Chamas Traiçoeiras

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- Cidade de Ignuss, Capital do Reino de Pyror: 9 anos atrás -

Era um final de tarde na gigante capital do reino do fogo. Em canto qualquer, entre as construções do distrito comercial, uma figura encapuzada estava de costa para a rua, abaixada olhando para o beco. Podia perceber que era um homem, por sua forte musculatura, mas nada além disse era possível descrever do mesmo.

O mesmo conversa com alguém, na verdade, com algumas crianças. Em sua frente estava um menino com seus oito anos de idade, com roupas maltrapilhas, descalço e com a bochecha suja, encarando o homem a sua frente fixamente com suas duas orbes âmbar brilhantes. Com o mesmo havia duas crianças menores. Agarrado à sua camisa, um garoto loiro, com seus cinco anos e estava na mesma situação que o irmão. E no colo do maior estava uma pequena menina ruiva dormindo profundamente, a mesma aparentava ter três anos de idade.

??? – Ash, fique aqui e cuide de seus irmãos... – aquela voz grave e séria soou nos ouvidos do mais velho – Eu irei ver se consigo um pouco de comida para nós... – levantou virando o rosto para a rua.

Ash – Papai não nos deixe sozinhos aqui, nos leve junto... – pedia assustado.

??? – Não filho, preciso que fique aqui cuidando dos seus irmãos – bagunçou os fios avermelhados da cabeça do garoto soltando um sorriso.

Ash – Mas... – foi interrompido.

??? – Sei que posso confiar em você... – passou ao garoto confiança com aquelas palavras.

Ash – Tudo bem! – sorriu minimamente segurando mais firmemente a pequena em seus braços.

??? – Ótimo! Eu voltarei logo... Verei se consigo algum meio de sairmos da cidade também – informou virando-se para sair do beco.

Ash – O-Ok, volte logo papai! – sorriu revelando suas presas sobressalentes.

??? – Eu voltarei logo, eu prometo – virou-se fazendo o grande capuz negro dançar ao vento – Até logo, filho... – disse de costa, sumindo na multidão de pessoas que circulavam aquela rua.

Horas então se passaram e a noite já havia caído, mas nada de seu pai retornar. Aquelas três crianças continuaram ali, firmes, sendo sustentadas pelo irmão mais velho. Uma forte chuva então começou a cair, não deixando ninguém nas ruas, exceto pelo trio de irmãos que sentiam as gotas de água geladas caírem sobre seus corpos, os esfriando.

Os olhos de Ash começaram a perder o brilho que o mesmo mantinha no olhar por horas. Os fios vermelhos caíam sobre sua testa, grudando na mesma por causa da chuva. A pequena, em seus braços, resmungava apertando seu abraço ao irmão. O loiro apenas chegou mais para perto do irmão pare tentar se aquecer. Já o mais velho ao menos mexia um músculo, desde que seu pai havia partido.

Ash – Onde o senhor está, papai?! – sussurrou para si ao perceber que aquele homem não viria.

??? – Ei garoto, o que está fazendo nessa chuva?! – uma voz desconhecida soou no ouvido de Ash o despertando de seus pensamentos.

O garoto não havia percebido, mas uma carruagem havia parado em frente ao beco e a porta da mesma havia sido aberta por um homem muito bem-vestido. Era um ruivo com os lisos cabelos peteados para trás e que ostentava um cavanhaque ralo. Usava dois brincos dourados na orelha esquerda e utilizava vários anéis nas mãos.

Ash – Estou esperando o meu pai... – sussurrou devido a sua fraqueza, então os olhos daquele homem perceberam a presença de mais duas crianças com ele.

Estavam tão unidos que o homem mal conseguiu distinguir que havia mais uma pessoa ali.

??? – Onde está seu pai? – indagou descendo da carruagem não se importando que chuva estragasse suas finas roupas ou que sujasse suas botas de lama.

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