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Depois de levar um esporro, todo mundo fica um pouco desnorteado e sem graça pela situação. A sensação é de um tremendo desajuste. Em algumas pessoas, a vergonha de si mesmo é branda. Em outras, mais severa. Os militares também não eram isentos desse sentimento tão humano, mas, sobretudo, sentiam a imensa vontade de provar o contrário. Taehyung fazia parte desse grupo dos que transformavam um sermão em vontade de mostrar o contrário, como de fato quis ao receber um sacode do Oficial Jeon. Queria mostrar que era digno de empunhar armamentos, de carregar a honra de estar nas Forças Armadas, de ser treinado e apto para ocupar o lugar que ocupa. Tendo assim, descontado aquela sede de mostrar serviço no grupo de fuzileiros escalados para o presente exercício de treinamento.

— Tá devagar, fuzileiros! — pressionou-os berrando em uma expressão em que suas sobrancelhas se juntavam e seu rosto assumia a coloração avermelhada. Suas cordas vocais já falhavam e sua garganta estava começando a ficar dolorida, acentuando o incômodo a cada vez que ditava palavras e em seu pescoço sobressaltava uma veia. — Sem descanso, até eu mandar parar, estão ouvindo?!

— Sim, senhor! — responderam todos juntos.

Faziam flexões de braço, sem os joelhos apoiados no chão. A mochila que eles carregavam nas costas acarretava lidar com a carga além do próprio peso nas flexões. O que já era difícil de manter após um tempo, ficava ainda pior com o peso extra. Juntos, desciam até quase encostar o queixo no chão, assim como subiam esticando toda a extensão do braço, fazendo valer de seus corpos treinados para aguentar situações extremas.

Taehyung chefiava caminhando entre as fileiras de militares, passando por cada um deles, assim como também se atentava aos já vistos e conferidos anteriormente, olhando para trás e aos fuzileiros mais distantes. Os braços que ele mantinha atrás das costas lhe dava certa imponência ao caminhar firmemente, parando aquele andar arrogante justamente ao ver um dos militares fora da sincronia imposta ao grupo.

— Indo até a porra do chão, fuzileiro — a ordem veio com autoridade explícita no tom de voz do Kim.

Ao mesmo tempo, Jeongguk passava e supervisionava um pouco mais distante aquele grupo em exercício com o Capitão-Tenente Kim Taehyung. Não esboçou nenhuma reação quando observou que, com o solado do coturno, Taehyung pisou nas costas de um militar, o levando a encostar complementarmente ao chão.

E então, Jeongguk pendeu levemente a cabeça para um lado, interessado no que poderia ver.

Lá, o fuzileiro em treinamento respondeu ao superior Kim:

— S-sim, senhor, Capitão…

O militar então se esforçou, mas ainda não estava dentro do ritmo que o Capitão-Tenente Kim exigia. Ele não abaixava o suficiente e sequer subia facilmente. Taehyung deu passos lentos e ficou de frente ao militar, abaixando-se lentamente até ficar bem próximo quanto à altura do outro que ao chão tentava realizar o exercício. De certo, Taehyung estava usando de sua autoridade para intimidar.

— O fuzileiro quer foder o grupo todo? O senhor é uma vergonha, fuzileiro. Lhe mandei encostar no chão, porra! 

Na testa de Taehyung, uma veia estava saltando, além daquela outra no pescoço por estar furioso. Seu desgosto pelo grupo era nítido, sem fazer questão de esconder a agressividade nas palavras. Era para ofender, para mexer com aquele grupo treinado, ativar um incômodo neles, tal qual o Jeon havia lhe ativado.

Numa escala de poder, Taehyung tinha em quem descontar aquele incômodo que sentiu. Doesse a quem fosse.

Em dado momento, Kim Seokjin se fez presente ao lado do comandante Jeon. Agora eram duas pessoas que, de pé, carregavam seus armamentos e observavam a soberania do Capitão-Tenente quanto ao grupo.

Ultramar [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora