BEATRICE PARKER
Despertei com o eco rítmico da máquina de monitoramento cardíaco. Ao abrir os olhos, a visão embaçada revelou a presença de uma máscara de oxigênio, que removi com cuidado antes de me confrontar com o ambiente asséptico do quarto branco. Uma dor latejante pulsava em minha cabeça, acompanhada pela inegável consciência de que estava em um hospital.
— Oficial Parker? — Uma voz surgiu, e meus olhos se dirigiram para um policial que, até então, parecia se dissolver na neutralidade das paredes. — Vou chamar um médico. — Sua voz saiu como um eco distante, enquanto ele se retirava do quarto.
O retorno do médico foi anunciado pelo arrastar silencioso de seus passos. Ele se aproximou, semblante sério.
— Como está se sentindo? — Perguntou, lançando um olhar atento.
— Como se tivesse sido atingida por um furacão. — Respondi, minha sinceridade pairando no ar.
Ele desenrolou pacientemente a narrativa sobre as complicações cardíacas desencadeadas pelo uso das drogas, a intervenção médica que se seguiu e a terapia intravenosa que buscou purificar meu sistema.
— Onde está meu chefe? — Interrompi, ignorando temporariamente a descrição técnica.
— Vou chamá-lo. — O médico deixou o quarto.
Minha tentativa de me erguer da cama revelou um corpo dolorido e uma cabeça que pulsava em protesto. Marcus entrou na sala, seu semblante carregando uma mistura de alívio e tensão.
— Conseguimos? — Indaguei ansiosa, buscando sinais de triunfo em seu rosto.
Um sorriso se formou em seus lábios.
— Samuel está preso. Iniciamos o interrogatório, sua confissão gravada sobre a produção das drogas e o site já são suficientes para alguns anos na cadeia. Mas ele solicitou a presença de um advogado. — Informou.
— Claro que solicitou. — Murmurei, antecipando os movimentos do vilão.
— Estamos investigando o ataque à Maya Kyed, ele se recusa a falar sobre isso. — Disse. — Maya teve alta hoje. Planejamos interrogá-la novamente.
— E Alice? — Perguntei, desviando o foco para outro ponto crucial.
— Está bem. Esteve aqui ontem, desferiu um soco em Samuel e machucou a mão.
Contive o riso, imaginando a liberação emocional que esse soco representou.
— Acho que ela queria fazer isso há muito tempo. — Marcus riu, compartilhando um momento de compreensão.
O médico retornou, segurando alguns papéis.
— Seus exames estão excelentes. Pode receber alta. — Anunciou, oferecendo-me os resultados.
Após trocar de roupa, deixei o hospital com Marcus.
— Deveria ir para casa descansar. — Sugeriu, assim que pisamos do lado de fora.
— Preciso ver Alice. — Afirmei, minha determinação persistente.
— Só tome cuidado, ok? — Alertou. — Alice pode não ser uma criminosa, mas não sei se é a pessoa certa para você.
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A infiltrada (romance lésbico)
RomansaEm meio às ruas sombrias de Los Angeles, a destemida policial Beatrice Parker assume uma missão arriscada: se infiltrar em uma boate notória como stripper para desvendar um esquema de drogas. Porém, quando Beatrice conhece Alice, a enigmática e sedu...