1. Déjà vu.

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Boa leitura!

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TAEHYUNG


— Alguém está falando de mim pelas costas, não consigo parar de espirrar desde ontem a noite. Atchim! — Bogum espirrou mais uma vez enquanto colocava a xícara de café na mesa de mármore.

Estávamos sentados em frente ao prédio de Educação Física e eu não conseguia parar de olhar para ele, murmurando desculpas mentalmente. Sabia que tinha feito uma grande besteira ao dar o nome do meu amigo para aquele homem na noite passada.

Ele poderia negar se fosse confrontado, mas a culpa pesava em mim. Não pensei nas consequências quando falei o primeiro nome que me veio à cabeça — estava nervoso, agi por impulso e agora estava apavorado com o que isso poderia acarretar para Bogum.

— O que você está olhando, bobão? — Hyungsik perguntou, se juntando a nós.

Bogum e Hyungsik eram meus melhores — e únicos — amigos. Minha introversão fazia as pessoas presumirem que eu era antipático, talvez a tatuagem no meu braço esquerdo também contribuísse para a imagem de jovem rebelde e delinquente.

Estávamos no segundo ano do curso de Educação Física em uma das universidades mais prestigiadas do país graças a bolsa de atleta, ser campeão de Taekwondo no colégio facilitou minha vida em alguns aspectos.

— Podemos ir a boate hoje se terminarmos o trabalho mais cedo? — Bogum perguntou, distraído sem desviar os olhos do celular concentrado em algum jogo.

— Por que você não me ajuda antes de pensar em sair para beber? — Hyun resmungou, claramente irritado por estar fazendo o relatório sozinho há algum tempo.

— Quando acabarmos a gente vai. Que tal? — sugeri, tentando acalmar os ânimos.

Bogum adorava ir ao bar onde eu trabalhava. Os dois costumavam ir juntos com frequência já que também eram próximos da dona, quase tanto quanto eu.

— Ok, vamos terminar logo então.

Bogum finalmente largou o celular, e nos apressamos para concluir o relatório.

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Algumas horas depois estávamos sentados no The Root Club, a boate da minha chefe e amiga, Jane. Eu já havia trocado minha roupa casual pelo uniforme e estava pronto para começar meu turno, mas ainda aproveitava o tempo livre com meus amigos.

— Tae, você tem um pedido — Jane, a mulher de meia-idade elegante, caminhou até mim. Abri um sorriso enquanto pegava o pedaço de papel com o pedido.

Jane e eu somos bastante próximos. Ela é uma mulher confiante que sempre usa vestidos tradicionais chineses, cada dia em uma cor diferente, o que a faz parecer ainda mais imponente. Sou eternamente grato por ela ter me dado a oportunidade de trabalhar como barman no seu clube.

Tenho que admitir que sou bom no que faço e as gorjetas confirmam isso — a maioria, é claro, vindo de clientes mulheres. Jane costuma brincar que elas vêm aqui só para me ver e talvez haja um pouco de verdade nisso. Algumas se sentam no bar e passam a noite toda me observando, satisfeitas em apenas olhar.

De vez em quando eu saio com alguma delas, mas só se realmente me interessar, o que não acontece com frequência. Por exemplo, a mulher para quem eu acabei de servir um coquetel estava me olhando como se eu fosse um pedaço de carne.

Proof of loveOnde histórias criam vida. Descubra agora