Essence

Disfarces

Krait seguia em silêncio o amigo que adentrava cada vez mais naquela parte da cidade e aquilo o deixava inquieto. Não porque era um mau lugar, mas sim porque não era tão movimentado o que deixa as coisas muito suspeitas. Em uma de suas muitas olhadas para trás, o pequeno peixe viu um vulto loiro passar de trás de um barril para trás de uma enorme caixa.

Krait - Ei Tristan! – chamou atenção do amigo – Acho que aquela garota está nos seguindo – comentou com uma gota na cabeça ao perceber o quanto ela era péssima em se esconder.

Tristan - Não importa! Logo não precisaremos nos preocupar com isso – comentou sem dar muita atenção e nem mesmo virar o rosto para o lado.

Após mais alguns metros o garoto parou em frente ao que parecia uma pequena loja. Era uma construção toda feita de madeira que já parecia bem velha e podre. Os vidros empoeirados e as teias de aranha denunciavam isso. O letreiro caindo aos pedaços e fraca luz de dentro do estabelecimento indicavam que aquele lugar não era muito frequentado.

Krait - Que lugar é esse? – indagou confuso ao ver que Tristan já posicionava a mão sobre a velha maçaneta da porta.

Tristan - Esse lugar foi mencionado pelo sétimo Lorde da Água no livro – ia forçando a porta que parecia estar emperrada – Aparentemente essa loja pertence à família dele – conseguiu abrir revelando um lugar escuro, cujas velas quase não eram o suficiente para iluminar.

Aquele lugar na visão de Krait era apenas um depósito de tralhas todo empoeirado. Entretanto, aquele local era uma loja de artigos para aventureiros. As prateleiras cheias de itens cobertos pelo pó e a grande quantidade de recursos entregavam isso. Tristan caminhou até o balcão e bateu no mesmo, como se batesse em uma porta, porém, ninguém veio atender. O ar gelado e sombrio daquele lugar era desconfortável para Krait que podia jurar estar sendo vigiado por olhos assassinos.

Krait - Ei Tristan não tem ninguém aqui, vamos embora – chegava mais para perto do amigo parecendo uma criança assustada.

Tristan - Para com isso idiota! É claro que tem, não consegue sentir essa essência ameaçadora? – foi só então que o pequeno peixe percebeu que havia uma grande essência no local e não era a de Tristan.

Krait - Você tem razão, nem havia reparado – correu os olhos pelo local procurando o dono de tal essência – Não é à-toa ele ter uma essência tão poderosa assim, afinal ele é um descendente do Lorde da Água – comentava.

Tristan - Está errado! Ele não é – surpreendeu Krait – Você não pode ver, mas essa essência não é do elemento água – comentava olhando fixamente para a porta que ficava atrás daquele balcão.

Krait - Como assim? Você não tinha dito que essa loja era da família de um Lorde da Água?! – não entendeu aquela situação.

Tristan - É verdade, mas algo não está certo – colocava a mão para trás tentando alcançar seu tridente – A essência que está causando esta enorme pressão é uma essência do ar – aquilo novamente surpreendeu o amigo.

Krait - Ar? Pensei que pessoas de Aerobia não pisassem em Hydrus – começou a ficar mais atento, afinal as situações entre os reinos não eram as melhores e ataques podiam vir de onde menos esperavam.

Os dois então puderam ouvir passos vindos daquela porta, seguidos de um longo bocejo e logo após puderem ver um jovem rapaz cruzar a porta se espreguiçando. Era um garoto pouco mais alto que o balcão e tinha a pele levemente bronzeada. Seus cabelos eram completamente brancos, espetados e bagunçados para trás enquanto uma única mecha, na parte da frente, ficava penteada para o lado direito, mas ainda sim tinha seus fios rebeldes que caiam sobre a testa por entre os olhos. As luzes das luminárias iluminaram o rosto do garoto permitindo ver seus olhos de cor púrpura brilhando sob a luz. Parecia ser uma criança comum, vestia-se com as roupas mais simples o possível, calças de couro, camisa levemente aberta no peito e um colete marrom que era amarrado na cintura por uma corda. Ao ver que se tratava de uma criança Tristan recuou e não puxou sua arma.