Seokjin fez uma negação com a cabeça. Nem com todas as suas forças poderia cobrir Jeongguk e dizer a Jimin que aquela era uma interpretação errada. Quando vemos uma pessoa querida metendo os pés pelas mãos, é uma situação difícil. O que estava acontecendo era nítido. Viam com seus próprios olhos a malícia, onde realmente tinha. Era uma daquelas situações em que você vê logo pensa: "Ah, mas é óbvio que aí tem!"
— Eu acho que... — Jimin murmurou. — Também está vendo isso?
— Devemos voltar — Seokjin não respondeu propriamente àquela pergunta e só pegou pelo ombro do fuzileiro Park Jimin para darem meia-volta antes de verem além da conta, mas o peso de seus corpos girando fez crepitar o chão cheio de pedrinhas com solado de seus tênis
Chamou a atenção de todos, claro.
Pelo cochicho e barulho, foi daí que ambos os lados se viram — aqueles que praticavam a ação duvidosa e os que interpretavam isto de maneira certeira. — Jeongguk até deu uma afastada, recuou para trás, sabendo que estava em uma ação suspeita, distância suspeita, olhar suspeito, todo suspeito.
Puta que pariu, ele poderia pensar.
E nem foi apenas este. Taehyung também sacou rapidamente a merda armada, e como proceder?
Eles pensaram rápido. Agiram como se nada estivesse acontecendo, como se não estivessem de fato sendo observados com desconfiança. E quando algo do tipo acontece, é preciso uma saída para enrolar. Com o cigarro já aceso, Jeongguk fez-se de desentendido:
— Bom ver vocês — ele mentiu alto o suficiente para que os outros conseguissem ouvir a metros de distância, como se estivesse mesmo com a pretensão de vê-los agora. O seu coração dava uma leve acelerada pela surpresa e pela necessidade de fugir de uma má interpretação, mas teve de ser convincente para conseguir engatar uma saída e investiu confiança nisso, ajeitando sua postura e falando sério. — Temos uma reunião a fazer. Brevíssima, por sinal. Quanto antes começarmos, mais rápido vocês estarão liberados para aproveitarem as últimas horas da folga.
— Vai ser externa? — Taehyung perguntou-o, validando a postura de quem não tinha necessidade de explicar coisa alguma, reforçando a normalidade. — Podemos sentar perto da lâmpada. É mais iluminado ali.
Apontou para a direção com o cigarro entre os dedos e sem querer mostrou que estava tremendo. Daí, abaixou rápido a mão.
Ambos os dois se esforçaram para emplacar outra narrativa.
— Eu acho uma boa solução para não apagar o cigarro. Pode ser — respondeu o Jeon. — Dá pra ser ou está difícil?
Exigiu alguma reação de Jimin e Seokjin.
Aquele foi o momento em que os fuzileiros acordaram para a vida. Perceberam que não tinham coragem de comentar nada sobre o que viram, sequer tinham rápidas respostas, então, acataram a reunião da maneira que fosse, com acenos de cabeça completamente desconcertados enquanto gastavam seus miolos processando a informação latente de que alguma coisa acontecia bem debaixo de seus narizes.
Jeongguk já não tinha tanta vontade de se reunir naquela noite, mas não poderia deixar isso passar batido. Quando foram para um canto, às claras, se deu conta de que nem a roupa no varal terminou de pôr. Perdeu-se no papo com Taehyung e depois tropeçou em um problemão.
Taehyung soprava a fumaça para cima, pensando em como sair daquela situação e se enfiar de uma vez no muquifo de bar — provavelmente irregular — que Jimin encontrou.
Jimin se aproximou tão pasmo que nem conseguia disfarçar que olhava recorrentemente para Taehyung em busca de que o amigo contasse algo pelo olhar. Taehyung, por sua vez, não olhava com frequência. Não tinha pensado muito sobre nada, então não tinha como transparecer nada além de um estado de falsa neutralidade.
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Ultramar [taekook]
FanfictionUma operação militar nem tão desejada se torna o pontapé para que o comandante Jeon Jeongguk passe a ter o fuzileiro Kim Taehyung em sua equipe. Eles já sabiam de tudo: bater continência, deixar os pés juntinhos, perfilar-se, estufar o peito, coloca...