📲 Percy
Annabeth.—Você não quer mesmo que eu desminta a história do namoro? —Percy pergunta, apoiando os dois cotovelos sobre a superfície lisa de madeira da mesa e encaixando o rosto entre os antebraços.
Nego com a cabeça, bebendo mais um gole do meu café expresso quente e sem açúcar antes de erguer os ombros.
—Se as coisas começassem a ficar feias, aí sim teríamos um real problema. Até agora está tudo bem, pelo menos para mim. Se não estiver por você, já é outra história.
Ele fica me encarando, os olhos brilhando conforme um sorriso cresce em seus lábios.
—Isso nunca vai ser um problema para mim, Sabidinha.
Estou presa em seu olhar, sorrindo antes mesmo de perceber, sem conseguir sair dali, do rosto dele. As bochechas de Percy estão coradas, a covinha na bochecha aparecendo e o cabelo caindo um pouco nos olhos, como uma franja mal cortada. Ele corre a mão pela nuca, ainda inclinado sobre a mesa, apoiando-a no pescoço e estendendo a outra na minha direção, tocando as costas da minha mão com as pontas dos dedos.
—Então, namorada, quando vou poder te beijar?
Se antes eu tinha dúvidas a esse respeito, agora eu tinha certeza de que Percy estava flertando comigo. Seu dedo indicador desenhou uma linha pelo meu mindinho, um carinho que poderia ser despretensioso, mas que eu sabia que não era. Ele queria desviar minha atenção, testar meus limites, pude perceber isso pelo sorriso que eu ainda estava vendo olhando para o seu rosto.
Mordi o lábio, mas não propositalmente. Foi mais por um impulso de automaticamente refrear o suspiro que me veio à garganta e não demonstrar minha surpresa. Eu era boa nisso de disfarçar, pelo menos na maioria das vezes. Não sei o que minha expressão dizia para Percy, mas quando fiz aquele gesto automático, seu rosto tornou-se sombrio e os olhos desceram calmamente para a minha boca.
Era a segunda vez que ele fazia isso em um período muito curto de tempo, e pela segunda vez tive a exata mesma reação: ficar estática no lugar.
—Com certeza não agora. —respondi meio sussurrando, fazendo Percy voltar a erguer os olhos para os meus.
Ele engoliu em seco, puxando a mão e voltando a se encostar na cadeira e beber um gole do próprio café.
—Desculpa. —murmurou.
Franzi o cenho, sem entender.
—Por que, exatamente?
Percy olha em volta, tirando a franja do rosto e não voltando a me encarar.
—Por ficar tanto tempo pensando nisso. —quase não escuto seu sussurro.
Disfarço outra expressão, dessa vez bebendo café. Haviam duas maneiras de lidar com aquele flerte: primeira, ignorar e continuar conversando normalmente, e a segunda, que seria entrar na onda.
Eu sabia que flertar com Percy seria pisar numa área perigosa, racionalmente falando, mas o problema é que eu não estava afim de ser racional e ter que lidar com consequências chatas como o já aparente desconforto dele por achar que estava sendo invasivo e insistente demais. Ele estava insistindo, sim, e eu podia entender porque. A paixão dele por mim não passaria de um segundo para o outro, e enquanto ela ainda existisse, ele iria insistir.
E eu meio que gostava daquela situação, de ter ele flertando comigo, balançando a linha invisível que criei entre nós dois. Era perigoso porque eu sabia exatamente como acabaria caso cruzássemos ela, e o quanto isso não seria nada legal.
Mas acontece que o perigo é atraente pra caralho, e o calor que inunda minhas veias sempre que o olhar de Percy se desvia para os meus lábios também. É um calor bom, mas não bom o suficiente. Eu sabia que havia uma maneira de torná-lo ainda melhor, e que ela estava bem na minha frente agora, os olhos verdes brilhando em minha direção como se eu fosse a jóia mais bela que já havia visto na vida.
Mas ainda havia a linha que eu não estava disposta a cruzar, que tive a ousadia de balançar quando disse:
—Não tem que pedir desculpas por isso, no seu lugar eu também iria querer me beijar.
E Percy sorriu, o que fez cada tremor valer a pena. Eu adorava quando ele sorria, porque ele fica lindo sorrindo, principalmente quando é para mim. E é inevitável sorrir junto com ele, afastando o cabelo do rosto e finalmente desviando o olhar, focando a porta de vidro da cafeteria, por onde dava para ver as pessoas arrastando a própria bagagem pelos corredores do aeroporto.
Sempre soube que a cor favorita de Percy era azul, mas naquele momento eu o estava colocando-o na minha lista de coisas que poderiam ser representadas pela cor vermelha.
Pois ao mesmo tempo que ele era um amor, também podia se tornar a tentação mais perigosa de todas.
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Red - (au percabeth)
Fiksi PenggemarOnde Percy Jackson é um prodígio jogador de futebol que acabou de fazer sua estreia como profissional Ou Onde tudo que Annabeth queria era uma vida normal, mas tem essa ilusão desfeita quando seu crush de adolescência decide se declarar no meio de...