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Capítulo 39

Wuxian

Na manhã seguinte, Wuxian e eu fomos juntos devolver o barco alugado. Ficamos tentando adivinhar quanto ele teria que pagar por ter ficado com a embarcação mais tempo do que deveria. Nossa estimativa no momento: um montão de dinheiro.

— Sabe, estava pensando. Provavelmente vou ter que me consultar com uma fonoaudióloga para dar início ao meu tratamento. Isso significa que vou ter que ficar em Los Angeles por um tempo. Para me reunir com a banda e começar a reconstruir a minha carreira. Sei que você tem as aulas...

— É a distância — cortei. — Posso assistir às aulas de qualquer lugar e pegar um voo de volta, se for necessário.

— Você vai comigo? — perguntou ele, surpreso.

Segurei sua mão e a apertei duas vezes. Ele deu um suspiro de alívio.

— Isso me deixa muito feliz. Vai ser mais fácil com você ao meu lado, sabe? Tudo fica mais fácil.

Estacionamos diante da He’s Boat, e eu não consegui deixar de sorrir para o velho cachorro que latia no portão da frente. Enquanto subíamos os degraus para a entrada, fui até ele e comecei a afagá-lo, até que ele parou de latir. Bom garoto.

— Já estive aqui algumas vezes, e nunca o vi tão quietinho — brincou Wangji.

Quando entramos, fomos recebidos por um rapaz que devia ter a nossa idade ou um pouco mais.

— Oi, Wangji, que bom vê-lo de novo — cumprimentou o cara, caminhando até o meu namorado e dando um tapinha nas costas dele. — Mas acho que a gente ainda não se conhece.

— Ele estendeu a mão para mim. — Sou o Peng. Administro esse lugar com o meu pai.

Apertei a mão dele.

— Prazer em conhecê-lo. Eu me chamo Wei Wuxian.

— Meu pai disse que, se quiser, pode dar uma volta nas docas para ver alguns barcos. Ele está terminando uma ligação agora e vai te encontrar lá trás.

— Tudo bem. Obrigado, Peng — agradeceu Wangji.

— Isso te incomoda? — perguntei. — Estar perto dos barcos? Prefere esperar na frente da loja?

— Não. Isso só me incomoda nos sonhos. Estou bem.

— Tudo bem. — Olhei para as nossas mãos e sorri. — Estranho, não é? Estamos fora de casa, de mãos dadas. Estamos fora de casa juntos.

Ele me puxou para mais perto e roçou o nariz no meu.

— É incrível, não é?

Era mais incrível do que ele poderia imaginar. Sonhei com esse dia durante muito tempo.

A porta da loja se abriu, e um homem mais velho saiu, fumando um cigarro. O cachorro começou a latir de novo.

— Que inferno, cale a boca, Wilson! Shhh! Shhhh! Droga de cachorro.

Meu corpo se retesou. Wangji olhou para mim.

— Você está bem?

Shhh... Shhh.

Assenti.

— Estou. Desculpe. Às vezes, tenho uns flashbacks.

Ele franziu o cenho e ficou me analisando.

Forcei um sorriso.

— Está tudo bem. Sério.

— Tudo bem — respondeu ele, atencioso.

O silêncio das águas Onde histórias criam vida. Descubra agora