Daqui pra frente

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A notícia de que Taehyung havia sido atingido caiu como um peso enorme na base. Jeongguk, certamente, foi o mais atingido, mas isso não aconteceu logo após a propagação do ocorrido. A notícia tardou um pouco para chegar nele, pois havia surgido a oportunidade de se reunir com o Ministro da Defesa de forma remota. A reunião perdurou por bastante tempo e puderam trocar dados sobre como hoje a Coreia estava pronta para responder a possíveis ataques bélicos. A última vez que Jeongguk conferiu as horas durante a reunião, eram 21:14, e ele com certeza saiu dela mais tarde que isso.

Quando retornou às atividades da base, descobriu a notícia que circulava. Sua intenção era comunicar Liu que havia terminado e que, a partir daquele momento, poderia cobri-la em alguma coisa ou outra. Motivado por esse cenário, ele então procurou a comandante norte-americana na sala principal na noite intensa.

Quando ele chegou, todos os fuzileiros dispensáveis se retiraram a pedido da autoridade superior deles. Jeongguk percebeu que havia algo errado desde que Liu quis ficar sozinha consigo na sala, pois conseguimos medir o nível de gravidade de uma conversa quando a pessoa tenta ser suave com tudo. As sutilezas são como preparar o terreno. Liu estava sendo suave, amortecendo cada palavra e obviamente demonstrando algo errado. Ela rodou, rodou e rodou, até dizer que Taehyung havia sido ferido em campo. 1

Jeongguk riu. Ela não parecia estar falando sério… ou estava?

— Não está falando sério, está? — e seu riso morria aos poucos.

— Eu… Eu estou sim, comandante…

— Espere — pediu, enriquecendo a postura —, como assim, comandante Liu? Não pode me dizer uma informação incompleta como essa e achar que só isso me satisfaz.

— Comandante, o seu fuzileiro foi baleado na coxa. Como o campo estava em troca de tiros, Taehyung não estancou o sangue de imediato e foi preciso a transfusão de sangue por conta da hemorragia externa. Com sorte, tínhamos reforços suficientes para que pudessem levá-lo até o hospital.

— E o projétil?

— Não houve profundidade — ela garantiu e Jeongguk ainda parecia assimilar. — O projétil não causou fratura ou outros comprometimentos ao Capitão-Tenente Kim.

— Ele está consciente?

— Está, está sim. Está socorrido e estável.

— Consigo falar com ele?

— No momento, não. A equipe hospitalar recomendou repouso ao menos por hoje.

Ela lhe passava o panorama e, em paralelo, Jeongguk ia caindo na real. Inevitavelmente, o comandante estava apreensivo. Ele perguntou como isso tudo aconteceu e Liu disse que não tinha muitas informações. Liu chegou a tropeçar nas próprias palavras por um momento, porque Jeongguk estava prestando atenção demais em cada palavra que ela dizia, por considerar todo detalhe importante, entretanto, chegava a ser intimidador o contato visual tão notório da parte dele. Dava para ver que ele estava muito preocupado por cada coisa falada. Em dado momento, ele engoliu em seco e colocou a mão sobre a própria testa, sem acreditar. Arrastou uma cadeira e sentou-se, pedindo para que ela começasse a explicar tudo, do início, porque o pensamento começou a voar para bem distante em alguma parte. Zonzo, zonzo… 

Ela repetiu, de pé. Já ele, tinha precisado sentar naquela cadeira. Apesar de estar ali, Liu não conseguia dar conta de muita coisa ao mesmo tempo e listou o que ainda era preciso fazer. Nenhum dos dois estavam à toa, mas o responsável por Taehyung, era Jeongguk. Ele, por sua vez, não prestou muita atenção em nada. Ele ouviu fragmentos, apenas fragmentos do que foi dito. E quando Liu saiu da sala, Jeongguk também nem estava escutando qual era a motivação dela ou se ela voltaria em breve. 

Ultramar [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora