𝟘𝟙. 𝔽𝕣𝕚𝕖𝕫𝕒

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Antes mesmo de todos despertarem, Rhaenyra já estava na Sala da Mesa Pintada, contemplando a antiga mesa. Os riscos envelhecidos na madeira, tão duradouros quanto o próprio tempo, davam à peça uma sensação de história e peso. A cera seca que revestia a superfície parecia ter se fundido com os contornos desgastados, como se o passado estivesse impresso ali de forma indelével.


Seus dedos calejados repousavam sobre o desenho esculpido de King's Landing, uma cidade que continha tanto da sua vida e dos eventos que moldaram seu destino. Sua mente e seu coração estavam ligados àquela representação intricada. Parte de Rhaenyra residia ali, na cidade que testemunhou triunfos e tragédias. Parte dela havia apodrecido ou se transformado em cinzas, assim como o seu amado pai, Viserys. Viserys, o Pacífico, que agora jazia no passado.


— Rhaenyra – a voz de Daemon rompeu sua introspecção. Ela não se virou, permaneceu ali, seus olhos fixos no contorno da cidade. Daemon, sempre ao seu lado, pronto para lutar, para ir à guerra por ela e pelos filhos que compartilhavam.


— O que fizeram com o corpo dele? – ela indagou, seus olhos ainda perdidos nas minúcias do desenho – Teriam queimado? Ou será que o deixaram para apodrecer nas criptas? Quem teria acendido o fogo? A tradição dita que o primogênito acende a pira.


— Não perca seu tempo nesses pensamentos sombrios, você ainda está fraca. Não deveria nem estar em pé – a voz de Daemon era gentil, preocupada. Ele segurou seus braços doloridos, acariciando-os e depositando um beijo em seus cabelos soltos, sem preocupação com penteados elaborados.


— Visenya – Rhaenyra sussurrou, como se pronunciar o nome invocasse uma parte do futuro incerto. Daemon continuou a acariciá-la, inclinando a cabeça para olhar seu rosto. Os olhos violeta deles se encontraram, um entendimento mútuo entre marido e mulher.


— Visenya... – Daemon sorriu suavemente, como se a simples menção desse nome trouxesse uma promessa de esperança e resistência para enfrentar os desafios que ainda estavam por vir.


As portas da sala se abriram e ambos direcionaram seus olhares para a entrada. Seus Mantos Brancos, Steffon e Lorent, entraram acompanhados de outro membro da Guarda Real. O novo Manto Branco estava visivelmente cansado e sujo, provavelmente tendo escapado de King's Landing de barco, numa fuga tumultuada.


— Altezas. Sor Erryk Cargyll – Sor Lorent apresentou o irmão de juramento com um tom respeitoso. Daemon posicionou-se à frente de Rhaenyra, como um escudo protetor, mantendo-a atrás dele como um dragão guardando seu tesouro.


Erryk curvou-se em um gesto de honra e reverência. O rapaz, de cabelos loiros escuros, olhos que lembravam a vastidão dos oceanos e pele marcada por batalhas, aproximou-se e ajoelhou-se perante os Targaryen.


Com cuidado, ele retirou uma coroa de uma simples bolsa de couro. A coroa que pertencera a Viserys, irmão de Daemon e pai de Rhaenyra.

𝐄𝐜𝐡𝐨𝐞𝐬 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐨𝐧 - 𝐏𝐫𝐢𝐧𝐜𝐞𝐬𝐚 𝐕𝐢𝐬𝐞𝐧𝐲𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora