Amor Previsível

Capítulo 1

Olhei no relógio do meu escritório vendo que meu expediente já havia acabado há dez minutos. Fechei meu notebook, guardando-o na gaveta da minha mesa e me espreguicei na cadeira. O dia hoje havia sido agitado e eu estava com fome.

— Senhorita Sarah? — minha secretária chamou batendo em minha porta.

— Pode entrar Jenny! — informei vendo-a entrar na sala.

— Já estou de saída, precisa de mais alguma coisa?

— Não Jenny, pode ir. Eu já estou indo embora também.

— O pessoal vai sair para comer em um restaurante aqui próximo. A senhorita quer ir?

— Adoraria. — falei me levantando da cadeira. — Mande o endereço por mensagem, por favor, que eu vou para lá em seguida.

— Claro senhorita. Até.

Ela saiu da sala e calcei meu salto fino. Ajeitei minha saia lápis juntamente com minha blusa de manga longa e frouxa, pegando minha bolsa em seguida.

— Vai jantar com a galera? – assusto-me ao me deparar com Nicolas assim que saio de minha sala.

— Que susto garoto! — ele rir cruzando os braços e endireito meu corpo. — Porque? Você vai?

— Se eu disser que vou, você...

— Não vou. Ter que aturar você aqui na empresa já é castigo demais.

— Eu poderia dizer o mesmo. — murmura com deboche e reviro meus olhos.

— Você pode ir na próxima vez.

— Eu com certeza iriei na próxima vez. — afirma e respiro fundo passando por ele.

Nicolas Cook é meu "colega" de trabalho. Na verdade, eu e ele vivemos como cão e gato aqui. Ele é mulherengo, do tipo de homem que se acha a última água do deserto. O tipo de homem que eu não suporto. Mas apesar de não nos darmos muito bem, somos bons no que fazemos.

Desenhar casas é nosso talento. A primeira vez que o vi foi na nossa entrevista de trabalho. Ele não havia trazido caneta e me pediu emprestado, usando o charme que ele acha que tem, prometendo me compensar pela gentileza. Desde aí, procuramos viver cada um no seu lugar.

No entanto como já deu para perceber, ele não consegue ficar um dia sem implicar comigo. Ele tinha prazer em ser o último a dar a palavra e me de alfinetar. Eu apenas respirava fundo para não cair nas suas armadilhas.

Recebo a mensagem de Jenny, e sigo para o restaurante ali perto. O grupo todo da ala onde eu trabalhava estava ali. Cumprimentei todos e me sentei em um lugar reservado para mim começando a comer e beber como todos.

Alguns minutos depois após uma pequena saída para ir ao banheiro retocar o batom, dei de cara com ele, Nicolas. Ele gargalhava e sorria sentado na cadeira onde eu estava. Respirei fundo, e me dirigi a ele cruzando os braços. Sua cabeça virou me olhando e vi seu riso sacana.

— Ah não... Isso já está virando perseguição. — ele reclamou e vinquei minha testa.

— Como?

— Você está me seguindo? Como sabia que eu estaria aqui? — perguntei e soltei um riso desacreditada.

— Como você sabia que eu estaria aqui. Eu estava aqui primeiro e é você que está sentando na minha cadeira.

— Sua cadeira?

— Sim! Minha bolsa está aqui. — Informei percebendo todos ali observar nossa briguinha de quinta série.