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Will.

Me sento na grama, esticando as pernas e dando um gole longo na lata de Coca. Nico parece receoso ao fazer o mesmo, mantendo certa distância. Desde que chegamos ele ainda tem estado meio fechado, não falando muito. Nossas conversas consistem em eu tagarelando sem parar sobre alguma coisa.

Olho para o lado e observo o luar refletindo sua pele, deixando-a ainda mais pálida. Ele é realmente bonito. O rosto fica vermelho sempre que jogo algum flerte e é extremamente adorável. Passei a prestar atenção nele depois do dia do sorvete. Está sempre de fones de ouvido, descobri que ouvindo metal. Sempre toma o sabor de flocos. Preto é sua cor favorita, obviamente.

Mas ainda existe algo que tenho muita curiosidade de perguntar.

—Você tem sotaque. —afirmo, não pergunto. Nico olha para mim. —Não é nativo americano, é?

Balança a cabeça. O cabelo é preto e um pouco grande. Penso que devem ser macios e eu adoraria testar essa teoria.

Mas espero.

—Minha mãe é italiana. —responde. —Eu e minha irmã mais velha nascemos lá e nos mudamos para cá para ficarmos com o nosso pai quando ela morreu.

Não consigo não me sentir sensibilizado com a informação. Eu não sabia que ele tinha perdido a mãe.

—Sinto muito. —falo, vendo-o balançar a cabeça.

—Eu tinha quatro anos. Praticamente não a conheci. Bianca sofreu muito mais.

Um silêncio se instala. Bebo o resto da Coca e me deito na grama, observando o céu estrelado acima de nossas cabeças. Era uma noite realmente linda.

—Eu nunca conheci meu pai. —contei, olhando fixamente para o céu. —Minha mãe é cantora, sabe. Vivia viajando por aí e cometeu um erro. Ela diz que não tem certeza de quem foi o cara que a engravidou, mas não acredito. Na verdade, acho que ela sabe muito bem e tem medo que eu vá atrás dele. Mas não sei porquê.

Viro o rosto e pego Nico me encarando. Parece preocupado, mas sorrio enquanto balanço a cabeça.

—Tudo bem. —murmuro. —Já não me importo tanto agora. Era pior alguns anos atrás, mas entendo que ela tem os próprios motivos. Não posso julgá-la.

Ele assente, esfregando a nuca. Esse movimento só me faz querer sentir ainda mais a textura de seu cabelo e tento desviar o pensamento. Estamos tendo uma conversa séria aqui. Progredindo. Não deveria estar pensando nessas coisas agora.

Mas Nico deita do meu lado. Não ajuda, só piora a minha situação.

Ele aponta para o céu.

—Aquela é Órion. —tento localizá-la mas não consigo, então volto a olhar para Nico. —Na mitologia grega, Órion era um gigante filho de Gaia e foi um dos melhores caçadores de Ártemis. Morreu com a picada de um escorpião e Zeus o colocou no céu como uma constelação.

Parece empolgado enquanto fala e um sorriso idiota se instala no meu rosto. Acho que nunca o mantive falando por tanto tempo assim. Quando Nico volta a olhar para mim, cora até a raiz dos cabelos.

Não consigo me segurar.

Me aproximo, ficando com o rosto a milímetros do dele.

—Acho que vou mudar seu apelido, garoto do sorvete. —sussurro, deixando meu olhar baixar lentamente para seus lábios.

—Eu gosto de garoto do sorvete. —sua voz treme um pouco e só consigo sorrir.

—Acho que você vai gostar mais do outro.

Quando vou beijá-lo, escuto gritos vindos do outro lado do campus, ecoando na noite. Nico de assusta, se virando para olhar, extremamente sem graça.

Um grupo de veteranos está se aproximando e nunca senti tanta raiva em toda a minha vida.

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📲 Nico

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📲 Nico

📲 Nico

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Red - (au percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora