Terminei de me arrumar e passei no quarto do Gael, mas ele não estava.
- Mãe, você viu o Gael? - perguntei, passando na biblioteca onde minha mãe estava.
- Ele disse que ir sair, até pensei que iria com você, mas falou que era com um amigo - ela respondeu.
- Entendi. Bom, estou indo encontrar o Vitor - falei, me despedindo da minha mãe.
- Ok meu filho, pode pegar o meu carro, se for passar a noite fora manda uma mensagem e tome cuidado por aí, você já está muito tempo morando fora e São Paulo tem se tornado uma cidade complicada.
- Pode deixar mãe, até mais tarde.
Segui em direção ao prédio onde os pais de Vitor moravam e ele estava hospedado. Mandei uma mensagem avisando que tinha chegado e ele pediu para entrar no prédio, que poderia estacionar na vaga de visitantes e subir, pois ele estava terminando de se arrumar. Estacionei o carro e segui para o apartamento.
- Meu Deus, como você está mudado Luigi! - a mãe de Vitor respondeu, ao abrir a porta.
- Nem é para tanto tia Isabel - respondi, dando um abraço dela - a senhora que continua uma gata!
- Se não te considerasse como um filho e o Paulo não tivesse em casa, até pensaria em considerar esse teu elogio como uma cantada - ela disse, brincalhona como sempre - Entre, o Vitor está terminando de se arrumar.
- Obrigado! E o tio Paulo, como está? - perguntei, sentando no sofá.
- Eu estou bem, sem entender ainda como você não se tornou meu genro e a Amanda casou com aquele paspalho do Jorge - Paulo disse, dando gargalhada enquanto terminava de servir uma dose de uísque no bar.
- Não fala assim Paulo, o Jorge é um bom rapaz, meio lerdo, mas um bom rapaz - Isabel dizia.
Nos abraçamos e ficamos conversando, era incrível como Paulo e Isabel continuavam brincalhões, nem pareciam dois médicos - cardiologista e neurologista - tão conceituados no mercado, quem olhava num ambiente de descontração, poderia pensar facilmente que eram comediantes de stand up.
- Pelo jeito, os anos passam, mas o Luigi continua sendo o queridinho desse família - Vitor disse, ao entrar na sala.
- Eu falei que até hoje não entendo como não tenho ele como genro - Paulo falou.
- Quem sabe ele ainda não entra para família - Vitor disse, me olhando - Vai que a Amanda se separa e consegue fisga-lo, finalmente.
- Nem conheço esse Jorge, mas já tenho pena de como ele é "amado" nessa casa - falei, tentando não demonstrar minha vergonha com a fala do Vitor, era óbvio que ele não se referia a Amanda.
- Bom, vamos indo então? - Vitor perguntou
Nos despedimos dos pais de Vitor e seguimos para garagem.
- Então, para onde vamos? - perguntei, ao entrarmos no carro.
- Bom, pensei em irmos na região da Rua Augusta, tem uns barzinhos bons por lá que tocam música, o que você acha?
- Por mim, tudo bem, meu guia aqui hoje é você - falei, saindo com o carro da garagem.
- Cuidado, esse teu guia pode te levar para o mau caminho.
Seguimos para região da Rua Augusta e era incrível como o local continuava movimentado, mesmo para um Domingo a noite. Parei o carro num estacionamento e seguimos para um barzinho. Pedimos alguns drinks e ficamos bebendo e conversando por um bom período. Vez ou outra seguíamos para uma pequena pista que tinha no ambiente para dançar um pouco. Era incrível como Vitor era desenvolto e principalmente chamava atenção. O local era bem diversificado, víamos casais gays, héteros e solteiros das mais diversas sexualidades. E era notório que homens e mulheres lançavam olhares para Vitor e - não posso negar - para mim também. Mas acho que por dançarmos juntos, ninguém chegava em nenhum dos dois imaginando que fossemos um casal.
- Você sempre chamando atenção - falei, ao sentarmos novamente numa mesa.
- Pois é, mas de quem eu quero mesmo chamar a atenção, não tem me notado ainda - ele falou, tocando a minha mão - Ou será que essa pessoa é comprometida?
- Sempre direto, não é Vitor - respondi, sem graça com a situação.
Não podia negar que Vitor foi uma das minhas paixões de adolescência e o tempo só tinha feito bem para ele. Mas, diante de tudo que aconteceu na última semana e com meu retorno para NY programado para 2 dias, a última coisa que precisava era mais uma confusão amorosa.
- Você sempre gostou da minha forma direta de ser - ele falou, alisando minha mão - E, a menos que você tenha alguém, não vejo problema de recordarmos os velhos tempos. Você está namorando?
- Gael?! - falei.
- Seu irmão, vocês estão namorando? - ele perguntou, espantando.
- Nã ... Nã ... Não! - falei, gaguejando - É que meu irmão está entrando aqui, com o Dani!
Não podia crer no que meus olhos estavam vendo. Gael, no mesmo barzinho que eu e ainda com aquele infeliz do Dani!
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AMOR DE IRMÃO
Короткий рассказDois irmãos, laços de sangue, até onde isso pode definir o que é certo ou errado? Difícil dizer o que é permitido ou não quando nosso coração nos prega uma peça.