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Nota da autora:
Oi amores, esse capítulo pode conter gatilhos. Principalmente no início. Recomendo que quem é sensível a assuntos relacionados a transtornos alimentares não leia
As notas finais são muitíssimo importantes então por favor leiam
Beijos da Carol 😘❤️

"I love you, it's ruining my life"
-Fortnight, Taylor Swift

Annabeth.

Abro a porta do apartamento com a chave extra que fica na portaria. Minha própria chave fica junto com a do carro, que deixei em Montauk. Estou morta de cansaço. Não preguei o olho a noite toda, por mais que tentasse.

Vou até o quarto, pego o carregador na gaveta da mesa de cabeceira. Meu celular desligou assim que consegui pedir um táxi, umas quatro da manhã. Coloco na tomada e vou direto pro chuveiro. Estou nojenta e vestindo a camiseta de Percy.

Tem resquícios do cheiro dele nela. Tem resquícios do cheiro dele em mim. Um chupão no meu pescoço. Um no peito. Na coxa.

Ele está em todo lugar. Preciso me livrar disso. De tudo isso.

Lavo o cabelo, desembaraço, esfrego o corpo mais de três vezes, faço skin care, escovo os dentes e finalizo cacho por cacho com o resto de creme que ainda tinha no pote. Devo ter ficado mais de duas horas no banheiro. Me enrolo num roupão antes de sair, enfiando os pés dentro da minha pantufa cor de rosa.

Pego dois ovos na geladeira e esquento um pouco de óleo numa frigideira. Já são nove e meia e não estou com clima para cereal ou panquecas. Frito duas tiras pequenas de bacon junto com os ovos e coloco tudo num prato, enchendo um copo com suco de laranja trincando de tão gelado. Não tinha noção do quanto eu estava com fome até me sentar na mesa e começar a comer.

Não como direito faz dias.

Comecei a fazer terapia na semana passada. Tive duas sessões até agora, então não posso dizer se está ou não funcionando. Estou disposta a deixar isso ir, mas realmente deixar é mais difícil do que decidir deixar.

Quando Percy foi para Paris, eu vomitava tudo que eu comia. Às vezes nem propositalmente. Era só Piper me deixar em casa quando saíamos para comer juntas que eu colocava tudo para fora. Foi assim por duas semanas consecutivas. Nada parava no meu estômago e eu parecia estar sempre fadigando. Mal saía da cama para algo além do curso de desenho. O médico disse que era algo psicológico e que não adiantaria nada me receitar remédios se eu não procurasse um terapeuta, e foi o que fiz.

Mas ainda é difícil comer. Minha terapeuta recomendou que eu fizesse caminhadas moderadas diárias. É o que tenho feito. Acordo às cinco e vou correr no Central Park por uma hora ou uma hora e meia. Ninguém sabe disso além de mim, nem mesmo Piper. Nem contei sobre a terapia e minto sempre que pergunta sobre minha alimentação. Ela acha que estou melhor.

Mas Percy sabe. Percy sabe que não estou realmente bem.

Termino de comer, lavo a louça e visto uma calcinha e um pijama. Não pretendo sair de casa. Estou pensando em rever Orgulho e Preconceito de novo. Ligo o celular, que já está quase em cem por cento de bateria, mas antes que consiga ver as milhões de mensagens e ligações perdidas, alguém bate na porta da frente.

Tenho certeza de que é Piper porque foi a única pessoa para quem eu disse alguma coisa, então largo o celular e vou praticamente correndo abrir, sem nem checar o olho mágico.

Ele está bem atrás dela.

Congelo no lugar ao mesmo tempo que Piper joga os braços ao redor do meu pescoço e me envolve num abraço de partir os ossos. Ele está olhando para mim. Eu estou olhando para ele. Nenhum de nós respira.

Red - (au percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora