cambaleando um pouco ao descer mais um degrau.
Talvez Annabeth tenha sorrido, ou até mesmo rido ao ouvir isso. Não prestei mais tanta atenção ao que acontecia do outro lado da linha, foi como se a minha cabeça começasse a flutuar, se perdendo no vento, deixando apenas minha carcaça ali de pé na escadaria. O telefone começou a escorregar dos meus dedos.
—Eu sei. —suas palavras pareceram um ruído distante. —Então por favor, volta para dentro.
—Eu te amo. —acho que minha voz ao menos saiu dessa vez. —Eu te amo, Sabidinha.
O celular escorregou de vez, não me deixando ouvir o que Annabeth disse em seguida.
No segundo seguinte, eu apaguei.
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Red - (au percabeth)
FanfictionOnde Percy Jackson é um prodígio jogador de futebol que acabou de fazer sua estreia como profissional Ou Onde tudo que Annabeth queria era uma vida normal, mas tem essa ilusão desfeita quando seu crush de adolescência decide se declarar no meio de...