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Capítulo 2

            Lan Wangji

            Eu odiava Wei Wuxian!

            Gostaria que houvesse uma palavra melhor para descrever o que eu sentia pelo garoto irritante e tagarela que ficava me seguindo por aí, mas ódio era a única coisa que vinha à minha cabeça quando ele aparecia.

Eu não deveria ter dado aquele abajur para ele anos atrás. Deveria simplesmente ter fingido que aquele garoto não existia.

            — Por que ele tem que ir? — resmunguei, guardando a linha, as boias, as chumbadas para pesca e os anzóis na minha caixa de equipamentos.

            Nos últimos dois anos, meu pai, meu irmão mais velho, Huan, Cheng e o novo pai dele, Changze — ou Sr. Wei, como eu o chamava — viajamos muitas vezes para pescar. A gente fazia uma caminhada de uns quinze minutos até o lago Harper e ficava no barco do Sr. Wei, rindo e contando piadas. O lago é tão grande que, mesmo forçando a vista, é difícil ver a outra margem, onde ficam as lojas da cidade.

Cheng e eu tínhamos o hábito de tentar distinguir os prédios, tipo a biblioteca, a mercearia e o shopping. Depois disso, a gente se esforçava para pegar algum peixe. Era um dia só para os alfas, e a gente comia um monte de besteira e não se importava se ia passar mal. Era a nossa tradição, mas aquilo estava sendo arruinado por um garoto ômega idiota de dez anos que vivia cantando e rodopiando por aí. Wei Wuxian era a definição de irritante. É sério. Quando procurei seu nome no dicionário, encontrei a seguinte definição: “O meio-irmão irritante do Cheng.”

            Eu mesmo devo ter escrito aquilo, e minha mãe brigou comigo por ter feito isso em um livro, mas, ainda assim, era a verdade.

            — Meus pais disseram que ele tem que vir — explicou Cheng, levantando sua vara de pescar.

— Minha mãe vai levar a Yanli ao médico, então não tem ninguém para ficar com ele.

            — Ele não pode ficar trancado em casa? Seus pais poderiam deixar um sanduíche de pasta de amendoim e geleia e uma caixa de suco ou algo assim.

            Cheng riu.

            — Quem dera. Isso é tão idiota.

            — Ele é idiota! — exclamei. — Enfiou na cabeça que vai se casar comigo no bosque. Ele é maluco.

            Huan riu baixinho.

            — Você só está dizendo isso porque gosta dele.

            — Eu não! — gritei. — Que nojo. O Wei Wuxian me deixa enjoado. Só de pensar nele tenho pesadelos.

            — Você só está dizendo isso porque gosta dele — repetiu Huan.

            — É melhor você calar a boca antes que eu mesmo faça isso, imbecil. Ele disse que é você que está espalhando que eu gosto dele! É por sua causa que ele está achando que a gente vai se casar.

            Ele riu.

            — É, eu sei.

            — Por que você está fazendo isso?

            Huan deu um tapinha no meu ombro.

            — Porque sou seu irmão mais velho, e os irmãos mais velhos devem atormentar os caçulas. Está no contrato entre irmãos.

            — Eu nunca vi esse contrato. Nem assinei nada.

            — Você é menor de idade, então a mamãe assinou por você, dã.

O silêncio das águas Onde histórias criam vida. Descubra agora