Bombom

1K 167 234
                                        

Invadir a privacidade de alguém era complicado. Querer entender o que ele ocultou dos demais não lhe dava o direito de abrir a porta. A única coisa que poderia fazer é chamar ao bater.

— Capitão...? — toc toc toc. O chamado pelo comandante precedia as três batidas na porta, assim como Jeongguk costumava a fazer para não invadir de repente um espaço, mas, Taehyung não obteve resposta. — Capitão?

Repetiu as batidas e o Capitão-de-Mar-e-Guerra sequer lhe respondeu. Então, Taehyung abaixou a cabeça diante da porta e esperou mais um pouco, na esperança de que o Jeon viesse.

Bem, isso não aconteceu.

— Deixe na porta — Seokjin instruiu chegando ao seu lado e Taehyung olhou-o chegar —, ele pode estar ocupado agilizando outras complicações de responsabilidade dele.

— Ok... — Taehyung deu de ombros — Pode ser.

Se agachou ao chão e deixou o rádio por ali. Confiava que o amigo de Jeongguk soubesse o que estava fazendo, então não o questionou. Fez isso e saiu.

— Você viu se tem algum banheiro pela casa? — Jimin levantou da cadeira e andou até Taehyung.

— Eu passei por um — respondeu Taehyung.

— Tem vaso sanitário?

O Kim assentiu, mas abriu um parêntese:

— Eu só não reparei o estado.

— Migo, é emergencial. Fica com as minhas coisas enquanto isso, por favor? Eu tô cheio de gases.

— Aham.

Jimin tirou o capacete, folgou as calças e entregou o fuzil com a bandoleira para Taehyung. Este colocou tudo sobre a mesa e sentou na beirada da mesa, realmente descansando após os últimos acontecimentos. Sua mente estava cheia e sequer conseguiu tirar sarro de Jimin num piriri correndo ao banheiro. De repente, se viu sozinho naquele cômodo e então preferiu estar com alguém. Esse sentimento lhe fez agarrar todas as coisas de Jimin jogadas pela mesa da sala e retirar dali, jogando na também empoeirada mesa da cozinha. Ao menos, nesta havia cadeiras para aguardar. Com Seokjin, que assobiava andando de um lado para o outro, provavelmente esperando o desenrolar dos fatos, achava que estava melhor que sozinho.

Uma coisa não poderia negar, eles ficavam meio perdidos sem Jeongguk entre eles. Ele era um exímio líder. Dava certa segurança.

— O senhor é casado, Capitão-de-Fragata? — Taehyung perguntou-o, jogado na cadeira e apoiado sobre a mesa. Estava afim de puxar assunto e quebrar o silêncio, embora visse que Seokjin não usava nenhum anel de compromisso ou falasse de alguém, podendo facilmente chutar a resposta para a própria pergunta.

— Eu sou solteiro.

— Há muito tempo?

Seokjin abriu a geladeira da casa abandonada e se deparou com alimentos tomados por uma superfície verde. Tapou o nariz e fez uma cara estranha por causa do odor. Taehyung também franziu o nariz com o fedor enquanto esperava a resposta dele. Estava tudo estragado.

— Eca... — Seokjin bateu a porta da geladeira enojado e então respondeu: — Eu nunca namorei.

Comentou sem vergonha aparente.

— Sério? Por qual motivo? — o Kim não conseguiu esconder a curiosidade num primeiro momento, mas depois que as palavras saíram de sua boca, parou e pensou que não tinha mal algum nisso. — Na verdade, está tudo bem. Antes ser solteiro do que estar em um relacionamento ruim.

Seokjin sorriu fraco. Ele sempre se surpreendia quando as reações fugiam de lhe classificar como um alienígena.

— Boas palavras.

Ultramar [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora