Decisão conjunta

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Quinze minutos de pausa de um horário de almoço... Era apenas isto que sobrava para Jeongguk e Seokjin. Às vezes, os dois entravam e saíam de um assunto, voltando para o mesmo, em pouco tempo depois de saírem. Sendo bons e velhos amigos, eles se conheciam bem, até em códigos. Se localizar no meio de um contexto dado não era um problema. Após levarem pratos, talheres e canecas para o pessoal que tomava conta da cozinha, conversaram em meio a escovação de dentes e depois foram andar sem rumo pela base temporária. Ainda que de barriga cheia, inventaram de subir numa árvore e por lá ficaram, desistindo de continuar a caminhada sem destino que mal durou. Seokjin apenas tinha encostado no tronco da árvore, olhado para cima e traçado um jeito de subir na árvore. Jeongguk ajudou-o, resolvendo subir na frente e se ferrando se assim fosse para ser. O Capitão-de-Mar-e-Guerra e então comandante, escolheu um galho relativamente baixo e firme, dando um pulo para alcançá-lo. Foi logo apoiando o solado do coturno de maneira firme ao tronco e então foi subindo, conseguindo sucesso na escalada. Seokjin repetiu o processo. Foi moleza, mas ficou em galho diferente diante do risco de caírem, sobrecarregando a pobre árvore.

Quando alguns norte-americanos saíram da sala de reuniões, foram tomar um ar e acabaram se deparando com eles dois. Foram até a sombra da árvore sem frutos, apreciaram a linda copa toda verdinha da árvore que se mostrava a melhor dali e cumprimentaram o comandante. Eles — os militares norte-americanos —, passaram alguns minutos na sombra da árvore, papearam bem pouco com os sul-coreanos. De lá, saíram depois de dizerem que na sombra estava fresquinho, mas que tinham de ir, porque Liu estava o cão por conta de alguns estresses. Alguns cumprimentos foram feitos e, com isto, eis que surgia novamente a oportunidade de que Jeongguk e Seokjin pudessem retornar ao assunto, resgataram de onde pararam. 

— Mas voltando ao assunto... — o Jeon dissera. — Não estou justificando, nem dizendo que fui santo, mas eu estava e ainda estou me sentindo bem sozinho.

Confessou, do fundo do coração e sem amarras.

— Falando sério, foi bem grave... Se você estava começando a ter dúvidas, o término deveria vir antes, Jeon.

— Disso eu sei, Jin...

Seokjin se acomodou melhor no galho em que estava e bambeou sobre este. Balançou as pernas, mas também não arriscou se mexer demais.

— Dito isso, eu acho que não tem problema se você ficar junto dele em alguns momentos. Tipo, você poderia estar com ele agora, sabe? Nesse exato momento. Digo isso porque você está aí falando sobre essa coisa de solidão e tal, mas não age.

— E nem vou. Eu não queria normalizar essas coisas... Nunca quis. Nunca nem me envolvi com uma pessoa daqui, do nosso meio. É muito claro que, para mim — apontou para si mesmo, numa ênfase —, eu devo manter determinada conduta. Aqui não é lugar pra ficar de "namorinho". Não quero me ver favorecendo o fuzileiro de alguma forma, entende? Não quero ter de pensar duas vezes antes de exigir que ele vá resolver alguma demanda lá no quinto dos infernos e com altas chances de nem voltar vivo — fez uma suposição fria, exemplificando situações que poderiam muito bem acontecer.

— Mas não consegue separar uma coisa da outra? Bem, eu e você somos grandes amigos e, mesmo assim, já me exigiu dar conta de grandes complexidades. Você soube lidar e não me livrou de poucas e boas... Bem que eu queria! Mas não, você continuou firme, como foi preciso.

— Acho que a nossa amizade não interferiu nas minhas tomadas de decisões porque eu já te colocava em risco antes de sermos amigos. Com ele, me vejo criando um vínculo ao mesmo tempo em que preciso tomar decisões.

— É um pensamento confuso...

— Mas você entendeu um pouco?

— Não muito, mas, sei que você quis a fruta mais alta da árvore, Jeon. Agora, vai precisar dar conta disso.

Ultramar [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora