Sem sacrifícios, não há vitória - Parte 1

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Jeongguk havia estendido a mão e recebeu nela um pedaço de língua de boi. Levou à boca e comeu, mastigando a carne temperada e muito bem feita pela comandante Liu. Apesar do tempero, achou razoável, nada demais, mas Jimin havia comido rezando uma marmita que ganhou da norte-americana. Gostou tanto que, havia deixado apenas alguns pedaços da carne para os colegas também provarem.

Já que o comandante foi um tanto blasè, ele esperava que Taehyung concordasse mais com o seu paladar. Quando viu o amigo vindo, logo se animou. Cobriu o pedaço de língua de boi no papel toalha e escondeu atrás das costas, dizendo que tinha uma surpresa para o Kim.

— Abra a boca, mas feche os olhos também — pediu. — É a sua vez!

Taehyung desconfiou de algo ruim, mas Jeongguk estava mastigando alguma coisa na boca e sem fazer cara feia. Sinal de que, no mínimo, não era nada tão ruim assim. Decidiu confiar. Ele então cumpriu com o pedido, sendo um degustador e logo recebendo a carne ainda quentinha depois de abrir um bocão e fechar os olhos, apertando as pálpebras com receio de ser uma barata ou coisa do tipo.

Depois de que Jimin colocou a língua de boi cozida na boca de Taehyung, este foi logo mastigando e passeando a própria língua na língua bovina.

— Mas o que é isso? — ele perguntou mastigando e abriu seus olhos.

— Língua — Jimin respondeu. — Não é a da sua ex, mas serve?

— Rá, rá, rá... — Taehyung se esforçou numa gargalhada anasalada ao tirarem sarro de sua cara. Sabia que o Jeon estava por perto e isso tornava tudo muito pior. Depois de mastigar, engoliu e comentou limpando a boca com as costas da mão: — Língua de quê? De boi?

— É.

— Saborosa... Mas sério, ô saudade de uma língua humana na minha boca.

— Trocar saliva, né? Também queria.

— Pois é... Um carinho na alma. Poxa, ouvir um "eu te amo"... — ele disse todo romântico sobre suas saudades, mas logo se percebeu sendo profundo demais e balanceou: — Uma virilha suada também, ou se sentir assim.

Reproduziu a expressão mais próxima possível a de um orgasmo e puxou o ar entre os dentes. Jimin estava rindo das últimas coisas ditas. Deu um empurrão no ombro do Kim, enquanto Jeongguk, claro, prestava atenção naquela expressão a uns três metros de distância deles. De canto dos olhos, como quem não queria nada, ele viu a safadeza expressa. Ultimamente, algum espírito do tesão parecia assombrar sua equipe, mas ele entendia que cada um tinha um jeito próprio de lidar com a falta de uma coisa ou outra, e que era normal sentirem cada vez mais vontade num estresse danado.

No fim das contas, Jimin e Taehyung eram só dois amigos falando besteiras, mas, de certa forma, o comandante Jeon estava ficando um pouco distraído ouvindo a conversa alheia. Então, Jeongguk acabou se distanciando ainda mais.

Mergulhando no local de trabalho, obviamente se tornava mais sério e crítico. Não desperdiçava tempo e corria contra este. Acabava de atravessar a rua e andou alguns metros na calçada até parar e observar sua equipe junto aos norte-americanos. Dedicou tempo para uma atividade importante: observar. Como um técnico observa um time em campo, Jeongguk queria ter uma visão do todo. Ver o seu grupo de uma outra ótica, a fim de ajustar ou contornar os últimos detalhes se assim fosse necessário.

Pelo visto, talvez aquela conversa dos capitães Kim e Park não os tivesse levado a lugar algum. O Jeon pôde ver que em poucos minutos depois, Taehyung começou a se aquecer, e Jimin foi outro que deu sequência ao seu trabalho também. Eles tinham plena ciência de que não era proibido uma descontração aqui e outra acolá, mas que também precisavam suar a camisa.

Ultramar [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora