Eu não podia crer no que estava vendo. Gael estava com o rosto machucado, com um corte na lateral da boca e o olho roxo. Quando segurei em seus braços, percebi que ele reclamou de dor também.
- Gael, o que aquele Dani fez com você? - perguntei, tomado pelo ódio.
- Como você sabe que foi ele? - ele perguntou, espantado.
- Não importa como eu sei, quero saber o que ele fez e qual o motivo - minha ira era tanto que meu tom de voz já começava a subir.
- Fala baixo Lui, não quero que ninguém escute e me veja assim - ele disse, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
- Vamos para o seu quarto então e você me explica essa história.
Enquanto ele subia, passei na copa e peguei um kit de primeiros socorros para tratar os machucados. Preparei um suco de maracujá bem forte também, só não sei quem precisaria beber para se acalmar, já que meu sangue fervia de ódio. Segui para o quarto dele e o encontrei no banheiro, sentado no chão do box, chorando.
- Gael, o que aconteceu? - perguntei, me agachando perto dele.
- Eu sou um burro Lui, eu sou um burro - ele falava, entre choro e soluço.
- Não diga isso - mesmo de roupa, sentei ao seu lado e o abracei - Você não é burro, mas precisa me contar o que aconteceu.
Sem as roupas, deu para ver que além do rosto, Gael tinha algumas marcas nos braços e costelas.
- Foi aquele Dani que fez isso com você? - perguntei, tentando demonstrar mais calma.
- Eu ... Eu ... Eu - Gael só gaguejava, seu choro passou a ser tão compulsivo que ele não conseguia formular nenhuma frase.
- Olha pra mim - segurei em seu rosto e direcionei ao meu - Pode confiar em mim, quero que me diga o que aconteceu pra que eu possa entender e te ajudar. Vem comigo.
Levantei-o do chão, peguei um roupão e seguimos para o quarto. Deitei na cama, aninhando ele em meus braços.
- Pode me contar, eu só quero te ajudar - perguntei, enquanto acariciava seus cabelos.
- Eu não queria Lui, mas não sei - ele começou a falar, ainda chorando - Fiquei com tanta raiva quando vi que você sairia com aquele rapaz que no impulso acabei ligando para o Daniel e marquei de encontra-lo. Fomos jantar numa lanchonete e depois ele quis ir num barzinho comigo, disse que era uma forma de se redimir pelo papelão que ele fez outra noite. Eu sei que não deveria ter aceitado, nem ter ligado para ele, mas ainda no impulso topei. Até que ele estava tranquilo, mas chegando lá ele começou a beber bastante, mesmo tendo ficado pouco tempo. Falei que iria vir embora, mas ele insistiu para me trazer, disse que estava bem. No caminho ele pediu para passar na loja dele pois precisava pegar uma coisa. Eu não queria Lui, eu não queria - seu choro voltou de forma copiosa.
- Calma Gael, respira, toma um pouco do suco e termina de contar - já estava preocupado com o rumo que aquilo estava tomando.
- Quando chegamos na loja - Gael continuou relatando o ocorrido - Ele estacionou o carro e desceu, deu a volta no carro e abriu a minha porta e foi me puxando pra fora. Fiquei sem entender nada e ele começou a querer me beijar, tentei recuar, mas ele me prensou contra o carro, me dando socos na costela e apertando meus braços. Dizia que iria me tratar como eu merecia. Ele me virou de costas e tentou, tentou - suas palavras nem conseguiam sair da boca.
- Ele abusou de você Gael? - perguntei incrédulo e com mais ódio ainda.
- Não, eu consegui dar uma cotovelada nele e tentei correr - ele respondeu - Mas fui derrubado no chão, foi quando ele veio por cima de mim e acertou meu rosto com dois socos. Disse várias barbaridades, seus olhos estavam como eu nunca tinha visto, era como se o ódio consumisse ele. Eu não queria Lui, eu juro que eu não queria, mas vi um pedaço de algo no chão e consegui acerta-lo. Ele caiu e eu sai correndo pela rua, por sorte alguns metros a frente estava passando um táxi e eu consegui chegar até aqui. Eu não queria machucá-lo Lui, eu juro, mas só consegui me defender assim - seu choro voltou.
Abracei Gael e não consegui ter mais nenhuma reação. Como assim, ele acertou aquele infeliz e ele ficou caído? Será que Gael tinha machucado muito, ou pior, matado o Dani?
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AMOR DE IRMÃO
Historia CortaDois irmãos, laços de sangue, até onde isso pode definir o que é certo ou errado? Difícil dizer o que é permitido ou não quando nosso coração nos prega uma peça.