Tudo e ao mesmo tempo nada

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Gabriel é meio tan-tan das ideias então inventou de fazer um piquenique no parque, mas acho que esqueceu que somos famosos e que não nos daríamos paz e que teríamos que alugar o parque, o que deve ser impossível. Depois ele inventou de fazer na piscina o que é outra péssima ideia já que comer na água ou comer e entrar nela depois de comer é totalmente indigesto. Ele resmunga um pouco e dá ideia de chá da tarde e eu o chamo de idoso.

– Até parece que não quer passar tempo comigo – ele resmunga – tudo de ideia que eu dou nada tá bom.

Reviro os olhos.

– E se se um piquenique na cama? – ele diz com um sorriso.

– Não sei se estou com muita malicia na cabeça ou eu entendi certo. A comida sou eu?

– Não, eu estava falando de alimento mesmo.

Faço uma cara de indignação.

– Pode deixar então.

Ele entende que é brincadeira.

– Se fizer greve eu faço pior – ele diz.

– Tipo...?

– Vou ficar te provocando e no fim vou ir dormir – ele começa a provocação, mas ele sabe que não ganha de mim.

– Você não vai resistir – provoco de volta.

– Quer apostar? – ele provoca de novo.

– Topo apostar que você não vai ter ideia de piquenique que vai me convencer de ter um piquenique – cruzo os braços – além do mais, isso é muito clichê.

Ele dá de ombros.

Nós somos muito clichês.

Ele tinha um ponto.

Ficamos em silencio por um tempão já que ele não tinha mais ideia nenhuma, até que ele faz uma expressão de a lâmpada acendeu.

– Piquenique de madrugada, na praça porque não vai ter ninguém eu acho e ouvindo música nos fones de ouvido.

Descruzo os braços e deito minha cabeça na mesa.

– Não é ruim, mas também não é boa.

Ele bufa.

– O que eu você quer então Cauã!? – ele parece estar ficando bravo.

– Desculpa – digo.

Sua expressão de estressado muda pra culpa.

– Me desculpa, eu não queria me estressar e principalmente com você. Odeio te magoar.

Ainda com a cabeça deitada olho pra ele.

– A gente não pode ficar na piscina de boa sem isso se piquenique?

Ele assente e nos trocamos de roupa. Ele liga o aquecedor e ficamos lá por um tempo brincando igual crianças na água. Ele joga água em mim e eu faço o mesmo. Eu o empurro do degrau na escada e ele faz o mesmo. Enfim, crianças.

Nós encontramos no meu da piscina e eu o abraço com as pernas e os braços, apoio minha cabeça no seu ombro também. Ele envolve seus braços pela minha cintura. Tiro minha cabeça de seu ombro e olho. Ele faz o mesmo, mas me olha no fundo dos olhos com um sorriso bobo meio fechado, sorrio para ele e seu sorriso se abre. Puxo o mesmo para um beijo e ele cede por certo momento, mas para no meio. Olho nos seus olhos com dúvida.

– Eu queria tirar uma foto nossa agora – ele diz – isso foi muito bobo eu sei.

Me solto dele e busco seu celular. Voltando para a água ele está com a cabeça deitada na borda de piscina – esqueci o nome disso – ele vira o olhar pra mim. Me agacho na sua frente e entrego o celular, entro na água devagar. Ele larga o celular em cima da borda da piscina e me abraça forte, eu o abraço de volta e ficamos assim por um tempo. Ele me solta, senta na borda da piscina e pega o celular. Me sento ao seu lado. Ele tira uma foto nossa e posta nos stories.

. . .

Ele está deitado olhando pro celular com uma expressão tensa e meio triste. Me jogo do lado dele na cama e olho pro seu celular. Está cheio de comentários ruins sobre a foto que ele postou quando voltou da prisão. Ele desliga o celular e olha pra mim, eu olho pra ele. O mesmo pega meu rosto e beija minha testa. Ele apaga as luzes e vamos dormir e eu me sinto culpado por ele estar recebendo todos esses comentários ruins pela sua forma de amar. Talvez ele estivesse melhor sem mim. Talvez eu estrague a vida das pessoas, inclusive a dele. Eu deveria me afastar já que sua vida está ruim assim, sou um péssimo namorado.

Um amor entre notas músicaisOnde histórias criam vida. Descubra agora