Ligo para a minha mãe e ela atende com dois toques.
– Oi meu amor. Tudo bem? – ela diz.
Eu assinto, mas isso não adianta muito por chamada de voz.
– Acho que sim, e você?
– Estou sim, meu bem – ela diz – porque me ligou?
– Podemos marcar de nos ver num restaurante? Eu, você e Gabriel?
– Ah seu namorado? Claro! É bom para mim conhece-lo melhor.
– como você sabe? – pergunto.
– Sua mãe tem quarenta e nove anos, mas é bem informada – ela diz como se fosse um tipo de Sherlock Holmes mulher – tá passando em todos os jornais e noticiários.
Merda. Merda. Merda.
Mando uma mensagem de texto para Gabriel em quanto falo com minha mãe.
Amor :)
me desculpa. Me desculpa se eu te pressionei a se assumir. Não era minha intenção. Eu gosto muito de você, sério. Você tá bem? Viu o que está passando nos noticiários e os comentários do insta? Se sim me desculpa e não me odeia por favor, eu te amo muito, ok? Me desculpa.
Ele visualiza e começa a digitar.
Que? Amor, foda-se eles. O que importa é se estamos bem!
Sorrio para o celular e o guardo.
– Depois eu passo aí para sairmos para algum lugar – digo.
– Tá bom meu amor, bom ensaio – como ela sabe que estou no ensaio?
Desligo o telefone e o resto da banda chega e ensaiamos um pouco. Ensaiamos para a próxima turnê em São Paulo. Ela vai pegar varias cidades grandes como Rio Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo, entre outras. Essa turnê vai ser baseada no último álbum, porque não fizemos show quando lançou.
Gabriel vem me buscar como de costume e vamos para a casa da minha mãe. E chegando lá ela nos recebe já arrumada para sair.
– onde vamos? – ela pergunta.
– Bar, restaurante, pizzaria, são muitas opções – digo – enfim, o que vocês querem?
– Sinceramente eu queria um hambúrguer, mas deixa sua mãe escolher – ele se aproxima de mim – minha sogrinha – ele sussurra no meu ouvido.
Dou um soco leve no seu braço.
– Vamos comer num restaurante que tem hambúrguer para todos ficarem felizes – ela diz.
Saímos da casa dela e vamos para um restaurante.
. . .
Eles pedem comida e eu combinei em dividir a batata com eles já que não como muito. O hambúrguer de Gabriel chega primeiro, depois a batata, e por ultimo a comida da minha mãe. Comemos em quanto conversamos.
– Você não está surpresa por eu namorar a pessoa que eu mais odiava e ser bissexual? – pergunto.
– Eu já sabia que você era bi. Uma vez quando pequeno, você chegou em mim e disse que se fosse menina namoraria com um garoto da escola. Além do mais, você tinha aquele namorado babaca.
– Eu não me lembro – digo.
– Como não se lembra que o nome do nosso vizinho era Rodrigo em vez de Paulo.
– Foi você que disse que era Paulo.
– Eu sempre disse que era Rodrigo. Você é um péssimo filho, Cauã – faz uma pausa – agora meu filho é o Gabriel.
– Mas...
– Nada disso. O Gabriel é um ótimo filho.
– Você nem conhece ele direito pra falar isso!
– Como você não conhece o vizinho.
– Você me disse que era Paulo, e que isso te lembrava os Beatles por causa do Paul McCartney.
– Olha gente, muito bacana falar de Beatles e vizinhos, mas a gente pode falar sobre meu relacionamento com seu filho? – Gabriel diz.
– Ele não é mais meu filho – minha mãe diz.
Bufo.
– Está bem mãe, você venceu. O nome dele era Rodrigo.
Ela sorri para mim e voltamos a comer em quanto falamos do meu relacionamento com Gabriel – tirando as partes de sexo. Ela não precisa saber disso – em geral. Sobre o lago, as festas e outras coisas. Eu amo como Gabriel está animado em contar para a minha mãe, como se ele realmente quisesse assumir pra todo mundo que namora comigo.
– Praticamente é isso – digo.
Gabriel cruza os braços.
– Vocês não transaram? – ela pergunta num tom embasbacada.
Ficamos vermelhos e não respondemos.
– Já entendi – ela suspira – pelo menos vocês se amam e não fizeram apenas por prazer.
Não respondemos.
– Estou enganada?
– Não, não! – exclamamos ao mesmo tempo.
Ela sorri.
. . .
Pagamos a conta e estamos no carro levando minha mãe para a casa dela. Antes dela sair do carro ela para.
– Estou feliz que arrumou um namorado que é uma boa pessoa – ela faz uma pausa – e eu tenho certeza que o nome dele era Paulo.
Ela desce, fecha a porta e vai para dentro da casa.
– Sua mãe é confusa as vezes, mas é muito gente fina – ele diz.
– Gabriel – suspiro – quem diz "gente fina" em pleno século vinte e um?
Ele dá de ombros, e vamos em bora. Minha mãe aceitou muito bem, eu esperava que fosse pior. Comparando com as nossas reuniões de família, ocorreu muito bem. Eu amo o fato de que Gabriel gostou dela.
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Um amor entre notas músicais
RomanceCauã é um famoso cantor de rock que tem apenas 21 anos. Já Gabriel tem 22 anos e é o cantor de músicas problemáticas de acordo com Cauã. Ele odeia tudo em Gabriel. Tudo mesmo! E esses dois cantores famosos se odeiam e tocam tipos de músicas parecido...