CAPÍTULO 6

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Após terminarmos o café, minha mãe saiu para o escritório e avisou que deixaria o carro dela a minha disposição. Falei para Gael se arrumar pois iriamos comprar algumas coisas para a festa dele, encomendar as comidas e bebidas e que queria ir levá-lo para comprar o presente.

Não demorou nem 15 minutos e ele já estava pronto, mais uma vez lindo e cheiroso. Entramos no carro e antes de sairmos liguei para Manoela, que prontamente se dispôs a nos encontrar naquele dia mesmo. Marcamos para a hora do almoço num restaurante.

Saímos de casa em direção a uma confeitaria para encomendar os doces. No caminho, aproveitamos para colocar o assunto em dia, desde que cheguei, não tivemos tempo para conversar a sós.

- Nossa, impressionante como o trânsito nessa cidade piora cada vez mais – eu disse, inconformado como o trânsito parado.

- E é todo dia assim, independente do horário, a tia nem gosta de dirigir muito por causa disso, sai quase sempre com o Tobias – respondeu Gael, referindo-se ao motorista da minha mãe.

- Impressionante, é igual Nova York. Mas me diga, ansioso para atingir a maioridade, virar gente grande? – perguntei, dando uma leve gargalhada.

- Engraçadinho – respondeu, dando risada – já sou grande, não tanto quanto você – realmente, tínhamos quase 10 cm de diferença – mas acho que estou normal, o que pode mudar tanto assim?

- Como nosso pai dizia, já pode ir preso se aprontar algo – respondi, lembrando que nosso pai disse a mesma coisa para mim quando completei 18 anos.

Percebi que fiz um comentário que trouxe a memória dele a lembrança dos pais, o que fez seu rosto mudar de um lindo sorriso, para um ar de tristeza, que incrivelmente também o deixava lindo, tive vontade de abraçá-lo e não soltar mais. Mentira, o desejo mesmo era de beijá-lo.

- Perdão Gael, não queria te deixar triste – falei, colocando minha mão sobre sua perna – falei sem pensar, se a dor para mim já foi grande, imagina para você. Mas saiba que os dois estão unidos, olhando por você e desejando que seja feliz.

- Não tem problema Lui, aprendi a conviver com a dor e agradeço muito ao apoio que sua mãe e o tio Álvaro me deram, sem vocês não sei o que teria feito. Sei que eles estão num bom lugar, só tenho dúvidas se estão orgulhos de mim – respondeu ele, olhando para fora do carro.

- Que bobagem Gael, não consigo enxergar um defeito em ti que pudesse fazer com que eles não se orgulhassem do filho que tiveram. Por que diz isso? – indaguei, tentando entender o porquê daquilo.

- Tem coisas que estão além do nosso querer – respondeu, ainda sem me olhar – meus pensamentos me fazem questionar se estou fazendo o certo.

- Não entendi Gael – questionei, tentando saber ao que ele se referia.

- Nada Lui, vamos deixar isso para lá.

Cada vez mais ficava confuso, será que na cabeça de Gael passavam as mesmas coisas que na minha? Mas como poderia, somos irmãos! Eu só poderia estar doido, não era possível que eu pensasse algo com meu irmão e pior, que ele ainda retribuísse isso.

Tentei tirar aquela ideia da cabeça e puxei outros assuntos triviais com ele. Consegui afastar um pouco dos pensamentos e ele voltou a sorrir novamente. Chegamos até a confeitaria, encomendamos um bolo e alguns outros doces. Por sorte eles tinham ampliado o cardápio e passaram a fornecer salgados também. Fechamos um pacote com toda parte de alimentos. Quando saímos de lá, por já ser quase o horário marcado com a Manoela, seguimos direto para o restaurante. Chegando no local, já avistei ela na porta. Quando me viu, gritou como a doida que sempre foi.

AMOR DE IRMÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora