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*Flashback*

Annabeth.

Como dizer ao seu melhor amigo que está apaixonada por ele?

Este era o pensamento que rodeava minha mente enquanto eu descia as escadas para o vestiário, completamente eufórica. 

Sabe quando você se sente confiante quanto a uma coisa que sabe ser incrivelmente estúpida? Era o que eu estava sentindo naquele momento, apertando o corrimão de metal com a mão trêmula, engolindo em seco. Provavelmente estava pálida também, mas sabia que não voltaria atrás quando já estava praticamente a um passo de contar a verdade e finalmente me abrir para Percy da forma que ele merecia. A tirar um peso da consciência, por mais que as consequências pudessem ser catastróficas.

Eu pelo menos não morreria sem saber a resposta dele, por mais que talvez ela fosse apenas um olhar desconcertado. Eu pensava que talvez, só talvez, algum pedaço do coração dele pudesse sentir alguma coisa, por menor que fosse. A menor e mais indefesa manifestação desse sentimento seria o suficiente para mim.

Eu só não contava que a cena com a qual me depararia ao espiar para dentro do vestiário fosse partir meu coração em milhares de caquinhos quase confundíveis com pó, fazendo aquela pequena ilusão do talvez se dissolver no ar ao meu redor como uma nuvem de poeira.

Se antes eu já estava pálida e tremendo, agora eu mal conseguia me manter de pé, tendo que me escorar no batente da porta de ferro.

A sensação é igual a de levar um tombo quando se é criança e ralar a perna toda, provocando feridas feias e que ardem em contato com o ar. Aquela euforia por finalmente ter conseguido pedalar sem as rodinhas te sufocando junto com o soluço que você engole por não querer demonstrar fraqueza, porque, ei, você é forte e no fundo está orgulhosa de si mesma por ter conseguido chegar até ali. Mas essa é apenas uma mentira que você contou para si mesma, porque no fundo a decepção é pior que a dor no machucado. Decepção consigo mesma por não ter conseguido se manter firme e alcançar o objetivo. Frustração por um obstáculo no caminho ter te impedido de prosseguir, provocando a queda.

E o meu obstáculo era uma ruiva chamada Rachel Elizabeth Dare, uma garota mil vezes mais bonita e simpática do que eu. Sorria o tempo todo e tinha olhos alegres, diferentes da tempestade que habitava os meus. Rachel poderia ser a apresentadora de um famoso programa de TV, ou aquela atriz de cinema que todo mundo ama, porque ela é perfeita, e é claro que Percy gostava dela. Era a coisa mais óbvia que poderia acontecer e que eu deveria ter previsto desde o início.

Porque ele iria querer alguém como eu quando podia ter Rachel Elizabeth Dare?

E o pior de tudo é que ela me viu parada ali, por uma fração de segundo, quando sua boca se desgrudou da de Percy. Percebi quando a surpresa fez aqueles olhos cor de esmeralda brilharem, e também percebi quando sua boca se abriu, prestes a dizer algo que anunciasse a minha presença. 

Mas eu saí, tomando cuidado de não fazer barulho e chamar a atenção do moreno de costas para mim. Não sei porque Rachel não disse nada, talvez tivesse entendido o recado, e pela primeira vez na vida senti certa gratidão por ela. Nunca nos demos bem, éramos diferentes demais. Ela era um raio de sol, e eu a meia-noite chuvosa. Completamente opostas, exceto por uma coisa: a atração por Percy Jackson.

Minha vontade era de sentar naquela escada com o rosto entre as mãos e deixar que as lágrimas acumuladas em meus olhos simplesmente caíssem, mas passei quase correndo por ela, voltando para o campo lá em cima para procurar pelas minhas amigas e fingir que não tinha acabado de ver nada.

Red - (au percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora