Fujitora, Uma última vez

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Eu lembrava de uma época distante, onde um superior dependia de um dado para fazer suas escolhas.

Mas isso já faz muitos anos. E pensar que realmente valeu a pena repetir a mesma bronca várias vezes, até que entendesse que um simples objeto não poderia ser uma desculpa esfarrapada para fazer o que quisesse para sempre.

Por incrível que pareça, ele encarou a opinião que eu tinha como uma verdade absoluta, e apenas largou o pequeno objeto no bolso. Todas as vezes que voltava de alguma encrenca, aquele bom homem me contava histórias e dizia suas opiniões abertamente no convés do navio, enquanto desfrutava de uma boa tigela de comida.

Sempre me dava conselhos sábios, que coincidentemente me ajudava a entender meus problemas pessoais, isso sempre me atraiu nele, sempre sabia o que dizer para qualquer tipo de situação.

Uma vez, este homem me disse :
"Pessoas sábias temem o trovejar do céu, temem o lamento das ondas, nunca temem a morte, mas tremem sob a ira de uma pessoa gentil."

Um dia, ele me contou sobre um jovem que conheceu em Dressrosa. Seus telefonemas sempre acabavam com várias indagações sobre o que ele fazia, já que ele não podia ler jornais.

De bom grado, eu sempre narrava todas as coisas que chegavam nos jornais sobre ele, Fujitora parecia tentado com todas as histórias malucas que aquele menino se metia.

E mesmo sem querer, o próprio chapéu de palha foi o motivo para que as portas do meu céu azul se abrissem. Eu e o homem do outro lado da linha nos aproximamos mais e mais, e ele me convidou a ficar ao seu lado por tempo indeterminado, o que aceitei sem pensar duas vezes.

Foi a partir daí, que viramos uma dupla sem rumo, todos os dias, era uma aventura diferente, enquanto todas as noites, líamos o jornal do dia, e falávamos sobre o motivo de nossa união.

Eu o seguia para qualquer lugar que quisesse, fazia qualquer coisa que queria, eu o queria bem, eu o queria para mim, mas as coisas não são tão fáceis assim.
Diria que para mim, foi uma grande sorte tê-lo como meu parceiro para toda vida, ele foi e sempre será o pai que nunca tive. Ainda lembro daquele fatídico dia com carinho, porque foi a última vez que o vi.
Até no seu último suspiro, seus desejos se voltavam as suas fantasias em ver como eu era de verdade, queria ver meu rosto, a expressão que eu fazia, como me vestia, cor de cabelo, cor dos olhos... Se arrependia profundamente, se lamentava e se culpava por ser tão limitado.

Eu nunca o culpei, sempre o amei, nem na sua morte me esqueci de tudo que fez por mim, foi uma pessoa incrível, que acreditava em algo além da escuridão que o rodava. Foi alguém que não aceitava os seus limites, sempre queria interagir com mais e mais coisas, para suprimir a culpa que tinha por não olhar para mim todos os dias.
Mas sempre dizia que não se arrependia do que vivera, foram pequenos momentos considerados insignificantes que mudaram sua vida, foram pequenas falas, pequenos passos, pequenas mudanças e atitudes que mudaram toda a sua vida.

Agora, descansa em paz, muita gente deve esquecer dele, mas eu nunca vou esquecer de quem ele foi para mim, e tenho certeza que quem o conheceu também não o esquecerá.

Não estou escrevendo isso para que se lembre dele tanto quanto eu lembro, mas sim, quero eternizar meu carinho por ele. Descanse em paz, agora e sempre, mestre Fujitora.

- S/n, 4 de setembro de 2023.

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