Problemas

7 1 21
                                    

Eu acordo e percebo que fazem dez dias que estou morando aqui, com Gabriel. Está sendo divertido apesar dos noticiários estarem malucos sobre nós. Ficamos na piscina, assistimos a filmes e series, dormimos, cantamos, dançamos e até mesmo desenhamos. Gosto de passar tempo com ele, faz eu me sentir bem.

Eu estou sem tomar remédios sem necessidade por mais ou menos seis dias. Ele parece estar orgulhoso, mas ficar acordado consciente me deixa mal.

. . .

Estamos tomando café da manhã numa cafeteria, e eu estou tendo pensamento suicidas de novo.

– Tá tudo bem?

Ele pergunta. E a pergunta parece soar tão irreal, porque eu nunca me senti bem em toda a minha vida.

– Olhe – ele continua – se tem algo te incomodando, você tem que me falar.

Eu bufo. Eu não tenho que contar para ele! O que ele iria fazer?

– Eu te amo muito Cauã, então por favor, confie em mim.

Talvez eu devesse lhe dizer, e mesmo se quisesse, não adiantaria porque eu não vou saber colocar em palavras. Eu apenas sinto.

– Eu te amo também, mas nem fodendo.

Ele suspira e é um suspiro pesado, preocupado.

– Tudo bem, quando quiser falar eu escuto, e se quiser tento ajudar.

Ele está sendo muito bom comigo... e eu estou sendo um babaca. Eu sou uma péssima pessoa...

– Me desculpa – digo – eu não sei como verbalizar e nem se quisesse eu conseguiria falar. Me desculpa.

– Tudo bem...

– Não, não está tudo bem! – o corto – eu estou sendo um babaca e você super compreensivo!

– Você não está sendo um babaca – ele faz uma pausa – na verdade um pouco, mas tudo bem!

– Não é porque estou péssimo, que tenho o direito que ser babaca!

– Eu sei, mas tudo bem!

Eu bufo. Sou um merda e não mereço viver. Eu nem sei o que falar dele, ele está sendo muito legal comigo, e eu? Eu me odeio porque o babaca agora sou eu. Eu queria estar bem, mas não encontro consolo. Eu gostaria de ser um namorado melhor caso um dia seja, mas duvido que ele irá me querer.

Ele paga a conta e vamos para o carro. Ele da partida e começa a dirigir. Em um certo momento, Gabriel olha para mim e coloca a mão na minha coxa, ele aperta – isso me deixa envergonhado, mas eu gosto – e acabo soltando um gemido baixo, mas ele não a solta. Eu suspiro.

– Você realmente me ama? – pergunto.

– Claro, claro que amo! – ele me olha, mas volta a olhar para a rua – porque a pergunta?

– Eu achei que nunca seria possível alguém me amar – solto um suspiro – e ainda acho...

Ele para o carro na calçada e me puxa pela cintura, me trazendo para perto dele.

– Você pode não acreditar, mas eu te amo.

Ele diz e me beija. Ele me beija como se fosse ultima vez que iria me beijar de novo. Ele para o beijo.

– Vamos para casa.

Ele volta a dirigir. E eu ainda me sinto mal. Sinto culpa, mas estar, tristeza, ansiedade, e outras coisas que não consigo colocar em palavras. De qualquer forma, eu estou péssimo e quero ficar dopado e dormir. Dormir por mais de seis horas.eu só não quero continuar aqui e muito menos assim.

Chegando em casa me tranco no banheiro. Me agacho, ficando sentado de costas para a porta.

– Tá tudo bem? – ele pergunta do outro lado da porta.

Eu não respondo, e meu celular vibra.

Gabriel e Cauã são pegos se beijando dentro de um carro

Entenda e leia a baixo

Cauã da banda Caveiras cantoras e seus segredos

Leia a baixo

Eu começo a chorar. Tudo tá dando errado para mim e principalmente ele, talvez devêssemos terminar.

– Ah você leu as notícias – ele murmura. Eu o ouço se sentar de costas para a porta como estou – vai ficar tudo bem, e sobre seus segredos eu...

– Não vai ficar tudo bem! – o corto – eu... me desculpa, acho que deveríamos terminar.

– Eu estrago e estou estragando sua vida e não quero que as coisas piorem, me desculpa.

– Você não estraga minha vida – ele bufa – minha vida é melhor porque a gente parou de se odiar, Cauã.

Eu me levanto e destranco a porta. Abro ela. Ele está parado em pé de frente para porta. Eu vou até que ele e o abraço.

– Se você ainda quiser terminar...

Eu o beijo.

– Eu espero que realmente não estrague sua vida.

Ele sorri para mim e eu faço o mesmo.

. . .

– Cauã – diz ele – está acordado?

Ele pergunta isso a uma e trinta e sete da manhã.

– Sim, não consigo dormir.

– Sobre seus segredos daquela manchete...

– Eu não li – o corto.

– Tudo bem, mas quero que saiba que vou te amar independente daquilo ou não. Seu ex foi babaca de expor tudo por grana e saiba que eu nunca faria isso – ele beija minha nuca – ok?

– Está bem – eu quero dizer que lhe amo – eu te amo.

Ele se senta meio torto e me vira de barriga para cima e me beija.

– Eu te amo também, bobo.

Ele se deita de novo e dormimos, pelo menos eu durmo.

Um amor entre notas músicaisOnde histórias criam vida. Descubra agora