Desafios Internos

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ALICE

Samuel entrou em minha sala sem ao menos bater na porta, sua expressão cerrada e as linhas de tensão marcando cada traço de seu rosto. Os punhos apertados e a mandíbula rígida denunciavam a raiva que ele lutava para conter. Seus olhos percorriam o espaço com uma intensidade furiosa, como se estivessem buscando uma saída para a tempestade que fervilhava dentro dele.

— A porra da polícia apreendeu meu caminhão. — Ele disse, suas palavras ecoando com a raiva subjacente.

— Certamente confiou nas pessoas erradas. — Falei calmamente, permanecendo sentada em minha cadeira, sem deixar transparecer qualquer tremor diante de sua explosão emocional.

Ele riu de forma nasalada, mas sem vestígios de humor.

— E quanto à sua equipe? Quem sabia do meu caminhão? — Ele parou à frente da minha mesa, sustentando o olhar.

— Nenhum dos meus funcionários tem conhecimento das suas drogas. — Falei, mantendo minha voz serena, apesar do confronto iminente.

— Como não? Suas prostitutas usam as drogas todas as noites com os clientes. — Ele cuspiu as palavras, como se tentasse me atingir.

Respirei profundamente, sabendo que homens como Samuel adoravam provocar uma reação.

— As minhas garotas não têm ideia da origem das drogas, nem de quem as fornece... — Mantive a calma em minha voz. — Elas apenas desempenham o trabalho delas, e as drogas são mais para os clientes do que para elas, concorda?

— Você confia tanto nelas assim? — Soltou uma risada irônica.

Eu não tinha certeza de quanto tempo conseguiria manter a serenidade.

— Da mesma maneira que você confia em sua equipe.

— Minha equipe está comigo há anos. — Ele voltou a percorrer a sala. — Diferente dos seus funcionários, que sempre parecem ser substituídos.

Eu permaneci em silêncio, apenas observando onde ele estava tentando chegar com isso.

— Vou interrogar seus funcionários. — Ele virou-se para mim novamente.

— E então todos ficarão cientes de quem está por trás do fornecimento das drogas. — Falei, dando a entender que era algo óbvio e que ele estava sendo ingênuo por não perceber isso.

— Bem, eu preciso descobrir quem me traiu. — Ele expressou, o foco voltando para mim.

— E se o motorista do caminhão não for confiável? Ele pode decidir abrir a boca e mencionar o seu nome. — Dei um alfinetada.

— Claro que é confiável, trabalha comigo há anos. Todos os membros da minha equipe prefeririam enfrentar a morte a me delatar.

Seu tom confiante quase me fez rir, mas eu sabia que subestimar alguém como Samuel era perigoso.

— Espero que esteja certo quanto a isso. Seria uma pena se suas suposições falhassem e você se visse em águas mais profundas do que imaginava. — Mantive um sorriso sutil, observando sua reação.

Ele parou por um momento, me olhando com um misto de desconfiança e ponderação.

— Você acha que está no controle, não é mesmo? — Ele se aproximou da minha mesa novamente, sua expressão agora mais sombria.

A infiltrada (romance lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora